quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Carta sobre os novos processos contra professores

Curitiba, 15 de dezembro de 2007

Caros colegas, Professores e Funcionários,

Quando soubemos quem seria a nova Diretora Geral do Colégio Estadual do Paraná, tivemos uma grande esperança de que, enfim, teríamos uma gestão democrática na sua essência, independente de eleição ou não. Acreditávamos que a profª Madselva viria para fazer uma gestão de transição para a democracia, que seria uma passagem para um processo de eleições diretas para a escolha da direção. A profª Madeselva até chegou com este discurso, que aos poucos foi se transformando ao ponto de ela própria dizer “que nunca haveria eleições para Diretor Geral do Colégio Estadual do Paraná”, argumentando que o governo precisa de “alguém de confiança” para administrar uma instituição do porte do CEP, que recebe muitas verbas. Nas entrelinhas da fala da profª Madselva, ninguém, nenhum professor ou funcionário de nossa escola, seria “confiável” na visão do Governo do Estado. Mas nós, ao contrário, confiamos o nosso voto a este governo. A falta de confiança da diretora Madselva nos professores e funcionários se comprovou mais ainda com a sua forma de administrar: autoritária, unilateral. Não era o que esperávamos da parte de alguém que sempre se destacou por sua luta pela democracia na educação.

Nossa causa é justa: QUEREMOS DEMOCRACIA, algo que só se efetivará a partir da mudança da Lei 14231/2003 que atualmente impede que haja eleições diretas para a direção do Colégio Estadual do Paraná. Mas nossa luta é absolutamente injusta do ponto de vista da disparidade de forças, pois lutamos contra todo o aparato do Estado, que está sendo utilizado “com muita eficiência” pela profª Madselva que não tem medido esforços para se manter no poder: professores, funcionários sendo perseguidos, filmados pela P2 e processados administrativamente, difamados através da TV Paraná Educativa que tem mostrado apenas o lado do Governo. A profª Madselva diz que toda a nossa “revolta” é pelo fato de ela ter implantado o uso do livro ponto. A ela respondemos que o livro ponto do bom profissional é a sua aula dada.

Paulo Freire defende na sua Pedagogia do Oprimido a “ética que condena acusar por ouvir dizer, afirmar que alguém falou A sabendo que foi dito B, falsear a verdade, iludir o incauto, golpear o fraco e indefeso, soterrar o sonho e a utopia, prometer sabendo que não cumprirá a promessa, testemunhar mentirosamente, falar mal dos outros pelo gosto de falar mal”. Esta é a realidade na qual se baseiam os processos administrativos contra 10 (dez) professores, comprovadamente comprometidos com o ensino público de qualidade (Denílson, Elena e Cleusa – História; Malu, Camila, Dulce – Português; Geibe e Edilene – Química; Wanderley – Filosofia; Leisa – Geografia). Estamos indignados sim, mas com a falta de coerência de pessoas que teoricamente defendem a democracia, mas que têm uma prática muito distante de qualquer princípio que possa ser considerado propriamente democrático. Voltando a Paulo Freire, “posso não aceitar a concepção pedagógica deste ou daquela autora e devo inclusive expor aos alunos as razões por que me oponho a ela, mas o que não posso, na minha crítica, é mentir”.

Carta sobre os novos processos contra professores

Curitiba, 15 de dezembro de 2007

Caros colegas, Professores e Funcionários,

Quando soubemos quem seria a nova Diretora Geral do Colégio Estadual do Paraná, tivemos uma grande esperança de que, enfim, teríamos uma gestão democrática na sua essência, independente de eleição ou não. Acreditávamos que a profª Madselva viria para fazer uma gestão de transição para a democracia, que seria uma passagem para um processo de eleições diretas para a escolha da direção. A profª Madeselva até chegou com este discurso, que aos poucos foi se transformando ao ponto de ela própria dizer “que nunca haveria eleições para Diretor Geral do Colégio Estadual do Paraná”, argumentando que o governo precisa de “alguém de confiança” para administrar uma instituição do porte do CEP, que recebe muitas verbas. Nas entrelinhas da fala da profª Madselva, ninguém, nenhum professor ou funcionário de nossa escola, seria “confiável” na visão do Governo do Estado. Mas nós, ao contrário, confiamos o nosso voto a este governo. A falta de confiança da diretora Madselva nos professores e funcionários se comprovou mais ainda com a sua forma de administrar: autoritária, unilateral. Não era o que esperávamos da parte de alguém que sempre se destacou por sua luta pela democracia na educação.

Nossa causa é justa: QUEREMOS DEMOCRACIA, algo que só se efetivará a partir da mudança da Lei 14231/2003 que atualmente impede que haja eleições diretas para a direção do Colégio Estadual do Paraná. Mas nossa luta é absolutamente injusta do ponto de vista da disparidade de forças, pois lutamos contra todo o aparato do Estado, que está sendo utilizado “com muita eficiência” pela profª Madselva que não tem medido esforços para se manter no poder: professores, funcionários sendo perseguidos, filmados pela P2 e processados administrativamente, difamados através da TV Paraná Educativa que tem mostrado apenas o lado do Governo. A profª Madselva diz que toda a nossa “revolta” é pelo fato de ela ter implantado o uso do livro ponto. A ela respondemos que o livro ponto do bom profissional é a sua aula dada.

Paulo Freire defende na sua Pedagogia do Oprimido a “ética que condena acusar por ouvir dizer, afirmar que alguém falou A sabendo que foi dito B, falsear a verdade, iludir o incauto, golpear o fraco e indefeso, soterrar o sonho e a utopia, prometer sabendo que não cumprirá a promessa, testemunhar mentirosamente, falar mal dos outros pelo gosto de falar mal”. Esta é a realidade na qual se baseiam os processos administrativos contra 10 (dez) professores, comprovadamente comprometidos com o ensino público de qualidade (Denílson, Elena e Cleusa – História; Malu, Camila, Dulce – Português; Geibe e Edilene – Química; Wanderley – Filosofia; Leisa – Geografia). Estamos indignados sim, mas com a falta de coerência de pessoas que teoricamente defendem a democracia, mas que têm uma prática muito distante de qualquer princípio que possa ser considerado propriamente democrático. Voltando a Paulo Freire, “posso não aceitar a concepção pedagógica deste ou daquela autora e devo inclusive expor aos alunos as razões por que me oponho a ela, mas o que não posso, na minha crítica, é mentir”.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Caros colegas, Professores e Funcionários

Curitiba, 15 de dezembro de 2007

Caros colegas, Professores e Funcionários,


Quando soubemos quem seria a nova Diretora Geral do Colégio Estadual do Paraná, tivemos uma grande esperança de que, enfim, teríamos uma gestão democrática na sua essência, independente de eleição ou não. Acreditávamos que a profª Madselva viria para fazer uma gestão de transição para a democracia, que seria uma passagem para um processo de eleições diretas para a escolha da direção. A profª Madeselva até chegou com este discurso, que aos poucos foi se transformando ao ponto de ela própria dizer “que nunca haveria eleições para Diretor Geral do Colégio Estadual do Paraná”, argumentando que o governo precisa de “alguém de confiança” para administrar uma instituição do porte do CEP, que recebe muitas verbas. Nas entrelinhas da fala da profª Madselva, ninguém, nenhum professor ou funcionário de nossa escola, seria “confiável” na visão do Governo do Estado. Mas nós, ao contrário, confiamos o nosso voto a este governo. A falta de confiança da diretora Madselva nos professores e funcionários se comprovou mais ainda com a sua forma de administrar: autoritária, unilateral. Não era o que esperávamos da parte de alguém que sempre se destacou por sua luta pela democracia na educação.
Nossa causa é justa: QUEREMOS DEMOCRACIA, algo que só se efetivará a partir da mudança da Lei 14231/2003 que atualmente impede que haja eleições diretas para a direção do Colégio Estadual do Paraná. Mas nossa luta é absolutamente injusta do ponto de vista da disparidade de forças, pois lutamos contra todo o aparato do Estado, que está sendo utilizado “com muita eficiência” pela profª Madselva que não tem medido esforços para se manter no poder: professores, funcionários sendo perseguidos, filmados pela P2 e processados administrativamente, difamados através da TV Paraná Educativa que tem mostrado apenas o lado do Governo. A profª Madselva diz que toda a nossa “revolta” é pelo fato de ela ter implantado o uso do livro ponto. A ela respondemos que o livro ponto do bom profissional é a sua aula dada.
Paulo Freire defende na sua Pedagogia do Oprimido a “ética que condena acusar por ouvir dizer, afirmar que alguém falou A sabendo que foi dito B, falsear a verdade, iludir o incauto, golpear o fraco e indefeso, soterrar o sonho e a utopia, prometer sabendo que não cumprirá a promessa, testemunhar mentirosamente, falar mal dos outros pelo gosto de falar mal”. Esta é a realidade na qual se baseiam os processos administrativos contra 10 (dez) professores, comprovadamente comprometidos com o ensino público de qualidade (Denílson, Elena e Cleusa – História; Malu, Camila, Dulce – Português; Geibe e Edilene – Química; Wanderley – Filosofia; Leisa – Geografia). Estamos indignados sim, mas com a falta de coerência de pessoas que teoricamente defendem a democracia, mas que têm uma prática muito distante de qualquer princípio que possa ser considerado propriamente democrático. Voltando a Paulo Freire, “posso não aceitar a concepção pedagógica deste ou daquela autora e devo inclusive expor aos alunos as razões por que me oponho a ela, mas o que não posso, na minha crítica, é mentir”.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

AL tenta diálogo entre Seed e alunos

Alunos, pais e professores do Colégio Estadual do Paraná (CEP) tentam reestebelecer diálogo com Secretaria de Estado da Educação (Seed). Para isso, se reuniram ontem com o presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, deputado Péricles de Melo (PT). O grupo, que esteve na reunião, quer que o parlamentar auxilie na tentativa de solução da crise.
De acordo com o deputado, o objetivo da interferência da Comissão de Educação da Assembléia é tentar apaziguar o conflito. Ele disse que uma reunião com a Seed deve ser marcada para a próxima semana. “Tentaremos negociar sobre os processos administrativos contra os professores (inclusive sobre a professora que foi novamente afastada); discutiremos a proposta de alteração na legislação do colégio sobre os ajustes no processo de eleição para diretores. Enfim, vamos tentar encontrar solução para essa crise que se estabeleceu”, afirma.
De acordo com o grêmio estudantil do CEP, a reunião foi marcada com o deputado para tentar reabrir o canal de negociação com a secretaria. Além de insistirem para que o processo de eleição de diretores seja mudado para escolha direta, com participação de toda comunidade escolar -, eles reclamam que “não tem mais clima de trabalho com a direção”. “Agora está insuportável, tanto para os professores, quanto para os alunos”, comentam.
Ainda segundo um representante dos alunos, que preferiu não se identificar, outra reclamação é quanto à desorganização do fechamento das notas. “Eles fecharam o ano e pronto. Não comunicaram nada. Ontem era para ser feita a recuperação e foi um tumulto. Está tudo desorganizado. Algo precisa ser feito para resolver essa situação”, comenta o estudante.
AusênciaNa reunião, segundo o parlamentar, a presença da diretora do CEP, Maria Madselva Ferreira Feiges, era aguardada, mas esta não compareceu. A equipe de reportagem de O Estado procurou a diretora para que ela esclarecesse a ausência na reunião e a situação de crise. Porém, a equipe de Madselva informou que ela ficou em reunião, durante toda a tarde, e, por isso, não pôde atender.

DIRETORA AUTORITÁRIA CAUSA REVOLTA NO MAIOR COLÉGIO PÚBLICO DO PARANÁ11

11.12.2007
O Colégio Estadual do Paraná (CEP) é remanescente da época em que o Estado mantinha escolas públicas de alto nível nas quais se formavam os futuros dirigentes e pensadores da nação. Com 5.000 alunos e 161 anos de história, é a maior e mais antiga escola do estado.No entanto, tanto sua fama quanto o seu enorme prédio-museu (que parece mais uma universidade, possui piscinas olímpicas, teatros e até mesmo um planetário) são apenas a casca vazia de uma escola que, cada vez mais, tem sua estrutura e seu propósito de formação destruídos juntamente com o ensino público do país.Neste ano, o secretário estadual da educação, Maurício Requião (irmão do governador populista do estado, Roberto Requião – PMDB), nomeou uma nova diretora à escola, a pedagoga Maria Madselva Ferreira Feiges. E, sob a máscara de “defensora da causa do ensino público”, a nova diretora revelou seu total desprezo por qualquer democracia que pudesse haver na instituição, decretando normas autoritárias e mostrando que veio a serviço de um novo tipo de administração.“Projeto político-pedagógico” = repressão“Emancipador. É obvio! É óbvio porque, ao falar em Escola Pública, há uma referência implícita ao conceito, ou porque já se descobriu que o óbvio não é fácil e que exige superação da ideologia burguesa e do senso comum. (...) Neste sentido a construção coletiva do Projeto Político–Pedagógico da Escola Pública cumpre sua função emancipadora...” (FEIGES, Maria M. F. Repensando o Projeto Político–Pedagógico da Escola Pública: emancipador ou educação por excelência?)Apesar do discurso “emancipador”, a administração que a nova diretora-sofista preza segue fielmente a cartilha da destruição das escolas e da retirada de direitos de professores e estudantes. Algumas das medidas de Madselva incluem decretar o uso de livro-ponto aos professores e transferir metade das inspetoras do colégio para o serviço de limpeza! Desprezando a avaliação dos professores, a diretora também “revogou” a reprovação de diversos alunos via ato administrativo, e criticou o índice de reprovados (visando tornar a escola mais “eficiente” ao se livrar com mais rapidez dos alunos). Diante de algumas manifestações de discordância por parte de professores, ela não se intimidou e passou a vigiá-los e afastar alguns de cargos, culminando com a suspensão de 30 dias imposta a 2 professores e a exoneração de 4 funcionários. Disse a diretora, eliminando qualquer direito ao contraditório dentro da escola: “A partir do momento que se posicionaram contra mim, deveriam ter pedido demissão e, como isso não aconteceu, eu preferi afastá-los".Os alunos chegaram a explodir uma bomba em um dos banheiros, mas a resposta que receberam da diretora foi além dos limites do autoritarismo: ela proibiu o uso de banheiros no colégio!Em novembro, tudo isso culminou com a revolta dos estudantes, que se recusaram a entrar nas aulas e organizaram paralisações com professores e funcionários. As reivindicações se focaram no afastamento imediato da burocrata e na exigência de eleições diretas para diretor, sendo o CEP a única escola pública (com exceção das escolas militares e religiosas) do Paraná que tem seu diretor nomeado ao invés de eleito pela comunidade.Mas, para conter a revolta e manter seu cargo, a burocrata fez uso de cada vez mais repressão. Professores e estudantes são ameaçados, muitos têm suas aulas observadas para garantir que não discutam essas questões “políticas” nelas, os inspetores estão fotografando abertamente os “suspeitos”, policiais à paisana acompanham as movimentações e a televisão do estado, junto com a Secretaria de Educação e até o Ministério Público apelaram aos pais de alunos que mandassem seus filhos de volta às aulas. No dia 7 de novembro, em uma paralisação, a polícia algemou dois alunos que acionaram um extintor de incêndio e os levou no camburão, jogando o veículo sobre os estudantes que tentaram impedir a prisão. Justamente por isso, em contraste com seu passado “pomposo”, o CEP serve como símbolo da ruína em que se encontram as escolas públicas hoje. Ruínas estas que só se impõem sob forte repressão e autoritarismo de burocratas como a diretora Madselva. Se o movimento agora foi abafado graças a todo aparato repressivo e ideológico da direção e do governo, os estudantes mobilizados apontaram para o futuro ao questionar o poder na escola: deveriam seus rumos ser decididos pela maioria (estudantes, professores e funcionários) ou por uma única burocrata autoritária?

sábado, 8 de dezembro de 2007

CARTA PÚBLICA DOS DOCENTES DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Após tomar conhecimento pela imprensa escrita e televisionada de fatos ocorridos no Colégio Estadual do Paraná, bem como, de outros documentos relativos às reivindicações de professores e alunos do CEP que foram trazidos à Plenária Departamental ocorrida em 28 de novembro de 2007, a unanimidade dos docentes presentes na Plenária manifestam publicamente sua compreensão de que os acontecimentos no CEP caracterizam um estado de crise na gestão político-pedagógica e administrativa da Instituição; que essa crise precisa ser superada para que o CEP como escola pública cumpra efetivamente a sua função social e oferecer ensino e aprendizagem dos conhecimentos científicos e culturais acumulados pela humanidade em um ambiente ético, democrático e respeitoso; que o CEP deve se caracterizar por um espaço onde se cultive o “pluralismo de idéias e concepções pedagógicas”, o “respeito à liberdade e apreço à tolerância”, a “valorização do profissional da educação escolar”, seja ele pedagogo, docente, técnico ou em quaisquer outras funções dentro do ambiente escolar e a “gestão democrática do ensino público”, tal como define a Lei 9394/96. Entendem ainda os signatários deste documento que o cumprimento dessas definições legais é incompatível com um ambiente onde a atual crise de gestão político-pedagógica e administrativa no CEP é materializada entre outros fatos pela violação de direitos ao trabalho e ao exercício da função educativa e didático-pedagógica, motivadas estritamente por perseguições político-ideológicas, caracterizando-se pelo afastamento arbitrário de professores de suas funções de docência em meio ao semestre letivo, demissão arbitrária de funcionários sem justa causa, além do inconcebível ato do emprego do aparato policial de repressão contra as manifestações políticas dos estudantes, na qual pelo menos um estudante adolescente foi algemado no interior do CEP e levado para Delegacia. Com base nestas informações e entendimento, os signatários apelam ao bom senso das autoridades para que se estabeleçam as condições reais com pessoas que que efetivamente possam garantir o diálogo visando a superação da crise de gestão político-pedagógica e administrativa no CEP e venha a se instalar um processo democrático no CEP, como uma escola pública voltada para a formação cidadã e ainda apelam pela democracia no CEP, onde orgulhosamente alguns de nós estudamos, onde um grande número de alunos da Graduação e Pós-graduação em História estudaram, e onde um grande número de alunos de Graduação em História realizam seus estágios de formação pedagógica. Curitiba, 28 de novembro de 2007.José Roberto Braga Portella (chefe do Departamento); Ana Paula Vosne Martins; Andréa Carla Doré; Antonio César de Almeida Santos; Aruanã Antonio do Passos; Carlos Alberto Medeiros Lima; Carlos Roberto Antunes dos Santos; Dennison de Oliveira; Fátima Regina Fernandes Frighetto; Judite Maria Barboza Trindade; Luiz Geraldo Santos da Silva; Marcella Lopes Guimarães; Maria Luiza Andreazza; Marionilde Dias Brepohl de Magalhães; Renan Frighetto; Renata Senna Garraffoni; Roseli Terezinha Boschilia; Sérgio Odilon Nadalin e a representante discente Camila Chueire Caldas.

NOTA DE ESCLARECIMENTO PARA TODOS OS QUE TRABALHAM NO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ

À Direção Geral, Professores, Funcionários e Alunos do Colégio Estadual do Paraná:

Venho manifestar, por meio desta, minha indignação quando assisti hoje pela manhã à reprise do Programa da TV Educativa, canal 9, que foi ao ar no dia 22 de novembro, à noite. Neste programa, estavam presentes dois alunos do 4º ano do curso Técnico em Edificações, que afirmaram sentirem-se prejudicados por não estarem tendo aulas no período noturno. No exato momento em que eles estavam dando este depoimento na TV, eu estava aplicando uma avaliação exatamente no 4ºTE.
Esta turma, 4ºTE, é bastante faltosa. Normalmente em véspera de feriado, os alunos simplesmente faltam, sem qualquer justificativa. Prova disso foram as faltas coletivas que eles receberam nos dias 13 e 14 de novembro últimos, registradas no meu livro de chamada, à disposição na sala dos professores, para quem quiser comprovar. Nos dias 13 e 14 eu lecionei normalmente em todas as turmas, porque havia alunos, mas quando cheguei à sala do 4º TE, não havia aluno algum. Esperei durante uns vinte minutos dentro da sala e em seguida me dirigi à sala dos professores para comentar com a Cândida e com a inspetora de corredor a ausência dos alunos. Dei falta para todos e registrei conteúdo. Aliás, a prova que apliquei no dia 22 à noite era para ter sido aplicada no dia 13, um dos dias em que os alunos simplesmente não apareceram.
Quero reafirmar o meu descontentamento em relação à situação na qual fui colocada no depoimento dos alunos, ao afirmarem que não estavam tendo aulas e estavam sentindo-se prejudicados. Eu assim como todos os professores com os quais convivo diariamente neste estabelecimento de ensino estamos cumprindo as nossas obrigações, dando nossas aulas, ensinando os conteúdos programados, aplicando nossas avaliações normalmente. Alguns alunos do noturno estão se aproveitando das manifestações divulgadas na mídia para faltar às aulas e acusam os professores de não estarem dando aulas. Isto não está certo!
Agora, eu pergunto à Direção Geral, que justificativa legal estes dois alunos, cujos nomes não irei citar, alegarão para poderem ter o direito de fazer a segunda chamada da avaliação perdida no dia 22 de novembro?
A Direção Geral não poderia ter permitido que alunos do noturno faltassem às aulas para participarem de um programa de televisão.

Respeitosamente a todos os meus colegas de trabalho,

Professora Andréa G. Zelaquett
Língua Portuguesa e Literatura Curitiba, 23 de novembro de 2007.

REPÚDIO DA APP SINDICATO NÚCLEO SINDICAL DE FOZ DO IGUAÇU

MOÇÃO DE APOIO À LUTA AOS ESTUDANTES E TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ - CEP E REPÚDIO À SEED. Os participantes do II Congresso Regional da APP-Sindicato - Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu, realizado no dia dezessete de novembro do corrente ano, vem por meio deste se solidarizar à luta dos estudantes e trabalhadores em educação do CEP, que vem desempenhando uma árdua luta contra as medidas autoritárias adotadas pela Direção do Colégio Estadual, que de forma geral contrariam os princípios da gestão democrática. Coerentes com os princípios que defendemos da democratização dos espaços escolares, reiteramos total apoio à luta pela eleição direta para diretor (a) do CEP, considerando que este é o único Colégio do Estado do Paraná em que a comunidade escolar não pode escolher a Direção. Repudiamos ainda todas as medidas coercitivas da SEED aplicadas contra os trabalhadores e estudantes daquele estabelecimento, bem como, a ação da Patrulha Escolar, que mais uma vez atuam de forma violenta dentro do ambiente escolar, violando o direito à livre manifestação de estudantes e trabalhadores. II Congresso Regional da APP-Sindicato-Foz do Iguaçu-PR Foz do Iguaçu, 17 de novembro de 2007.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

NOTA DE ESCLARECIMENTO PARA TODOS OS QUE TRABALHAM NO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ

À Direção Geral, Professores, Funcionários e Alunos do Colégio Estadual do Paraná:

Venho manifestar, por meio desta, minha indignação quando assisti hoje pela manhã à reprise do Programa da TV Educativa, canal 9, que foi ao ar no dia 22 de novembro, à noite. Neste programa, estavam presentes dois alunos do 4º ano do curso Técnico em Edificações, que afirmaram sentirem-se prejudicados por não estarem tendo aulas no período noturno. No exato momento em que eles estavam dando este depoimento na TV, eu estava aplicando uma avaliação exatamente no 4ºTE.
Esta turma, 4ºTE, é bastante faltosa. Normalmente em véspera de feriado, os alunos simplesmente faltam, sem qualquer justificativa. Prova disso foram as faltas coletivas que eles receberam nos dias 13 e 14 de novembro últimos, registradas no meu livro de chamada, à disposição na sala dos professores, para quem quiser comprovar. Nos dias 13 e 14 eu lecionei normalmente em todas as turmas, porque havia alunos, mas quando cheguei à sala do 4º TE, não havia aluno algum. Esperei durante uns vinte minutos dentro da sala e em seguida me dirigi à sala dos professores para comentar com a Cândida e com a inspetora de corredor a ausência dos alunos. Dei falta para todos e registrei conteúdo. Aliás, a prova que apliquei no dia 22 à noite era para ter sido aplicada no dia 13, um dos dias em que os alunos simplesmente não apareceram.
Quero reafirmar o meu descontentamento em relação à situação na qual fui colocada no depoimento dos alunos, ao afirmarem que não estavam tendo aulas e estavam sentindo-se prejudicados. Eu assim como todos os professores com os quais convivo diariamente neste estabelecimento de ensino estamos cumprindo as nossas obrigações, dando nossas aulas, ensinando os conteúdos programados, aplicando nossas avaliações normalmente. Alguns alunos do noturno estão se aproveitando das manifestações divulgadas na mídia para faltar às aulas e acusam os professores de não estarem dando aulas. Isto não está certo!
Agora, eu pergunto à Direção Geral, que justificativa legal estes dois alunos, cujos nomes não irei citar, alegarão para poderem ter o direito de fazer a segunda chamada da avaliação perdida no dia 22 de novembro?
A Direção Geral não poderia ter permitido que alunos do noturno faltassem às aulas para participarem de um programa de televisão.

Respeitosamente a todos os meus colegas de trabalho,

Professora Andréa G. Zelaquett
Língua Portuguesa e Literatura
Curitiba, 23 de novembro de 2007.

REPÚDIO DA APP SINDICATO NÚCLEO SINDICAL DE FOZ DO IGUAÇU

MOÇÃO DE APOIO À LUTA AOS ESTUDANTES E TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ - CEP E REPÚDIO À SEED. Os participantes do II Congresso Regional da APP-Sindicato - Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu, realizado no dia dezessete de novembro do corrente ano, vem por meio deste se solidarizar à luta dos estudantes e trabalhadores em educação do CEP, que vem desempenhando uma árdua luta contra as medidas autoritárias adotadas pela Direção do Colégio Estadual, que de forma geral contrariam os princípios da gestão democrática. Coerentes com os princípios que defendemos da democratização dos espaços escolares, reiteramos total apoio à luta pela eleição direta para diretor (a) do CEP, considerando que este é o único Colégio do Estado do Paraná em que a comunidade escolar não pode escolher a Direção. Repudiamos ainda todas as medidas coercitivas da SEED aplicadas contra os trabalhadores e estudantes daquele estabelecimento, bem como, a ação da Patrulha Escolar, que mais uma vez atuam de forma violenta dentro do ambiente escolar, violando o direito à livre manifestação de estudantes e trabalhadores.

II Congresso Regional da APP-Sindicato-Foz do Iguaçu-PR Foz do Iguaçu, 17 de novembro de 2007.

CARTA PÚBLICA DOS DOCENTES DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Após tomar conhecimento pela imprensa escrita e televisionada de fatos ocorridos no Colégio Estadual do Paraná, bem como, de outros documentos relativos às reivindicações de professores e alunos do CEP que foram trazidos à Plenária Departamental ocorrida em 28 de novembro de 2007, a unanimidade dos docentes presentes na Plenária manifestam publicamente sua compreensão de que os acontecimentos no CEP caracterizam um estado de crise na gestão político-pedagógica e administrativa da Instituição; que essa crise precisa ser superada para que o CEP como escola pública cumpra efetivamente a sua função social e oferecer ensino e aprendizagem dos conhecimentos científicos e culturais acumulados pela humanidade em um ambiente ético, democrático e respeitoso; que o CEP deve se caracterizar por um espaço onde se cultive o “pluralismo de idéias e concepções pedagógicas”, o “respeito à liberdade e apreço à tolerância”, a “valorização do profissional da educação escolar”, seja ele pedagogo, docente, técnico ou em quaisquer outras funções dentro do ambiente escolar e a “gestão democrática do ensino público”, tal como define a Lei 9394/96. Entendem ainda os signatários deste documento que o cumprimento dessas definições legais é incompatível com um ambiente onde a atual crise de gestão político-pedagógica e administrativa no CEP é materializada entre outros fatos pela violação de direitos ao trabalho e ao exercício da função educativa e didático-pedagógica, motivadas estritamente por perseguições político-ideológicas, caracterizando-se pelo afastamento arbitrário de professores de suas funções de docência em meio ao semestre letivo, demissão arbitrária de funcionários sem justa causa, além do inconcebível ato do emprego do aparato policial de repressão contra as manifestações políticas dos estudantes, na qual pelo menos um estudante adolescente foi algemado no interior do CEP e levado para Delegacia. Com base nestas informações e entendimento, os signatários apelam ao bom senso das autoridades para que se estabeleçam as condições reais com pessoas que que efetivamente possam garantir o diálogo visando a superação da crise de gestão político-pedagógica e administrativa no CEP e venha a se instalar um processo democrático no CEP, como uma escola pública voltada para a formação cidadã e ainda apelam pela democracia no CEP, onde orgulhosamente alguns de nós estudamos, onde um grande número de alunos da Graduação e Pós-graduação em História estudaram, e onde um grande número de alunos de Graduação em História realizam seus estágios de formação pedagógica.

Curitiba, 28 de novembro de 2007.

José Roberto Braga Portella (chefe do Departamento); Ana Paula Vosne Martins; Andréa Carla Doré; Antonio César de Almeida Santos; Aruanã Antonio do Passos; Carlos Alberto Medeiros Lima; Carlos Roberto Antunes dos Santos; Dennison de Oliveira; Fátima Regina Fernandes Frighetto; Judite Maria Barboza Trindade; Luiz Geraldo Santos da Silva; Marcella Lopes Guimarães; Maria Luiza Andreazza; Marionilde Dias Brepohl de Magalhães; Renan Frighetto; Renata Senna Garraffoni; Roseli Terezinha Boschilia; Sérgio Odilon Nadalin e a representante discente Camila Chueire Caldas.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Esclarecimento às Famílias do Colégio Estadual do Paraná e à sociedade paranaense

Em fevereiro deste ano, quando a professora Maria Madselva Ferreira Feiges chegou ao Colégio Estadual do Paraná, foi recebida com muita alegria e esperança pelos professores e funcionários da escola. Porém, à medida que o tempo foi passando, foi se tornando evidente a incoerência e o autoritarismo da Diretora Geral, o que gerou uma crise sem precedentes na gestão político-pedagógica e administrativa da escola. Os maiores problemas foram causados pela intolerância às opiniões divergentes, pela desvalorização constante de professores e funcionários comprovadamente comprometidos com o ensino público de qualidade, pela desarticulação do projeto político pedagógico já existente na escola, pela intransigência da Diretora Geral. Desde que a profª Madselva assumiu a direção do colégio, no início deste ano, o Regimento Escolar não está sendo respeitado, pois o que predomina é a vontade da Direção Geral. A escola pública tem por princípio a gestão democrática que está prevista na LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação) e na Constituição Federal. A gestão democrática, por sua vez, pressupõe o respeito do diretor, eleito ou não, a algumas instâncias deliberativas: Conselho Escolar, APMF e Grêmio Estudantil. Destas, a mais importante é o Conselho Escolar que é constituído por representantes de todos os segmentos da escola. Simplesmente não houve reuniões do Conselho Escolar do Colégio Estadual do Paraná, como instância consultiva e deliberativa, desde que a profª Madselva assumiu, até o dia 24 de outubro. Quando houve convocação, foi apenas para referendar decisões tomadas pela Diretora Geral.
Depois de esgotadas todas as tentativas de diálogo , a última delas em reunião realizada em 25/10/2007, nos três turnos, foi elaborada uma carta denúncia com os itens que foram apresentados na reunião. No dia 30/10/2007, o documento foi entregue ao Secretário de Estado da Educação por uma comissão de professores, pais, alunos e funcionários. No dia 05/11, o Secretário de Educação esteve no CEP falando com a Diretora Geral e, ao ser procurado por uma comissão de professores com nove representantes do corpo docente, pedindo para que ele agendasse uma reunião para os ouvir, alegou que somente o faria através da profª Madselva, a principal responsável pelos problemas denunciados.
O movimento contra o autoritarismo começou na terça-feira, dia 06/11, no turno da manhã, quando a profª Madselva fez a entrega de uma moto sorteada pela comissão de formatura. Os alunos questionaram a diretora sobre os critérios de avaliação e recuperação de estudos que têm barateado a qualidade da educação do CEP, sobre a perseguição e desvalorização de professores e funcionários. A profª Madselva, diante de uma platéia de aproximadamente 1700 alunos, não respondeu às questões e ainda deu as costas aos estudantes dizendo que “não ia se rebaixar ao nível deles”. Daquele momento em diante, eles se recusaram a entrar nas suas respectivas salas até que tivessem as respostas que tanto esperavam. Na quarta-feira, dia 07/11, a Diretora voltou ao pátio durante o intervalo da manhã, naquele momento acompanhada pela profª Sheila Marize Toledo Pereira, chefe do Núcleo de Educação de Curitiba, e novamente se desentendeu com os alunos que deram prosseguimento aos protestos, a partir dali com um novo propósito: FORA, MADSELVA. Nesse dia, professores e funcionários, mesmo diante das ameaças de processo administrativo e demissão, encheram o peito de coragem e somaram forças com os alunos que, afinal, estavam numa luta por democracia. Enquanto os alunos protestavam, professores, pais, funcionários eram ouvidos pela profª Yvelize ArcoVerde, Superintendente da SEED, numa tentativa de resolver o impasse. Foi marcada uma reunião de negociação para o dia 14/11/2007, na SEED, na qual o Secretário informou que a Diretora seria mantida e marcou nova reunião, para o dia 22/11, o que acabou não ocorrendo.
Apesar de insistentes pedidos de pais, professores e funcionários, a APMF se recusa a convocar uma reunião para esclarecer o que realmente está acontecendo na escola. O presidente do Grêmio Estudantil recusa-se a defender os interesses da maior parte dos estudantes do Colégio Estadual do Paraná.
Desde a semana passada, estudantes e professores estão em sala de aula. Não há mais negociação por parte da SEED. Muitos profissionais do Núcleo de Educação de Curitiba estão na escola. Continuam as ameaças, professores, funcionários e alunos vigiados, muitos estudantes menores sendo filmados e fotografados para se identificar os líderes, novos processos contra professores e alunos sendo anunciados. Mas é importante frisar que os nossos estudantes deram uma verdadeira AULA DE CIDADANIA para a sociedade paranaense. Desorganizados? Talvez, mas preferiram não aceitar ajuda de politiqueiros de plantão, especialistas em organizar manifestações. Sabemos que houve aqueles que participaram sem muita consciência e até se excederam em alguns momentos. Mas a estatística neste caso é muito pouco significativa diante da maioria esmagadora daqueles que deram um banho de maturidade, de equilíbrio, mesmo diante de provocações e ostensivo desrespeito.
Diferente de alguns textos apócrifos, ou seja, sem assinatura alguma, que foram enviados às casas dos estudantes do Colégio Estadual do Paraná para tentar responsabilizar alguns professores e funcionários pelos episódios das últimas semanas, assinamos e nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos aqui relatados.

Professores, pais, funcionários e alunos que pedem a substituição da profª Maria Madselva Ferreira Feiges e eleições diretas para o cargo de Direção Geral do CEP

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Reunião

Reunião de pais, professores, funcionários e alunos:

Já que a APMF se recusa a convocar uma reunião para tratarmos de assuntos de interesse da comunidade escolar do CEP, estamos convocando todos os interessados para um encontro no dia 30/11/2007, a partir das 19h, na sede da APP Sindicato, 14º andar, Edifício ASA, praça Osório.

Carta de Ramiel, aluno

Curitiba, Paraná, 23/11/2007

Olá para todos, Sou aluno do Colégio Estadual do Paraná - CEP, em Curitiba, maior colégio do estado e um dos maiores do Brasil, com aproximadamente 5.000 alunos e 161 anos de história, sendo o colégio mais antigo do Paraná.A importância do CEP nos âmbitos municipais, estaduais e até nacionais é inquestionável, já que importantes figuras de nossa sociedade, como atores, políticos, empresários e educadores passaram pelos bancos desta escola.O motivo que me faz escrever esta carta, é tornar publico a todos que ainda não estão por dentro ou não entendem a situação absurda em que alunos, pais, professores e funcionários desta instituição de ensino vem passando neste último ano. E lógico, mostrar minha própria indignação.O CEP é a única escola pública de todo o estado do Paraná que não possui eleições diretas para o cargo de diretor-geral, neste caso, é o governador do estado que escolher o diretor da escola. Vale lembrar, que este sistema vigora desde a época da ditadura militar, quando foi aprovada a lei que estabelece até hoje tal situação. Sempre ocorreram protestos e movimentos pró-democracia na escola, mas não surtiam muito efeito, pois os diretores realizam administrações razoáveis, que conduziam o colégio de forma democrática e respeitando projetos pedagógicos coerentes. Situação que não ocorre neste ano de 2007.No início deste ano, entre os meses de fevereiro/março, o governador do estado, Roberto Requião, decretou como nova diretora do CEP, a profª Maria Madselva Ferreira Feiges, grande educadora e pedagoga da Universidade Federal do Paraná - UFPR, com carreira educacional e ideais pedagógicos elogiados e reconhecidos por toda sociedade. Junto a ela, criou-se uma esperança de que a escola passaria por novos tempos, e realmente passou, mas completamente diferente do que esperávamos. Eu inclusive era um dos mais alegres com a nova direção.Depois que assumiu, a diretora Madselva começou a implementar sua nova política de ensino, mudando o sistema de avaliação drasticamente.

De início, os professores (todos do mais alto nível educacional) começaram a questionar algumas medidas pedagógicas da atual direção, e sugerindo novas propostas, já que numa escola onde temos mais de 200 professores e 5000 alunos, não se dá para mudar as coisas de uma hora pra outra. Aparentemente, ela iria escutar as sugestões e reclamações, e levá-las em conta. Não foi o que aconteceu. Ao passar do tempo, sem respostas sobre seus questionamentos, os professores se reuniram e pediram esclarecimentos, e a direção, sem se manifestar... O impasse começava a surgir a nível dos professores.Entre os funcionários, vários deles foram humilhados pela diretora, alegando ela que eles não eram competentes, não trabalhavam direito. As inspetoras de corredor foram afastadas de seus lugares e colocadas na limpeza, o que ocasionou uma falta de organização onde alunos permaneciam nos corredores e inclusive atrapalhando as outras turmas e interrompendo aulas. Entre pais e alunos, o descontentamento pela falta de comunicação e acesso a diretora, a falta de reuniões, a falta de respostas a seus questionamentos, a confusão no sistema avaliativo e plano pedagógico da direção. O descontentamento estava presente na maior parte da comunidade escolar: alunos, pais, professores e funcionários.Em meados de setembro/outubro, professores, funcionários, pais e alunos, elaboraram uma Carta-denúncia sobre a situação no colégio e encaminharam ao secretário da educação, Mauricio Requião, irmão do governador. Na ocasião, foi prometido atenção especial a denúncia. Mas não tivemos resposta. No dia 05 de novembro, ao realizar visita ao colégio, os alunos e alguns professores, abordaram o secretário e lhe entregaram novamente outra cópia da carta-denúncia.O clima estava cada vez mais tenso no colégio, o descontentamento com a direção geral fez todos pensarem sobre a administração dela e repensarem ainda mais a falta de democracia na eleição de diretor do maior colégio do estado.

No dia seguinte, terça-feira 06/11, no intervalo do turno da manhã, seria realizada a entrega do prêmio da rifa de formatura na arena central do colégio. Quando a diretora-geral apareceu na arena para a entrega do prêmio (o que é muito raro de acontecer) alguns alunos começaram a questioná-la ali mesmo sobre seu plano pedagógico, sobre a perseguição de professores e a falta de valorização dos mesmos, entre outros assuntos. Os alunos clamavam por resposta a muito tempo, e não dava mais pra esperar. Nisso, ela falou que se quisessem poderiam ir sozinhos até a sala dela e conversar a respeito. Os alunos se negaram, pois achavam que TODOS os alunos são iguais e mereciam naquele momento um diálogo e respostas. A diretora se recusou a dar respostas e disse que não iria se rebaixar ao nível deles.Os alunos se revoltaram, se mobilizaram, e de repente eclodiu o movimento dos alunos, que não voltaram para as salas e foram para a frente da escola, em pleno Centro da capital do estado, protestar em prol de uma escola mais democrática. Professores e alunos juntos, em prol de um mesmo ideal. A direção se manifestou dando como única alternativa reunir de três em três turmas, em uma sala, pra conversar, os alunos protestaram, queriam todos ao mesmo tempo no auditório. A direção fechou a janela por onde estava falando no microfone e nos deixou sem alternativa... Aceitamos.No dia seguinte, quarta-feira 7/11, a primeira reunião, com as primeiras 3 turmas, perdurou por mais de 3 horas. Quando o resto da escola seria ouvido? São 47 turmas! Quando todos iriam ser ouvidos? Então no intervalo os alunos ameaçaram nao subir pras salas caso ela não descesse lá entre os alunos e não falasse com todos. Ela aceitou, desceu e falou, mas falou muito, mas nenhuma resposta concreta foi dada, éramos feitos de bobo mais uma vez. Os protestos continuaram... e o inesperado aconteceu. A Polícia Militar chegou, e de forma inaceitável prendeu um aluno da escola, menor de idade, sem ter motivo algum para tal feito. O aluno inclusive foi algemado, colocado no camburão, e agredido verbalmente e fisicamente por parte dos policias, dentro da própria escola e na delegacia.
O clima está cada vez mais tenso. O Governo do Estado, através da Secretaria de Educação , encara o movimento como uma simples revolta de alunos baderneiros e "moleques" como o próprio secretário nos chamou, que são influenciados por professores descontentes porque têm de assinar livro-ponto. Inclusive professores que nos representavam na Comissao de Negociação foram afastados. Um aluno foi preso a um tempo atrás... percebem a situação?O governo alega que não tem motivo jurídico plausível para retirar a Profª Madselva do cargo, afinal ela não roubou nada, e não tem interesse nenhum no momento em eleições no colégio. Onde fica a educação e a democracia? Humilhar e perseguir professores, deixar prender alunos e não fazer nada, desestabilizar completamente o ambiente de ensino no maior e mais tradicional colégio do estado, isso não é um motivo plausível para mudar a direção? Será que isso não importa?Agora podem me perguntar, porque "ditadura"?Professores, pais, alunos, estão alguns com telefones grampeados, alunos já sofreram ameças de prisão por parte de policiais, professores já foram ameaçados de morte, porque pensam diferente do que a direção e o governo pensam. Não há liberdade de expressão, como a própria diretora já afirmou em off... Direção ameaçando não liberar documentação para quem passar no vestibular, Governo diminuindo nossos motivos para ter razão, promotor de Ministério Público estranhamente mandando cartas as pressas para todos os pais do colégio enaltecendo a pessoa da Profª Madselva e alegando guerra política, sem fundamento, e recomendando aos pais que façam seus filhos ficaram nas salas e não protestarem, a Televisão Paraná Educativa, tv estatal, modificando os fatos e passando informação distorcida... inclusive a diretora chamou os professores de mentirosos e dramáticos demais em rede estadual na Tv Paraná Educativa.Isso não vos lembra alguma coisa senhores?

Fica aqui registrada a indignação de um aluno, mas antes de mais nada brasileiro, que vê seus direitos sendo negados, vê uma manipulação e uma distorção do que está acontecendo, vê seus professores sofrendo e no limite, vê seus amigos colegas sofrendo e com medo, vê os pais lutando e indignados, vê tudo o que não queria ver, e não vê o que mais queria: vontade política do governo que deveria representar a vontade geral do povo e não o faz.

Ramiel Duarte da Silva.

- Aluno e brasileiro que toma coragem para deixar a público sua opinião mesmo sabendo que corre sérios riscos a sua integridade moral e física depois disso

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Carta de um aluno para os professores de Sociologia

Carta de um aluno
Para os professores de Sociologia
.

Começo esta carta, dizendo que não sou contra a opinião dos outros, principalmente quando estes são denominados “MESTRES” pela sociedade e pelos tão importantes alunos.

Em sua carta, informam que cabe à Sociologia, como forma de instrumento, o trabalho de analisar e explicar o que tem ocorrido nos nossos atuais e estressantes tempos, porém, se os senhores se mostram tão POLITIZADOS e ANALISADORES dos ocorridos, devemos repensar em alguns quesitos, os quais, foram utilizados para defender sua tese de que a direção está certa ou não, na carta dirigida a TODOS do Colégio Estadual do Paraná.

Os senhores informam que são taxados de “esquerdas” por vários companheiros de serviço, tanto como de pessoas que ficam “em cima do muro”, devido uma posição neutra ou até mais abertamente, a favor da professora Madselva. Na verdade, os senhores utilizam-se de motivos muito impróprios, pois neste momento, vemos alunos com ideais esquerdas, direitas, centristas, anarquistas unidos por apenas um ideal. Mostrando que são capazes de deixar suas diferenças de lado e lutar juntos.

O ideal do Movimento, não é de um lado ou de outro em relação à politização, nem por um projeto conservador, mas por um direito que é de todos: Educação com qualidade e dignidade!

Já mostramos para toda uma sociedade Paranaense (taxada como a mais critica e fechada), que não somos uma turva utilizada como “massa de manobra” (termo que ultimamente tem sido muito utilizado por vocês, para nos denominar), mas que somos um grupo muito bem organizado, seguro do que tem feito e consciente das nossas paralisações.

Contrariando o que é dito na carta, NÃO EXISTE UMA DISPUTA DE INTERESSES NO CEP. Tanto é que nenhum aluno saiu correndo e entrou em outra sala e AMEAÇOU a todos para que saíssem gritando pelos corredores o famoso “fora Madselva!”. Nem nenhum professor “tomou as dores” e se declarou o organizador do movimento (o qual é organizado entre e pelos alunos, sem influência de qualquer mestre, mesmo sendo um dos que mais tenha afinidade com os estudantes ou não), dizendo que “criou isso, por que está cansado da direção geral”. Não, pelo contrário, eles acham que deveríamos repensar na paralisação. Porém, NÓS cansamos de não saber “por onde anda o tal do projeto pedagógico da direção atual” ou de ver SERES HUMANOS serem feitos e tratados como ANIMAIS; Seja professor, alunos ou funcionário. Sendo dito a eles que não sabem o que fazem!

Não somos contra um projeto que prepare o jovem para o mercado de trabalho, nem que o prepare para o trabalhoso vestibular. Somos a favor de um projeto que tenha os DOIS SISTEMAS NA MESMA ESCOLA, como SEMPRE FOI FEITO. Exemplifico, mostrando de uma vez por todas, que não existem termos que diferenciem os alunos da grade escolar normal, dos da grade do curso técnico. Nos declaramos, pura e simplesmente: ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ!

· O bem e o mal

É dado como informação que as pessoas vêem na imagem da professora Malú, a imagem do bem e na da professora Madselva, o mal. Errôneo!

Nunca dissemos, mesmo que ela seja xingada, que alguém a odeia! Porém, o que pudemos ver, é a imagem de um professor que dedicou sua vida para ensinar não e somente sua matéria curricular, mas também à viver! Enquanto do outro lado, vemos uma professora que vem de um local, onde os estudantes já se mostram socialmente mais formados, tentando se enquadrar de forma errônea.

Poucos aqui no CEP conhecem o trabalho da professora Madselva na UFPR, somente os mais apegados à universidade ou os mestres que já tiveram aulas no passado com ela sabem de seus feitos. Aparecem sempre comentários bons e educados sobre seu serviço em tempos anteriores, mas em sua atualidade, é questionada sua forma de ação e como uma pessoa pode mudar sua forma de agir apenas por interesse.

Devemos mesmo lembrar que a Madselva é “nova no pedaço”, mas seria correto em sua gestão, modificar o colégio de forma tão “energética”? E demonstrar uma falsa “superioridade” sobre os funcionários, alguns professores e alunos do CEP?

E não é na imagem de um professor ou de um aluno que segue na frente de todos e diz palavras fervorosas ou intrigantes, nos quais encontraremos nossos heróis, mas faremos isso, dentro de nossas mentes, entendendo que esta imagem de herói ou de pessoa a seguir existe em cada um de nós!

Finalizo minha carta, questionando o final da carta dos senhores.

Por que os senhores não se identificam com o pseudônimo: “PROFESSORES DO CEP”?

Existe uma vergonha ou é o medo de não abranger em suas curtas palavras o ideal dos outros?

Posso neste momento assinar como DIOGO GONÇALVES PILOTO LOPES, mas assino como ALUNO DO CEP, ASSUMIDAMENTE INDIGNADO!

Texto de Rubens Tavares, professor História do CEP

Primavera do Colégio Estadual do Paraná.

O ano de 2007 ficará marcado na memória de todos os estudantes, professores, funcionários e pais e também da comunidade que acompanharam os fatos noticiados quase que diariamente pela imprensa.
Estão todos de parabéns, porque defenderam os seus direitos, suas convicções, suas posições filosóficas e políticas de maneira transparente, sem medo de se expor. Todos devem estar orgulhosos, porque a juventude, que sempre é criticada, se fez ouvir, se organizou, participou, se emocionou. Pois política sem emoção não é política e sim ideologia, e democracia sem participação não é democracia, e sim sua caricatura.
A república, neste país, está por ser construída; a democracia ainda caminha a passos lentos, e o que se deveria olhar com outros olhos, apenas reproduz o quadro de Bruguel: cegos guiando cegos não percebem a grandeza das manifestações, mas apenas querem enquadrá-las no olhar pequeno e rasteiro da baderna, dos agentes ocultos, das forças alienígenas, dos agitadores, reproduzindo discursos que se esperavam enterrados e sempre foram usados por setores mais conservadores. Foucault tem razão: o mesmo discurso tanto pode ser utilizado pela direita como pela esquerda, quando se trata de defender o poder.
Mas há outros que também se acham vitoriosos. A eles, parabéns! Venceram o medo, a imposição, a filmagem e a fotografia escondidas! Parabéns às cartas enviadas aos pais, peças dignas de análise tanto jurídica, quanto conceitual, lembrando os planos Cohen!
Parabéns ao poder estatal, que com toda a sua máquina quer esmagar jovens, enquadrar os diferentes, sempre com o argumento de nos defender, de preservar nosso bem estar!
Parabéns ao “professor” eufórico, que bradou “vencemos!”, quando um ato de violência foi cometido, esquecendo-se de que qualquer ato de violência venha de quem seja, é sempre a perda da força dos argumentos pelos argumentos da força. Parabéns à Direção, que deveria estar defendendo a comunidade e sendo sua porta voz, mas admite, de forma autoritária, a vigilância, a punição de professores e funcionários e a defesa intransigente do poder do Estado.
Parabéns aos que não querem que a sociedade civil se organize e que isso possibilite um novo entendimento na relação entre aparelho estatal e a sociedade civil! Parabéns para aqueles que conseguiram criar um falso confronto entre o Ensino Médio e o Profissionalizante, talvez inspirados no antigo ministro Gustavo Capanema!
Parabéns para aqueles que se deixaram levar pelo rancor, pela raiva, pelo combate sem ética! Parabéns para aqueles que acham que tudo se resume a ter cargos! Parabéns para aqueles que em cada corredor vêem sombras da oposição! Parabéns para os que seguem ordens cegamente! Parabéns para os que se prestam a serem bufões! Parabéns para os pequenos poderes exercidos pelos autoritários!
Parabéns para os que acham que quanto pior melhor, sejam quais forem os “seus lados”! Parabéns para os que acham que suas salas são o centro do mundo! Parabéns para os burocratas, estes sim sempre os mais afoitos a que a ordem seja estabelecida! Parabéns ao pensamento que parou, como diriam os estudantes do maio de 68, pois um pensamento que para é um pensamento que apodrece! Parabéns aos que sempre, no velho discurso do “vou te processar”, esquecem que ele é uma prerrogativa de qualquer estado de direito democrático, mediante a defesa, a acusação e o fornecimento de provas!
Parabéns aos que ensinaram seus alunos a não seguir os seus exemplos! Parabéns a todos que contribuíram para que qualquer ato de “indisciplina” seja visto como um ato sempre contrário à “ordem e aos bons costumes”! Parabéns! Vocês venceram!
Mas essa primavera não exala perfume, esse discurso não merece ser escutado, essas atitudes só serão lembradas quando se falar da resistência ao poder autoritário. Vocês serão lembrados quando se quiserem usar exemplos de como não devem ser os exemplos.
Parabéns, vocês realmente venceram!
Mas vencer, muitas vezes não significa ganhar.
Neste caso, trata-se de uma derrota, pois a vitória é dos estudantes, dos professores, dos funcionários e dos pais que se colocaram contra as medidas arbitrárias, contra o mandonismo, contra a aceitação pacífica de ovelhas, contra o obscurantismo, contra as medidas de exceção, contra as falácias do poder e a favor de suas utopias, de seus sonhos, da consciência, da cidadania, dos valores democráticos, da intransigência na defesa dos princípios fundamentais de um Estado republicano.
Saem todos de cabeça erguida, porque saem por onde entraram. Não precisam sair
pelos fundos e nem protegidos por seguranças, porque estão seguros de seus argumentos e objetivos.
Saem de olhar límpido, não ficaram cegos pelos benefícios do poder, saem de peito aberto, de coração tranqüilo, de sono sem pesadelo, porque não precisam mostrar os seus dentes. Saem de sorriso estampado, pois sabem que “não basta que seja e pura e justa a nossa luta, mas é necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós”.

Rubens Tavares, professor História do CEP

Depoimento de uma Mãe

QUE LIÇÃO FICARÁ PARA OS NOSSOS FILHOS?


Nunca cursei uma faculdade, mas estou cursando A DA VIDA e o que tenho ouvido na minha faculdade tem me deixado enojada, indignada, sentindo-me um NADA, a olhar e ouvir milhares da minha faculdade sentindo-se humilhados, desrespeitados, caluniados, desvalorizados pelo vandalismo causado ao maior patrimônio que existe: O SER HUMANO.
Todo tipo de vandalismo é abominável, mas o pior é o que os olhos não enxergam, o que destrói por dentro. Este só o tempo para consertar os danos causados.
Mas o que é que nós, simples e “meras coisas” sem vez e nem voz podemos fazer? Nossa faculdade não é reconhecida! A própria história nos conta que homens, mulheres, jovens e crianças que cursaram e cursam apenas a faculdade a que me referi são tratados com indiferença, com desprezo, com desrespeito, sem a mínima consideração.
O que esperar se até milhares de colegas que têm sua faculdade reconhecida são tratados da mesma forma? Somos tratados como “meras coisas” que ficam no caminho de uma minoria (exceto na época das eleições). Nós, os alunos da faculdade não reconhecida, somos a maioria e mesmo eles sendo a minoria querem que baixemos a cabeça e nos calemos, à custa de decretos, leis, normas, mesmo quando muitas delas são injustas e vão contra o bem estar da maioria.
Mas caros colegas de faculdade, séculos se passam, aqui estamos vivendo e presenciando acontecer os mesmos erros históricos: os interesses e a vontade da minoria sempre prevalece.
Se eu fosse formada em Medicina e fizesse um check-up em alguns, constataria que estão muito doentes. Se medisse a pressão, verificaria que está baixa de compromisso com a verdade; ao medir a temperatura, o termômetro registraria mais de 40 graus de egoísmo; se fizesse um eletrocardiograma, suas veias estariam bloqueadas por não abastecer seus corações vazios de respeito. Ortopedicamente, diagnosticaria que não conseguiriam abraçar as pessoas, por ter fraturado os braços, ao tropeçarem na arrogância; diria que têm miopia por enxergarem apenas a própria vontade; como Otorrinolaringologista, diria que estão com a audição bloqueada em decorrência da falta de diálogo.
Queridos colegas de faculdade, se fosse formada em psicologia, gostaria de procurar um por um de vocês para oferecer minha ajuda, pois os danos causados emocionalmente aos nossos Alunos, Filhos, Professores, Funcionários não há dinheiro no mundo que pague a humilhação, a dignidade ferida, o desrespeito com que somos tratados. Eu como mãe e cidadã, pergunto: Será que ainda podemos confiar na justiça humana?
O CEP é um prédio e a instituição só existe porque lá passam pessoas que não podem ser tratadas e descartadas como simples coisas.
Senhoras e Senhores, juízes, promotores, advogados e deputados de bem, eu quero, na minha ignorância do pouco estudo que tenho, pois cursei somente até a 8ª série, mas como uma pessoa temente a Deus, acreditar que entre vós haja aqueles que não deixaram o poder corromper os valores que seus pais lhes passaram, valores que eu sempre passo para os meus filhos. Peço aos senhores SOCORRO em meu nome e em nome de outros alunos e pais. Não é justo que só um lado possa ser ouvido e reprisado duas vezes em um canal público de TV e nós, os maiores interessados e prejudicados em tudo que está havendo, não podermos ser ouvidos também!
Direitos iguais, Senhores! Senão como ficaremos diante de nossos filhos? Que lição eles irão aprender? Que não há igualdade, que não há justiça, que não devemos acreditar em mais nada e em mais ninguém? Que nós, pequenos, somos calados a qualquer preço?

Nada disso teria ocorrido, se no CEP houvesse eleições para a escolha da direção geral. Nós pais, alunos, professores e funcionários comprometidos de verdade com a educação dos nossos filhos e dos outros alunos, já teríamos feito uma eleição e resolvido, no voto, a vontade da maioria, mas ficamos reféns de terceiros para decidirem o que é melhor para os nossos filhos.
Onde fica a democracia diante de tudo isso?
Curitiba, 26 de novembro de 2007

Dirlene Pinheiro (mãe de aluno do 1º ano)

Solicitação de Pronunciamento dos Membros do Conselho Estadual de Educação

Curitiba, 20 de novembro de 2007

Em nome de um número bastante significativo de professores, funcionários, pais e alunos do Colégio Estadual do Paraná, dirigimo-nos respeitosamente a este Conselho, solicitando ajuda para a resolução da crise instalada em nossa escola. Encaminhamos, anexa, documentação protocolada na SEED e no Ministério Público e outros documentos para apreciação e parecer do Colegiado desta importante instância deliberativa, com a maior urgência possível.
Causou-nos muita estranheza o fato de o professor Romeu Gomes Miranda, presidente deste Conselho, participar da mesa de negociações na SEED, no dia 14/11 do corrente, sendo porta voz do pequeno grupo que apóia a professora Maria Madselva Ferreira Feiges, fazendo a entrega de um abaixo-assinado com um cabeçalho que não corresponde à realidade (ver item 11 do documento denúncia). A estranheza se deve ao fato de o professor Romeu, conhecendo tão bem o Colégio Estadual do Paraná, uma vez que foi Chefe da Divisão Educacional, responsável pelo setor pedagógico, de janeiro de 2003 a dezembro de 2005, não ouvir os outros professores antes de definir seu apoio. É importante destacar que os principais encaminhamentos pedagógicos, atualmente tão criticados pela profª Maria Madselva Ferreira Feiges, foram colocados em prática durante o período de gestão pedagógica do prof. Romeu. A estranheza se torna maior ao lembrarmos que o mesmo prof. Romeu Gomes de Miranda, num passado não muito distante, foi um dos mais combativos defensores da classe dos professores e dos princípios democráticos na gestão da educação pública.
O clima de trabalho no Colégio Estadual do Paraná está insustentável. Os professores sentem-se extremamente pressionados pela Direção Geral da escola que não poupa adjetivos depreciativos ao referir-se ao corpo docente. Ontem, 19/11, por exemplo, a profª. Madselva, durante uma entrevista coletiva com a imprensa, afirmou que os Professores do Colégio Estadual do Paraná que afirmam estar sendo pressionados (80% do corpo docente) “são mentirosos, para não dizer outra palavra”. Tem sido cada vez mais comum a manifestação pública da angústia, do choro, do mal estar causado por toda esta situação.
Os pais que apóiam o movimento, apesar de insistentes pedidos à presidente da APMF para convocar uma reunião para tratar do assunto, não são atendidos. Só são bem recebidos na escola quando solicitados a pagar a taxa (“contribuição”) da rematrícula. A APMF tem se envolvido apenas com as questões referentes à formatura e recolhimento de contribuições financeiras, como se pode comprovar pela convocação no site da escola para uma reunião de prestação de contas, para o dia 22/11/2007, às 19h30min. .
Asseguramos que não há nenhum motivo politiqueiro motivando esta mobilização. A única política que nos move é a luta por uma escola pública de qualidade.
Certos de podermos contar com a imparcialidade e a seriedade deste ilibado Conselho, subscrevemo-nos


Atenciosamente,

Ilmo. Sr.
DD. Membro do Conselho Estadual de Educação do Paraná

Carta de professora para Madselva

Prezada Professora Madselva,

Há algum tempo atrás lhe entreguei uma carta com uma avaliação e sugestões em relação a sua gestão. Não recebi nenhuma resposta formal. Naquele momento ainda acreditava que era possível viabilizar o seu projeto de escola, projeto este que só tomei conhecimento através de nossos coordenadores na área de História, porque infelizmente, ao longo deste ano, não houve discussões pedagógicas. Penso que as condições necessárias para viabilizar o projeto não foram construídas e que hoje ele só poderia se efetivar com atitudes autoritárias, o que seria contraditório e incoerente com uma visão democrática, que é a essência de qualquer projeto. Quando lhe perguntei como vai construir a sua proposta, a senhora disse que a partir das “relações sociais”. Eu pergunto: que relações? Desde o início deste ano sua presença tem sido marcada por tensões. Lembro-me muito bem quando no mês de maio a senhora pediu no Conselho que também queria ser aplaudida. Mas não foi. Por quê? O momento que a vi sendo aplaudida efusivamente pelos alunos, foi na sala 113, no dia 7, quando a senhora pediu desculpas a um aluno depois de um momento tenso. Mas ali já estava difícil recuperar o elo perdido. Enquanto a senhora tentava conversar com mais ou menos 100 alunos, centenas de outros já estavam organizados com uma só palavra de ordem. Vejo que não há mais clima agora e o bom senso mostra que às vezes é necessário recuar para vencer, não medir forças. Contudo, tenha em mente que boas idéias não morrem, mas há de ter o momento certo para implementá-las.
Na sexta feira, dia 9, saí da sua sala junto com a comissão tendo a angústia de vir a olhar nos olhos dos alunos e professores os quais esperavam por uma resposta e que clamavam por um único pedido: “Vamos retornar a paz neste colégio, queremos dar aulas novamente com equilíbrio”. Naquele momento me senti incapaz. Mas ao sair na escadaria encontrei alguns alunos do ano passado que cursam hoje história e pedagogia na UFPR. Lembrei-me mais uma vez que o CEP não é apenas um nome, mas é uma unidade, uma identidade, professores e alunos do CEP tem uma relação de amor com esta escola que permanece após a formatura e as aposentadorias.
Hoje, após os acontecimentos da última semana, quero dizer que vivemos momentos de tensão, de insegurança, de dor, de ver colegas chorando de angústia, mas que também foram momentos de beleza e consciência de cidadania quando nossos alunos fizeram o “retorno à prática social”, como diz Saviani, que eu aprendi através de suas falas em meados da década de 80.
Isto mostra que existe um outro lado que o momento propiciou. Apesar de todo este clima, vi nos alunos do CEP o brilho nos olhos que eu tinha em 1984 quando entrando na Universidade fui para a rua participar das “Diretas Já”, vi a mesma confiança, a esperança e a indignação que moveu os “caras pintadas” em 1992, que eu também estava lá e foi a partir de uma fala sua na APP, que naquela época saí junto com os alunos para a rua. Vi um movimento explodir no CEP, sem o nosso controle, vi alunos que nas minhas aulas raramente se pronunciam pegar em microfone e lhe questionar duramente. Vi o orgulho de abraçar o CEP e dizer para Curitiba “CEP eu te amo”, vi o cuidado com as flores do jardim intactas, vi a emoção e as lágrimas ao cantarem juntos “Pra não dizer que não falei das flores”. A consciência e a cidadania foram despertadas espontaneamente.
Temos que ficar atentos, pois a História nos mostra como começa uma revolta, mas nunca poderemos saber como ela vai terminar. Acredito que as relações são construídas a cada dia e são alimentadas pela positividade e pelo respeito. Aí lhe pergunto: Se a senhora continuar na direção, como vai participar da formatura no dia 18 de Dezembro? Como os alunos irão recebê-la com aplausos ou vaias? Ou a diretora geral do CEP pela primeira vez na história não vai participar deste momento tão importante? Ou mais além, se esta situação se prolongar como vai falar novamente na Universidade, aos professores da rede estadual ou municipal, sobre uma escola democrática se a sua gestão desencadeou uma revolta estudantil sem igual na história do CEP, hoje documentada nos jornais, na internet, e principalmente na memória de todos os que viveram a semana passada. E penso que processos não apagam esta memória
Eu ainda lembro das falas suas que ouvi no Colégio Unidade Polo, no Colégio Guimarães, na APP, na UFPR, na Fazenda Rio Grande, que muito inspiraram a minha prática profissional. Muitas destas falas, hoje, eu repasso às minhas alunas no Curso de Pedagogia. Não esqueço o que cantávamos em 1984: “Nova aurora a cada dia e há de se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor e fruto” (Coração de Estudante).
Hoje mais do que nunca acredito que tudo que aprendemos é pelo amor ou é pela dor. Encerro com as palavras de Lao Tse ao descrever o sábio há mais ou menos 600 a.C.
“Aquele que conhece os outros é sábio, aquele que conhece a si mesmo é iluminado
Aquele que vence os outros é forte, aquele que vence a si mesmo é poderoso.
Seja humilde e permanecerás integro, curva-te e permanecerás ereto.
O sábio não se exibe e por isso brilha, ele não se faz notar e por isso é notado
Ele não se elogia e por isso tem mérito.
E por não estar competindo, ninguém no mundo pode competir com ele“.



Atenciosamente,

Professora Cleusa (História) 12/11/2007.

MANIFESTO DE PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR DE UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Após tomar conhecimento pela imprensa de fatos ocorridos no Colégio Estadual do Paraná, e pelos que foram trazidos à Reunião Plenária do Departamento de Administração Escolar do dia 22 de novembro de 2007 a partir da análise do Processo Administrativo número 23075.045471/2007-53, bem como dos informes trazidos pela Professora Sônia Guariza Miranda relativos à reunião ocorrida na APP-Sindicato, na noite de 21 de novembro de 2007, com a diretoria da entidade e parte dos professores do CEP envolvidos com a reivindicação de eleições diretas para a direção do CEP e superação de retaliações perpetradas contra os reivindicantes pela atual gestão do CEP, os professores Gracialino e Sônia compreendem que os acontecimentos no Colégio caracterizam um estado de crise na gestão político-pedagógica e administrativa da instituição de enormes proporções; que essa crise precisa ser superada para que o Colégio como escola pública cumpra efetivamente a sua função social: o ensino e a aprendizagem dos conhecimentos científicos e culturais acumulados pela humanidade, em um ambiente ético democrático e respeitoso; que o CEP deve se caracterizar por um espaço onde se cultive o "pluralismo de idéias e concepções pedagógicas", o "respeito à liberdade e apreço à tolerância", a "valorização do profissional da educação escolar", seja ele pedagogo, docente, técnico ou em quaisquer outras funções dentro da escola, e a "gestão democrática do ensino público", tal como define a Lei 9394/96. Entendem ainda os signatários deste documento que o cumprimento dessas definições legais é incompatível com um ambiente onde a atual crise de gestão político-pedagógica no CEP se materializa, entre outros fatos, pela violação de direitos ao trabalho e ao exercício da função educativa e didático-pedagógica, motivadas estritamente por perseguições político-ideológicas, caracterizando-se pelo afastamento arbitrário de professores de suas funções de docência em meio ao semestre letivo, demissão arbitrária de funcionários sem justa causa, além do inconcebível ato do emprego do aparato policial de repressão contra as manifestações políticas dos estudantes onde pelo menos um estudante, adolescente, foi algemado no interior do Colégio e preso em "camburão" de viatura policial que o levou para a Delegacia. Compreendem os professores signatários que a Pedagogia é a ciência que estuda a educação, que cultiva a ética e a democracia; que gestão político-pedagógica é a mediação em bases científicas das formas democráticas de socialização dos conhecimentos científicos e culturais. Com base nesse entendimento os signatários apelam para o bom senso das autoridades para que se estabeleçam as condições reais com pessoas que efetivamente possam garantir o diálogo para a superação da crise de gestão político-pedagógica no Colégio Estadual do Paraná e o processo democrático no Colégio como uma escola pública voltada para a formação cidadã, e ainda apelam pela democracia no CEP, onde orgulhosamente um grande número de alunos de graduação da UFPR são orientados por seus docentes em estágio de formação pedagógica.
Curitiba, 22 de Novembro de 2007.
Professores Dr. Gracialino da Silva Dias e Dra. Sônia Guariza Miranda.

Nota Pública da APP sobre Colégio Estadual do Paraná

A APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Paraná, vem, através desta NOTA PÚBLICA, esclarecer fatos e posicionar-se sobre os acontecimentos que vêm ocorrendo no Colégio Estadual do Paraná
Em diversos momentos, a pedido de muitos educadores e de forma sistemática como representantes da categoria, estivemos no Colégio Estadual. Conversamos com alunos/as, funcionários/as e professores/as, equipe pedagógica, ocupantes de cargos DAS e com a Direção Geral do CEP, Professora Maria Madselva F. Feiges para podermos avaliar a situação e só então nos pronunciarmos publicamente.
Em primeiro lugar, queremos reafirmar que reconhecemos amplamente os trabalhos realizados pela Professora Maria Madselva Feiges na sua carreira como educadora, no ensino básico e no ensino superior, nos encontros de formação com a APP-Sindicato e sua trajetória em defesa da Educação Pública. Não se deve, por questão ética, desconsiderar a história de uma pessoa mesmo quando discordamos dos seus encaminhamentos no exercício do poder.
O projeto pedagógico de uma escola tem que ser fruto de uma construção coletiva e com base numa disposição e numa prática incansável de diálogo, não podendo ser imposto, por melhores que sejam os projetos. Entendemos também que nenhuma discussão sobre qualidade de ensino poderá ser feita sem considerar na mesma medida as condições de trabalho em que este ensino se dá.
No entanto, dada a situação de conflito instalada no Colégio, o divisionismo que se produziu como resultado desse conflito e a impossibilidade de diálogo que se estabeleceu entre a direção e a grande maioria dos/as educadores/as, entendemos a necessidade de abertura para um novo processo de direção que restaure as condições efetivas para o trabalho com um esforço coletivo que supere os atritos, as disputas, as divergências para o bem de toda a comunidade escolar.
É necessário que a escola volte a funcionar plenamente, é necessário que os/as alunos/as retornem às salas de aula, é necessário que manifestações destrutivas e agressões cessem imediatamente. É necessário reconstruir as relações e a convivência nesse local de trabalho em outro patamar e sem a presença da polícia, sem sindicâncias, sem punições e processos administrativos.
A APP-Sindicato reafirma o diálogo como processo de permanente construção das relações democráticas na Escola e na Sociedade.
Essa NOTA PÚBLICA traduz o que já explicitamos, pessoalmente, no dia 12/11/2007, para a própria Professora Maria Madselva Feiges, para a Secretaria de Estado da Educação através do Diretor Geral Ricardo Bezerra e da Superintendente de Ensino Professora Yvelise Arcoverde, como decisão da diretoria da APP-Sindicato.Reafirmamos nossa luta histórica em defesa de eleições diretas para direções das Escolas como princípio fundamental para uma gestão democrática. Se a eleição por si só não garante a democratização da gestão, sem ela tampouco se pode construí-la. Além da eleição é necessário avançar no fortalecimentos das instâncias colegiadas: Conselho Escolar, Grêmio Estudantil e APMF.
A APP-Sindicato se solidariza com o sofrimento de cada um dos sujeitos envolvidos nesse processo, de um lado e de outro.
Temos que ter em mente que somos colegas de trabalho e que, passado o conflito, deveremos saber trabalhar lado a lado na importante tarefa de educar os/as adolescentes que são nossos/as alunos/as.
Nossa proposta para superar a situação atual, é que o Secretário de Estado da Educação nomeie imediatamente uma COORDENAÇÃO para dirigir o Colégio Estadual do Paraná e que organize em até 120 (cento e vinte) dias as Eleições Diretas. Já tramita na Assembléia Legislativa o Projeto de Lei (PL) 825/07 que permite as Eleições Diretas no Colégio Estadual do Paraná.
Com o avanço da gestão democrática ganham todos e todas que lutam em defesa da Educação Pública.
“Escola é.../o lugar onde se faz amigos/ não se trata só de prédios, salas, quadros, /programas, horários, conceitos.../ Escola é, sobretudo, gente,/ gente que trabalha, que estuda, /que se alegra, se conhece, se estima./ O diretor é gente,/ O coordenador é gente, o professor é gente,/ o aluno é gente,/cada funcionário é gente.E a escola será cada vez melhor/ na medida em que cada um/ se comporte como colega, amigo, irmão. (...)” Paulo Freire
DIREÇÃO ESTADUAL DA APP-SINDICATO

Pronunciamento dos Pais

Nós, pais de alunos do Colégio Estadual do Paraná, diante de tudo que estamos vendo acontecer naquela renomada instituição de ensino, vimos registrar a nossa INDIGNAÇÃO e solicitar ajuda, uma vez que não estamos vendo nenhum interesse do poder público que dirige a Secretaria de Estado da Educação e o nosso estado em resolver o problema. Esta situação absurda poderia ter sido evitada, pois muitos de nós já vínhamos demonstrando nossa preocupação desde o início da gestão da profª Madselva, pois nossos filhos demonstram insegurança quanto às práticas pedagógicas implementadas pela atual diretora geral e, neste ano, não fomos chamados à escola, a não ser para ouvir uma aula da professora Madselva no auditório, num momento em que acreditávamos estar reunidos para ouvir e sermos ouvidos. Quando procuramos a escola pedindo solução para alguns problemas, não recebemos respostas concretas ou informações que nos tranqüilizem. Ficou muito evidente a falta de organização da escola. Algumas turmas, em algumas disciplinas tiveram 05 professores diferentes até agora. Professores substitutos não têm conseguido dar aulas com a qualidade dos substituídos. Quando um professor falta, a prática agora é adiantar aula. O professor que está dando aula em outra turma é solicitado a passar uma tarefa. Isso gera um prejuízo enorme para os nossos filhos, pois eles acabam ficando sem duas aulas no dia: a do professor que faltou e a do que adiantou a aula. Falta de clareza no sistema de avaliação, o sistema de recuperação, a falta de limites para nossos filhos em alguns momentos e a polícia em outros tem gerado uma preocupação muito grande. A redução do número de vagas para 2008, de 1200 para 320, para ingresso no 1º ano do Ensino Médio, deixa claro que alunos que estudam nas escolas públicas até a 8ª série, dificilmente conseguirão uma vaga no Colégio Estadual do Paraná. Não HÁ NENHUMA DEFESA DE EXTINÇÃO DOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES, A LUTA É PELA MELHORIA DA INFRA-ESTRUTURA DOS CURSOS QUE JÁ EXISTEM(ver item 11 da carta denúncia). O afastamento de professores e funcionários comprometidos com o projeto político pedagógico que defendemos mostra a falta de democracia dentro da escola. Queremos deixar registrado o nosso respeito pelos professores e funcionários pela dignidade e coragem que tiveram de sair em defesa dos nossos filhos, apesar de saberem que sofreriam represálias. Lendo a nota de esclarecimento da Secretaria de Educação, ficamos perplexos, ao ler que a profª Madselva veio implantar uma série de medidas de aperfeiçoamento pedagógico. Que medidas são essas? Eliminação de privilégios? O único privilégio que ela parece ter eliminado foi o ambiente receptivo à presença dos pais e à harmonia necessária para que professores e funcionários comprometidos com um ensino de qualidade possam fazer seu trabalho. O livro de ponto não garante a presença do professor em sala. Profissionais sérios fazem seu trabalho independente de controle do ponto, que já era feito pelas inspetoras dos corredores. Muitos professores, funcionários e pais estão com MEDO. Como terminará este impasse? Como terminará o ano letivo dos nossos filhos? Isso é fazer política? A política não deveria tomar decisões que beneficiem a coletividade? A quem interessa a destruição da qualidade da educação no tradicional Colégio Estadual do Paraná?

Curitiba, 17 de novembro de 2007.

Carta às Famílias do Colégio Estadual do Paraná

Estamos atravessando uma crise profunda no Colégio Estadual do Paraná que nos obriga a tomar uma posição. Esta crise não vem de hoje e não está isolada daquilo que se passa para além dos muros do colégio. A intransigência daqueles que estão no poder e que, ironicamente, foram eleitos para representar a vontade da maioria é uma coisa bastante antiga na nossa tênue democracia. Mas não podemos, por isso, perder a esperança. Hannah Arendt, uma das principais pensadoras do século XX, que dedicou toda a sua vida à luta pela democracia, escreveu que “o milagre da liberdade está contido no fato de que cada homem é em si um novo começo, uma vez que, por meio do nascimento, veio ao mundo que existia antes dele e que vai continuar existindo depois dele”. Os alunos do Colégio Estadual do Paraná estão demonstrando na prática a verdade deste pensamento. Quando os mais velhos, professores e funcionários, já estavam ficando resignados com todos os desmandos da Direção Geral do Colégio Estadual do Paraná, foram os alunos que levantaram a cabeça, com muita dignidade, e disseram NÃO AO AUTORITARISMO. Com isso, ajudaram a resgatar a esperança quase perdida de muitos que já não viam mais nenhuma luz no final do túnel.
Este movimento contra o autoritarismo começou na terça-feira, dia 06/11, no turno da manhã, quando a profª Madselva fez a entrega de uma moto sorteada pela comissão de formatura. Os alunos começaram a fazer perguntas à diretora sobre os critérios do sorteio e aproveitaram o momento para perguntar-lhe outras coisas relativas à administração do colégio, tais como: critérios de avaliação e recuperação de estudos que têm barateado a qualidade da educação do CEP. A profª Madselva, diante de uma platéia de aproximadamente 1700 alunos, não respondeu às questões e ainda deu as costas aos estudantes que, daquele momento em diante, recusaram-se a entrar nas suas respectivas salas até que tivessem as respostas que tanto esperavam. Como suas indagações não foram respondidas, na quarta-feira, dia 07/11, deram prosseguimento aos protestos, agora com um novo propósito: FORA, MADSELVA. Nesse dia, professores e funcionários encheram o peito de coragem e somaram forças com os alunos que, afinal, estavam numa luta por democracia num ambiente em que predomina a intransigência, a intolerância e o pensamento único: estavam colocando em prática algumas das lições que aprenderam na teoria.
Desde que a profª Madselva assumiu a direção do colégio, no início deste ano, o Regimento Escolar vem sendo simplesmente desconsiderado. É como se não existisse um regimento, pois o que predomina é a vontade da Direção Geral. A escola pública tem por princípio a gestão democrática que está prevista na LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação) e na Constituição Federal. A gestão democrática, por sua vez, pressupõe o respeito do diretor, eleito ou não, a algumas instâncias deliberativas: Conselho Escolar, APMF e Grêmio Estudantil. Destas, a mais importante é o Conselho Escolar que é constituído por representantes de todos os segmentos da escola. Simplesmente não houve reuniões do Conselho Escolar do Colégio Estadual do Paraná, como instância consultiva e deliberativa, desde que a profª Madselva assumiu até o dia 24 de outubro (conforme carta assinada por membros Conselho Escolar anexada às 25 denúncias encaminhadas a SEED e ao Ministério Público). Quando houve convocação, foi apenas para referendar decisões tomadas pela Diretora Geral. Por sua vez, parte da APMF e do Grêmio Estudantil foram cooptados pela Direção Geral e já não representam o interesse da maioria. Exemplo disso foi que, enquanto os estudantes estavam protestando por democracia, o Presidente do GECEP estava participando de um programa na TV Paraná Educativa, chamado Fórum Social, defendendo a Direção Geral do Colégio Estadual do Paraná. Aliás, nesse “fórum” não havia nenhum tipo de pensamento divergente, ou seja, não havia ninguém que não estivesse lá apenas para defender a profª Madselva. Quanto ao papel da APMF, mesmo diante de toda a crise instalada, ainda não foi capaz de convocar uma reunião com os pais para esclarecer o que realmente está acontecendo, apesar de insistentes pedidos de alguns pais para que a reunião seja convocada. Houve uma convocação pela internet, postada no site colégio no dia 08/11, às 14h, para uma reunião que ocorreria no dia seguinte, às 8 h da manhã. Além do horário impróprio, inviável para a maioria dos pais, o meio de comunicação utilizado foi a internet, algo de que nem todas as famílias dispõem.
Os nossos estudantes estão dando uma verdadeira AULA DE CIDADANIA para a sociedade paranaense. Nós, como seus professores, ficamos muito orgulhosos daquilo que estamos presenciando. Mas temos pleno conhecimento de que, se eles são críticos, verdadeiros sujeitos históricos que não apenas vivem a história, como também a constroem conscientemente, esta responsabilidade não pode ser creditada apenas a nós, pois “o fruto não cai longe da árvore”. Esta capacidade crítica e toda a dignidade que estão demonstrando, temos certeza, eles aprenderam em casa. A educação começa em casa, continua na escola e não termina jamais. Ninguém deve se considerar velho demais para aprender algo de novo ou com os mais novos. Hoje são eles que ensinam aos mais velhos que é preciso resistir. O mundo vai continuar depois de nós e por isso temos uma grande responsabilidade por ele, por aquilo que será do mundo daqui a alguns anos. Quando alguém coloca um filho no mundo precisa ter muito clara esta responsabilidade. E temos certeza de que os pais destes filhos que hoje estão fazendo a história do Colégio Estadual do Paraná querem que o futuro deles seja num mundo mais justo, mais humano e mais fraterno.
Acreditando que todos queremos o melhor para nossos alunos e nossos filhos, convidamos a todos para uma REUNIÃO...APP(?)

sábado, 24 de novembro de 2007

Reportagem, "O estado do Paraná".

Reportagem, "O estado do Paraná".

Retirado do Jornal "O Estado do Paraná" do dia 24/11/2007.

ET CETERA [24/11/2007]

A semana termina hoje exatamente como começou para o titular da pasta da Educação: em crise. Maurício Requião, embora se julgue um político experiente e um grande negociador, está tomando um baile dos estudantes secundaristas do Colégio Estadual do Paraná (CEP). Beira o surreal! O irmão do governador, por incrível que pareça, ainda não conseguiu conter o motim adolescente engendrado pelos alunos da escola. A meninada, que há duas semanas força a deposição da atual diretora, Maria Madselva, também luta pela realização de eleições diretas para a função. A turminha do uniforme azul e branco está fazendo o “melhor secretário do País” sambar.

Alunos em vantagem

Por se tratar de um movimento estudantil que clama por democracia, a opinião pública nutre total simpatia pela causa. Aliás, é absurdo o fato de o Colégio Estadual ser o único do Paraná a não realizar a escolha da diretoria por pleito universal.

Entenda o porquê

Além da questão política, o que explica a relutância do governo em alterar as regras para a nomeação do diretor da escola é o fato de existirem 20 cargos em comissão dentro da instituição de ensino. Hoje, a Secretaria da Educação tem liberdade para indicar quem quiser.

Na parede

Ao perceberem que a administração está fragilizada por não conseguir resolver o impasse, os alunos saíram às ruas ontem para pedir a cabeça da diretora da escola. Aos gritos de “Fora Madselva!”, eles protestaram em frente à Assembléia Legislativa e, com ironia, ainda deram o recado ao ocupante do “Centro Administrativo Luiz Caron”.

As versões

Na guerra de versões dos dois lados, quem perde feio é o governo. Como Roberto Requião mantém uma postura autoritária e antidemocrática, sua indicada, Maria Madselva, padece da mesma imagem. Acusada de perseguir professores, ela hoje permanece no cargo por mera teimosia. Também ficou chato para o Estado o adiamento por tempo indeterminado da reunião que buscaria uma solução para a crise no Colégio Estadual. Sob o argumento de que os estudantes aderiram à baderna, o Estado fechou as portas para o diálogo. Nos bastidores, contudo, comenta-se que a direção aposta na ameaça de não liberar o histórico dos alunos do 3.º ano para tentar frear as manifestações. O jogo é pesado.

Negativas

A diretora Madselva contesta todas as acusações e diz que não persegue ninguém. Entretanto, sua tese soa frágil, visto que tem sido difícil encontrar alguém do corpo escolar que a defenda publicamente, exceção feita aos aliados e indicados do poder.

Em apuros

Vale frisar que o problema do Colégio Estadual é secundário para a vida de Maurício Requião. Reside no Ministério Público, em particular na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, sua maior dor de cabeça. As investigações do órgão sobre a compra dos 22 mil televisores alaranjados em uma licitação suspeitíssima correm em altíssima velocidade. Conforme revelou uma fonte da coluna, trata-se de uma bomba.

Para pensar

A frase para reflexão deste sábado é de Adam Smith (1723-1790), considerado por muitos o mais importante teórico do liberalismo econômico: “O grande segredo da educação consiste em orientar a vaidade para os objetivos certos”.

Juventude protagonista e democratização da sociedade.

Juventude protagonista e democratização da sociedade.

A primeira vez que ouvi a palavra protagonista ser aplicada fora das telinhas do cinema foi na minha formação em Psicodrama, nos idos de 80. Com ele, o(a) protagonista colocava em ação a sua história, com o(a) outro(a) e para o(a) outro(a), num processo mútuo de aprendizagem, no encontro. Na mesma época, este termo, já tão familiar para mim, ganha destaque nas práticas pedagógicas e nas políticas propostas para a juventude por Antonio Carlos Gomes da Costa, que aposta na força transformadora do(a) jovem, cunhando a expressão “protagonismo juvenil”. Com ela mobiliza a juventude, dando-lhe o direito e o dever de ser construtora e autora “de sua história e da história de seu país”.

A origem disso, no entanto, deve-se às idéias e experiências de Roger Hart, um psicólogo americano que Antonio Carlos Gomes da Costa conheceu numa viagem à América Central. Suas idéias a respeito das crianças e adolescentes podem ser resumidas na seguinte citação: “A participação é um importante antídoto às práticas educativas tradicionais, que correm o risco de deixar a adolescência alienada e exposta à manipulação. Por meio de uma participação genuína em projetos que levem à solução de problemas verdadeiros, os jovens desenvolvem capacidades que são essenciais para autodeterminação de suas opções políticas. O benefício é duplo: a autodeterminação do jovem e a democratização da sociedade”.

É sobre isso que quero refletir, a partir de dois fatos importantes para a educação de nossa cidade. O primeiro, protagonizado por estudantes da Universidade Federal do Paraná, numa ação polêmica de mobilização contrária ao REUNI, plano de reestruturação das universidades brasileiras e, o segundo, protagonizado por estudantes do ensino médio do Colégio Estadual do Paraná, exigindo a saída da interventora e solicitando o direito de escolher, através do voto, quem deve dirigir a escola.

No primeiro, mesmo sendo contrária á ocupação como método de luta, reconheço a importância do movimento, necessário onde o diálogo é mascarado em relações desiguais de poder. Muitos(as) professores(as), pesquisadores(as), funcionários(as) e estudantes viram frustradas suas expectativas de discutir e votar a adesão a esse modelo que, em nome da ampliação de vagas e disponibilização de verbas, de forma irresponsável e equivocada, vulgariza e coloca em risco a qualidade dos(as) profissionais que serão formados(as). É o modelo tão questionado da aprovação em massa do ensino fundamental que se estende ao ensino superior, que passa à obrigatoriedade de 90% de aprovação, em troca de 20% a mais de recursos onde tudo falta.

Esgotadas as possibilidades éticas apontadas pelos(as) trabalhadores(as) federais do ensino superior frente ao REUNI, sobraram aos(às) estudantes, e somente eles(as) poderiam ir mais além, chamar a atenção para o caos que se instala nas universidades brasileiras e para a estrutura hierarquizada da instituição, cuja representação estudantil é sempre minoria e poucas vezes se faça ouvir, embora tenha vez e voz em todas as instâncias. Importante lembrar que a atual gestão para a reitoria foi eleita sem a maioria dos votos dos(as) estudantes. Vencidos na causa, mas vencedores na “sua trajetória biográfica com o mundo adulto” por uma educação e formação de qualidade, sem propinas oficializadas.

Mas, bonito de se ver, embora com tristeza no coração, é a ação organizada e corajosa dos(as) estudantes do Colégio Estadual do Paraná em prol do sepultamento, de uma vez por todas, dos ranços do modelo militar autoritário que impunha, como líder, em todas as instâncias, quem não consegue ser liderança. Independente da qualidade da gestão a que se propõe, quem se submete a exercer tal função em nome do poder, não o faz em nome da democracia. A direção de uma escola deve estar a serviço do pedagógico e não se sobrepondo a ele. A direção é para os(as) estudantes, professores(as), funcionários(as), pais e mães, pedagogos(as) e comunidade. Quem dirige para o secretário ou governador é interventor (tem sido assim nos últimos anos). Cabe lembrar que a atual interventora nem ao menos pertence ao quadro próprio do magistério do estado.

A escola existe em função de e para os(as) estudantes. A direção, os(as) professores(as), os(as) técnicos(as) administrativos e demais profissionais da educação estão a serviço da aprendizagem dos estudantes. E quando estudantes e educadores(as) se unem em prol de uma causa, muito pouco de engano há por aí. E assim o protagonismo se dá, contribuindo para “o desenvolvimento do senso de identidade, da auto-estima, do autoconceito, da autoconfiança, da visão de futuro, do nível de aspiração vital, do projeto e do sentido de vida, da autodeterminação, da auto-realização e da busca de plenitude humana por parte dos jovens”.

Destaco também o protagonismo corajoso da estudante que, sozinha sobre o muro, enquanto os(as) demais estudantes davam o “abraço” na escola, com um simples cartaz pedia para a “diretora” ficar.

É preciso que o mundo adulto compreenda e acolha essas atitudes, acompanhando, orientando e ajudando a juventude a construir a sua autonomia em situações construtivas e solidárias na solução de problemas que lhes são reais. Chamar a polícia, penalizar seus adultos de referência, exonerar trabalhadores(as) que se posicionam em lados diferentes, chamar os(as) estudantes de moleques e outros termos que os desqualificam são atos covardes e autoritários, reforçando o paradigma de violência que impõe a força sobre o diálogo.

Cèlestin Freinet, educador francês do início do século passado, dentre seus Invariantes Pedagógicos apontava como primeiros: “ser maior não significa ser necessariamente melhor” e que “as crianças, assim como os adultos, não gostam de ser mandados”.

Paulo Freire, em sua obra “Pedagogia da autonomia”(1996), entre tantas dádivas afirma que ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo, exige tomada consciente de decisões, saber escutar, reconhecer que a educação é ideológica, disponibilidade para o diálogo e, principalmente, exige querer bem aos educandos. Que os fatos nos apontem esperança. Juventude é presente e futuro. De cara pintada ou com nariz de palhaço, vão sinalizando como podemos democratizar a sociedade.

Araci Asinelli da Luz
Doutora em Educação.Professora do Setor de Educação da UFPR

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O que está em jogo no Colégio Estadual do Paraná

O que está em jogo no Colégio Estadual do Paraná


“Querer fazer a revolução em um campo é concordar com o essencial do que é tacitamente exigido por esse campo, a saber, que ele é importante, que o que está em jogo aí é tão importante a ponto de se desejar aí fazer a revolução” (Pierre Bourdieu, É possível um ato desinteressado?). Diante do caos instalado no Colégio Estadual do Paraná, temos diversos interesses em jogo. Existe uma disputa bastante clara entre dois lados em evidente oposição. Mas não se trata de um maniqueísmo, de uma “guerra entre o bem e o mal”, como pretende demonstrar o lado que apóia a profª Madselva, que possui o respaldo de todo o aparato do Estado: Secretaria de Estado da Educação, Conselho Estadual de Educação, TV Cultura e agora, surpreendentemente, também o Ministério Público. O outro lado, denominado “alguns” estudantes, professores funcionários e pais, hoje representa a maioria absoluta da comunidade escolar. Ele não é nem elitista e muito menos o “lado escuro da força”: simplesmente está lutando por democracia num ambiente onde atualmente predomina o autoritarismo de um grupo que governa o Colégio Estadual do Paraná como se fosse uma oligarquia. Projeto Elitista X Projeto Progressista Segundo o discurso do prof. Romeu Miranda, presidente do Conselho Estadual de Educação, no programa Fórum Social da TV Cultura (22/11/2007), o que está em jogo é um projeto de escola progressista, voltado para as classes trabalhadoras, que está sendo implantado pela profª Madselva, que se opõe ao projeto de escola elitista atualmente em vigor no Colégio Estadual do Paraná. Para quem não sabe, o principal responsável pela implantação deste projeto denominado “elitista” foi o próprio prof. Romeu que esteve no comando pedagógico do CEP do início de 2003 ao final de 2005. É, no mínimo, curioso que este professor, hoje na cadeira de Presidente do Conselho Estadual de Educação, indicado pelo Governador do Estado, tenha mudado tão radicalmente a sua opinião sobre qual concepção de educação deve nortear o Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual do Paraná. Todo mundo tem o direito de mudar o seu ponto de vista, mas o que não podemos fazer é fugir das nossas próprias responsabilidades. Que exemplo daremos às nossas “crianças”?

Sobre o controle de freqüência dos professores A profª Madselva afirmou, entre outras coisas, que alguns integrantes do corpo docente estão revoltados porque ela agora está exigindo a presença dos professores. Para isso, ela introduziu um controle através do livro ponto, algo que não existia no Colégio Estadual do Paraná. É importante esclarecer que sempre houve um acompanhamento rigoroso da freqüência dos professores que, antes da mudança, era feito através dos diários de classe que ficavam sob a responsabilidade das inspetoras de corredor. Quando havia falta ou atraso de algum professor, as inspetoras registravam e encaminhavam para a Direção Auxiliar para as providências cabíveis junto ao departamento de recursos humanos (GARH) do CEP. Não só havia controle, como ele era ainda mais eficiente, pois quando a soma dos atrasos registrados chegava a 50 minutos, era atribuída uma falta em uma aula para o professor, desde que não houvesse justificativas legais. O argumento da professora Madselva para justificar a mudança, aceito por todos os professores, era de que trata-se de uma questão legal para a segurança funcional do próprio professor. Da maneira como a profª Madselva fala à imprensa sobre a mudança, dá a entender que os professores do Colégio Estadual do Paraná são irresponsáveis a ponto de não cumprirem, sequer, uma das obrigações funcionais mais básicas que é o horário. É mais fácil dizer isso do que assumir que os professores não estão simplesmente revoltados, mas decepcionados porque as mudanças que esperavam da profª Madselva eram no direcionamento pedagógico da escola: esperavam que ela viesse para qualificar o Projeto Político Pedagógico, algo que até o presente momento continua na mesma situação que estava antes da sua chegada.TV Paraná Educativa ou aparelho ideológico do Estado? No programa denominado Fórum Social da TV Paraná Educativa esteve presente todo o aparato de defesa da profª Madselva, mas não havia ninguém falando em nome da oposição. A palavra fórum, no sentido que o referido programa pretende empreender, significa, conforme o dicionário Houaiss, “reunião, congresso, conferência que envolve debate de um tema”. Todo mundo sabe que para haver debate é preciso que existam pelo menos duas posições opostas. Não foi isto o que aconteceu. Por outro lado, alguns dos demais meios de comunicação, chamados constantemente por este governo de “imprensa marrom”, têm dado uma aula de jornalismo na nossa, outrora, exemplar televisão pública, permitindo, pelo menos, o direito de resposta aos lados opostos do jogo. As “crianças” que lideram o movimento dos estudantes poderiam muito bem exemplificar este paradoxo grotesco com a famosa canção infantil: “A cobra não tem pés... A cobra não tem mãos... Como é que a cobra sobe no pé de limão?”

Prof. Wanderley José Deina
Mestre e doutorando em Educação pela USP


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