sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Conseqüências do barateamento da educação pública II

Educação em crise
12 de Dezembro de 2008


O Brasil, em matéria de educação, é uma espécie de doente crônico, cheio de contrastes
Arnaldo Niskier

É um panorama altamente preocupante Temos 14 milhões de analfabetos e uma pós-graduação de Primeiro Mundo; o ensino fundamental foi praticamente universalizado, mas a qualidade deixa muito a desejar; todos se preocupam com a educação profissional, mas o ensino médio ainda não encontrou seu caminho (é uma balbúrdia); o ensino superior pode crescer muito, mas são poucas as instituições de elite; os cursos de formação de professores são lamentáveis, como são lamentáveis os salários pagos aos quadros do magistério.

Diversos estudiosos consideram que os cursos de pedagogia são inaptos para formar bons profissionais.

Faculdades de pedagogia entregam ao mercado de trabalho docentes incapazes de assumir uma sala de aula e dominar turmas de alunos. Por quê? Porque muitos professores trazem limitações oriundas de uma educação básica falha. Cometem erros crassos de ortografia, têm dificuldade na compreensão de textos e total desconhecimento de conceitos científicos imprescindíveis. Tais problemas os acompanham pelo curso de pedagogia e saem de lá sem se livrar deles.

A mentalidade que reina no mundo acadêmico supervaloriza a teoria e menospreza a prática. O trabalho concreto em sala de aula é colocado no segundo plano, enfatizando a aplicação de conhecimentos filosóficos, antropológicos, políticos, históricos e econômicos à educação. A bibliografia adotada nos cursos ratifica o que ora afirmamos -são autores, com honrosas exceções, que apresentam temas de ideologias superadas, em prejuízo da parte referente ao trabalho do professor em sala de aula.

O estágio supervisionado é uma disciplina relegada e, às vezes, até inexistente. Como aprender a dar aula sem fazê-lo, antes, efetivamente, e com a devida orientação? Briga-se para pagar o piso de US$ 400 mensais aos professores de ensino fundamental (por 40 horas semanais) quando o Japão paga US$ 2.000. Com esse panorama, como duvidar de que a educação brasileira esteja mesmo em crise? Veja-se o caso presente da discussão em torno do sistema de cotas. De cinco anos para cá, é assunto dominante nas universidades. A Câmara dos Deputados colocou mais lenha na fogueira. Acreditamos que houve aprovação de um projeto altamente discutível. A reserva de 50% de vagas nas universidades federais para alunos egressos das escolas públicas apresenta preferências étnicas que são rigorosamente inconstitucionais.

Vagas serão preenchidas por descendentes de negros, pardos e indígenas na proporção da população de cada Estado. O cálculo terá por base o censo do IBGE. Haverá ainda reserva de metade das vagas para estudantes de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita.

Se a Carta Magna proíbe a discriminação por motivo de raça, não é defensável o argumento de que se deve impor o movimento contrário. O inciso IV do artigo 3º da Constituição -a Constituição Cidadã- explicita literalmente este aspecto: "Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Cotas raciais não têm amparo legal e, na verdade, camuflam a leniência oficial em relação à qualidade do ensino público, este, sim, a merecer toda espécie inadiável de apoio. E tem mais: é uma agressão à autonomia universitária. Frise-se ainda que a Câmara entendeu que pode aliviar, por meio do novo mecanismo de cotas raciais e sociais, a obrigatoriedade dos exames de habilitação para o ensino superior.

Trata-se, na verdade, de uma imposição que, na prática, não funcionará.

O melhor exemplo é o que ocorreu na Uerj, a primeira universidade pública a adotar o sistema de cotas. São revelações do reitor Ricardo Vieiralves. Dos 1.320 alunos iniciais, concluíram os cursos escolhidos só 350 alunos. Por motivos diversos, em geral econômicos, houve grande evasão.

Vivemos um tempo difícil em nosso país, fruto também da desordem econômica mundial. Temos hoje cerca de 20 mil cursos superiores e a maioria deles se ressente da necessária excelência. Para complicar as coisas, os jovens desconhecem a chamadas "profissões do futuro", aquelas ligadas à alta tecnologia, genética e meio ambiente. Preferem os cursos tradicionais, desconhecendo a saturação que ocorre, sobretudo nos grandes centros urbanos, em profissões como medicina e direito.

Há uma sedução pelas profissões midiáticas, como publicidade e propaganda, jornalismo, audiovisual e artes cênicas, que estão entre as dez mais procuradas, com um pormenor essencial: são aquelas em que ocorre maior índice de desistências, pois o mercado de trabalho é bastante restrito. A geração nascida entre 1980 e 1995 é vítima desse equívoco. A era da interatividade não tem ajudado na escolha profissional adequada. É um panorama altamente preocupante.

Arnaldo Niskier, 73, professor, jornalista e escritor, é membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do Ciee/Rio.

fonte: Folha de São Paulo (12.12.2008)

Conseqüências do barateamento da educação pública I

Jornal Gazeta do Povo - Ensino - Sexta-feira, 12/12/2008


Educação


Aluno brasileiro freqüenta mais a escola. Só que não aprende
Relatório mostra que, na 8.ª série, apenas um em cada cinco estudantes entende o conteúdo de Língua Portuguesa. Em dois anos, houve avanços, mas ainda muito lentos
12/12/2008 | 03:04 |

Apenas 27,9% dos alunos da 4ª série do ensino fundamental aprenderam, em 2007, o conteúdo adequado para sua série em Língua Portuguesa. Na 8ª série, somente um a cada cinco estudantes entendeu a matéria. Esses são alguns resultados do relatório divulgado ontem, em São Paulo, pelo Movimento Todos Pela Educação. Se quiser atingir as cinco metas propostas pelo projeto, o país vai precisar investir mais em ações que promovam a melhoria da qualidade do ensino.

Segundo o levantamento, apenas 50% das metas de aprendizagem foram alcançadas e, se esse ritmo for mantido, a maior parte dos estados não alcançaria a maioria dos indicadores estimados. O Paraná está entre os estados que tendem a não atingir esses índices. O movimento defende que até 2022, 70% ou mais dos alunos devem ter aprendido o que é essencial para a sua série. O Todos Pela Educação é um movimento da sociedade civil, que reúne lideranças sociais, educadores, gestores públicos e representantes da iniciativa privada.


Veja balanço sobre a educação no Brasil
Aluno de 55 anos tenta convencer os filhos a estudar
O fato de mais da metade dos jovens não concluir o ensino mé-dio na idade correta – no fundamental, o índice chega a quase 40% – revela que o Brasil está longe de garantir um bom fluxo escolar para seus alunos. Wellington de Moraes é prova disso. Aos 55 anos de idade, o motorista deve terminar o ensino médio, por meio do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), no primeiro semestre do ano que vem. Longe da escola durante mais de três décadas, ele retomou os estudos por vontade própria e também estimulou a mulher, Maria de Moraes, de 50 anos, a voltar para a sala de aula.


As metas de aprendizagem são as que mais sintetizam o conceito da qualidade da Educação, pois avaliam se o aluno efetivamente está aprendendo. Integram apenas um dos cinco grande grupos de objetivos estabelecidos pelo movimento. São eles: 98% das crianças e jovens de 4 a 17 anos devem estar na escola; toda criança deve estar plenamente alfabetizada até os 8 anos de idade; 77% dos alunos devem ter aprendizado de acordo com a sua série; 95% dos alunos devem ter ensino médio concluído até os 19 anos de idade; e os investimentos em educação devem atingir no mínimo 5% do PIB (Produto Interno Bruto) para a Educação Básica até 2010 e mantê-lo até 2022.

Pela primeira vez foi estabelecido de forma clara que nível de proficiência em leitura e matemática se espera dos alunos brasileiros. A medida é feita por meio do porcentual de alunos que alcançam desempenhos no Saeb/Prova Brasil superiores a uma escala preestabelecida nas disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa alcançada pelos alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio.

A passos curtos

Apesar dos números alarmantes, houve pequena melhora em dois anos. Entre 2005 e 2007 aumentou o número de alunos do ensino fundamental com conhecimento adequado à sua série. Mas os resultados obtidos foram suficientes apenas para alcançar as metas estabelecidas para 4ª e 8ª séries do ensino fundamental em Matemática. Em 2007, quando a meta era de 29%, 27,9% dos alunos da 4ª série do ensino fundamental aprenderam o conteúdo adequado para sua série em Língua Portuguesa. Na 8ª, esse valor chegou a 20,5%, quando a meta era de 20,7%. No ensino médio, o esperado para 2007 era 23,5% e o resultado obtido foi de 24,5%.

Na projeção para 2011, o relatório destaca que os indicadores ficarão abaixo do estimado caso seja mantido o mesmo ritmo de desempenho. É o caso da Matemática para a 8ª série, em que apenas 13,9% dos estudantes obterão desempenho acima da média estipulada, abaixo dos 25,9% esperados. O mesmo ocorre com Língua Portuguesa: a meta esperada é de 20,9%, contra 32% projetados (veja a projeção completa no infográfico).

De acordo com o presidente executivo do movimento Todos Pela Educação, Mozart Ramos, algo que chama a atenção nas metas de aprendizagem é a perda de fôlego do desempenho dos alunos a partir da 8ª série e 3º do ensino médio. “Temos um aluno melhor qualificado na 4ª série e não podemos perder oportunidade de aproveitar isso no futuro. A grande lacuna da educação no Brasil está na qualidade do ensino médio. É preciso repensar urgentemente essa modalidade de ensino em que faltam profissionais, currículo e uma escola mais atraente para os jovens”, afirma.

Outras metas

De acordo com o relatório, a taxa de crianças e jovens de 4 a 17 anos na escola em 2007 foi de 90,4%, maior do que em 2005 (88,8%), mas ainda inferior à meta de 91%. Com relação à segunda meta, a taxa de alfabetização das crianças de 8 anos no país é de 88%, enquanto a meta é de que, até 2010, 80% dessas crianças estejam plenamente alfabetizadas e para 2022, 100% das crianças. Ramos ressalta que ainda não existe dado padronizado no Brasil. “O que dispomos é um mecanismo onde as famílias respondem a um questionário se a pessoa é alfabetizada ou não. Se o teste da Provinha Brasil fosse obrigatório teríamos um mecanismo melhor”, afirma.

As metas com relação à conclusão do ensino médio também foram alcançadas. Segundo os dados, 60,55% dos jovens de 16 anos concluíram o ensino fundamental e 44,9% o ensino médio. As metas propostas para 2007 eram de 58,9% e de 42,1% respectivamente.

Já com relação ao investimento e gestão da educação, o Brasil passou de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 para 4,4% em 2006. Na educação básica, o investimento passou de 3,2% em 2005, para 3,7% em 2006. A meta definida pelo movimento é a de que sejam destinados 5% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2010.

Mozart Neves Ramos reforçou que é preciso fazer um esforço maior e também é necessário um envolvimento por parte da sociedade. “A população brasileira coloca a educação em 6º lugar na sua lista de prioridades. É preciso fazer o dever de casa e dar o grau de importância que a educação merece”, afirma.

O ex-ministro da Educação e deputado federal (PSDB-SP) Paulo Renato Souza defende que é necessário colocar as metas de aprendizagem no centro da preocupação da política educacional. “É preciso relacionar o desempenho dos profissionais da educação com o avanço na carreira. Estados e municípios devem criar normas para cobrar esses resultados”, afirma. Souza lembra que, durante as discussões para o estabelecimento do piso nacional dos professores, uma emenda tentava atrelar uma avaliação nacional à adoção do piso. “Com relação aos investimentos, quanto mais melhor. Mas não adianta jogar mais recurso no sistema e obter o mesmo resultado. É necessário obter o empenho por parte de todos”, diz.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Documento encaminhado aos deputados estaduais e federais(lideranças), senadores, presidente da república e MEC

No dia 02/12/2008, houve uma reunião com os deputados da bancada do PT, na Assembléia Legislativa, em que foi entregue documento similar ao postado abaixo. No dia 08/12/08 foi encaminhado aos deputados dos outros partidos e será feito, com o apoio da APP Sindicato, um painel em que aparecerão os nomes daqueles que assinarem favoravelmente à nossa luta e daqueles que se recusarem a assinar ou se posicionarem contrariamente.

PEDIDO DE APOIO AOS DEPUTADOS ESTADUAIS DO PARANÁ PARA O MOVIMENTO PELA DEMOCRATIZAÇÃO DO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ



"As vontades fracas traduzem-se em discursos; as vontades fortes, em ações!"
(Gustave Le Bon)


Fatos ocorridos após a chegada da atual Diretora Geral:


1. Total falta de diálogo que se instalou a partir de decisões unilaterais da direção - (ex: aprovação POR DECRETO dos alunos, logo no início de 2007, passando por cima do trabalho sério realizado por professores e pedagogas ao longo de todo o ano de 2006 e ignorando as decisões tomadas em reunião de conselho de classe).
2. Imposição de uma filosofia educacional que barateou a educação de qualidade que o CEP sempre ofereceu, sob a alegação de tratar-se de “política pública”- (implantação velada de uma política de aprovação automática; volta da semestralidade com a implantação de blocos de conteúdos; excesso de permissividade a partir da total desestruturação do setor pedagógico que dava suporte ao trabalho dos professores, entre outros. Nunca, na história do CEP, até a chegada da nova diretora, a exigência em relação ao preenchimento do livro de registro de classe - que sempre foi preenchido cuidadosamente de acordo com a legislação vigente - foi maior que a preocupação com a qualidade das aulas).
3. Foram extintas as coordenações de disciplina, responsáveis pela busca de unidade do trabalho pedagógico que dava coesão às áreas do conhecimento, bem como às relações interdisciplinares.
4. Afastamento, via processo administrativo, dos professores que se posicionaram contrariamente às práticas arbitrárias - Opção pela coação ao invés do convencimento.
5. Afastamento de alguns profissionais, com excelentes qualificação e prática pedagógica, que trabalhavam no CEP com ordem de serviço, por terem se posicionado contra algumas deliberações da direção, ou simplesmente por não a terem apoiado – Dispensa feita por telefone, em janeiro de 2008, demonstrando total falta de consideração pelo excelente serviço prestado à comunidade do CEP (Professores, com mais de 27 anos de magistério, antes tão respeitados pela comunidade escolar, passaram a ser rotulados, apenas pela diretora geral, como incompetentes).
6. Constante assédio moral contra professores, funcionários e alunos - O grau de adoecimento de professores e funcionários é alarmante. A gestão da nova diretora gerou um ambiente em que predominam as represálias, o descrédito e o descontentamento geral. (O aluno Joel, um dos líderes do movimento pró-democracia do CEP em 2007, foi proibido de circular nas dependências do colégio, tendo sofrido ameaças por parte de funcionários da confiança da direção geral e impedido de fazer matrícula no curso de espanhol no centro de línguas).
7. Imposição do Ensino Fundamental - (Em 2005 houve uma plenária com professores e funcionários, na qual foi decidido, por mais de 90%, a não implantação do ensino fundamental, pois todo o investimento público em infra-estrutura para o Ensino Médio seria mal aproveitado - laboratórios de Química, Física, Biologia. Ou seja, o colegiado de professores/as e funcionários/as, que compõem esse colégio, foi ignorado. Além do que, a implantação do Ensino Fundamental beneficiaria principalmente alunos com um poder aquisitivo maior – aqueles que moram nas imediações do CEP e aqueles que têm condições de pagar transporte particular para irem à escola – pois as crianças mais carentes, que moram na periferia, não teriam condições financeiras de estudar no Colégio Estadual do Paraná. Além disso, tal medida limita o número de alunos que têm a oportunidade de estudar no CEP por ter como conseqüência a diminuição das vagas para menos da metade pelo fato de o tempo de permanência dos alunos, com o ensino fundamental, aumentar de 3 para 7 anos, no mínimo).
8. Extinção do teste seletivo - (O teste seletivo, apesar de todas as críticas que possam a ele ser feitas, estabelecia critérios objetivos e permitia uma maior transparência ao processo de seleção, na medida em que possibilitava aos candidatos terem acesso as suas respectivas notas, bem como às de seus concorrentes. A análise curricular, e outros critérios subjetivos, método adotado pela atual direção para os alunos do próximo ano letivo, torna o processo menos transparente e passível de escolhas baseadas em critérios subjetivos - ideológicos, laços de amizade, indicações políticas de parlamentares e/ou outras autoridades, ou mesmo, parentesco -, contrariando os princípios da democracia).

O que reivindicamos:

1. Arquivamento dos processos administrativos.
2. Retorno de todos os professores afastados pela Diretora Geral em 2007 e 2008.
3. Gestão democrática DE FATO e não apenas como DISCURSO ideológico.
4. Retorno das coordenações de disciplina.
5. Apoio em relação ao Projeto de Lei de Eleições Diretas no CEP.

Pedimos, portanto, apenas a coerência dos Deputados do Estado do Paraná com os princípios da democracia, pois fazemos questão de não esquecer o que a própria Madselva escreveu em passado recente:



“A eleição de diretor de escola constitui um momento privilegiado para reflexão coletiva e enfrentamento ao projeto neoliberal de sociedade e de educação que reforça os processos de exclusão e de desumanização a que a população vem sendo submetida fora e, muitas vezes, dentro da escola... o diretor tem um papel relevante na condução da autonomia responsável que experimenta saberes e transgride o velho estilo de gestão, criando coletivamente formas de garantir direitos, de humanizar as relações, os tempos e os espaços pedagógicos, porque todo lugar de criança e adolescente TEM QUE SER HUMANO, SEM SEGREGAÇÃO, ONDE O ATO DE EDUCAR SEJA UM FAZER ÉTICO, SOLIDÁRIO, ESCULPIDO COM A DIGNIDADE DO SER HUMANO E DO MUNDO” (FEIGES, Maria Madselva F. O projeto Político-Pedagógico e a eleição de diretores de escola: limites e possibilidades da gestão democrática. Maringá: SME, Caderno temático I, 2003).

Nós, professores/as e funcionários/as do Colégio Estadual do Paraná, com o apoio de alunos/as e pais, vimos manifestar nosso compromisso com uma educação de qualidade, que sempre destacou esta instituição de ensino, pela qual passaram diversos segmentos da sociedade paranaense, como comprovam muitas pesquisas nacionais. Destacamos que nosso compromisso político, social e cultural é com a formação dos jovens a nós confiados. Queremos o retorno do ambiente profissional e pedagógico que tínhamos até o final 2006, um colégio em que funcionários/as, corpo docente, alunos/as e pais cumpriam seus papéis numa relação profissional e educacional marcada pelo respeito, pela convivência fraterna e solidária. Havia disputas políticas como em qualquer espaço humano, mas o debate democrático e o respeito sempre predominaram, sem que nunca fôssemos alvos de ataques, inclusive pela mídia ou por órgãos oficiais, como temos presenciado com a gestão atual.
Curitiba, 02 de dezembro de 2008

Mais uma vã esperança?

Projeto fixa número de alunos por professor


O Conselho Nacional de Educação (CNE) discute nessa semana um documento que determina, entre outras coisas, o limite do número de alunos que devem ser atendidos por cada professor das escolas públicas do País. As salas de aula do ensino médio, por exemplo, devem ter no máximo 40 estudantes. Nos anos de alfabetização, 25. O parecer - que será votado entre janeiro e fevereiro no CNE - pede ainda férias de 45 dias para docentes e eleições diretas para diretor.

O objetivo do documento é oferecer diretrizes para um plano de carreira de professores - algo determinado pela mesma lei, aprovada há poucos meses, que fixou um piso salarial para docentes. Atualmente, existem planos em alguns Estados e municípios, mas não se estipula, por exemplo, limite de alunos por professor.

Mas o fato de o documento ter sido elaborado pela atual presidente do sindicato dos professores de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, que é conselheira do CNE, está causando polêmica. O Conselho Estadual de Educação (CEE) de São Paulo divulgou manifesto afirmando que o parecer "traduz a defesa típica de movimentos sindicais " e tem "viés corporativo". "É preciso pensar primeiro no aluno, depois na carreira docente", diz o presidente do conselho paulista, Artur Fonseca Filho.

"Há professores que têm mil alunos e é claro que isso influencia na qualidade do ensino", rebate Maria Izabel. Além das especificações do número de alunos nas salas de aula, o documento diz ainda que cada professor do País deve ter 300 alunos, no máximo, ao mesmo tempo. Pede ainda que seja incentivado que docentes trabalhem em uma só escola e recebam uma compensação financeira quando isso ocorrer. "Por causa dos baixos salários, a educação acaba sendo um bico e não uma profissão", completa Maria Izabel.

O Brasil tem hoje 2,2 milhões de funções docentes no ensino básico regular - um professor pode ocupar mais de uma função porque dá aulas em várias escolas. O total de alunos, segundo os números mais recentes do Ministério da Educação (MEC), é de 79,1 milhões.

Não há estudos que mostrem quantos alunos são atendidos por cada professor brasileiro. Pesquisas, no entanto, já indicaram que a quantidade de estudantes na sala de aula influencia pouco no desempenho de alunos em avaliações oficiais. Diversos estudos também têm mostrado a falta de docentes, principalmente em disciplinas como ciências e matemática. "Com a escassez de professores que já existe, se ainda determinarmos a quantidade de alunos, dificulta muito", diz César Callegari, presidente da Câmara da Educação Básica do CNE, onde será discutido o documento na quarta-feira.

Ele, no entanto, acredita que o parecer é importante para orientar os sistemas de ensino e estimular um debate. "Claro que os gestores poderão dizer que não têm como fazer isso. Mas não podemos deixar de sonhar por antecipação", diz. Na opinião de Callegari, o texto acabará sendo mudado para determinações mais gerais e, dessa maneira, poderá ser aprovado.

O documento determina ainda reajuste anual dos salários e três licenças sabáticas, a cada sete anos de trabalho. E propõe que haja uma avaliação do docente por desempenho, o que incluiria auto-avaliação e a influência do perfil socioeconômico do aluno.

O CNE é um órgão consultivo e independente do governo. Depois de aprovados, os pareceres precisam ser homologados pelo ministro da Educação para serem colocados em prática.



Fonte: Portal Aprendiz
03/12/08

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Constatação do que TODOS já sabiam, mas ALGUNS fingiam ignorar

Blog do Fábio Campana 21/11/2008

Plebiscito do Colégio Estadual: 88,3% querem eleições diretas


Ora, pois, deu-se o que todos esperavam. No plebiscito do Colégio Estadual, 88,3% demonstraram que desejam eleições diretas para os cargos de direção. Apenas 11,67% optaram pelo não. É a reação inequívoca de toda a comunidade que envolve professores, pedagogos, funcionários, pais e alunos à direção de Madselva Feiges.

É bom notar que houve urnas separadas para cada uma dos segmentos envolvidos. Em todas a preferência foi por eleição direta.

Professor do CEP
Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008 – 9:23 hs
Se a soberania do povo reside no sufrágio universal, vamos ver, agora, a coerência dos políticos paranaenses que têm o poder de fazer valer a opinião da Comunidade do Colégio Estadual do Paraná a respeito daquilo que é o seu próprio interesse. Afinal, a nossa democracia é ou não é representativa? Nossos deputados representam ou não a vontade do povo que os elegeu para o mandato que exercem? Vamos ver…

Thianny Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008 – 10:50 hs
PARABÈNS a Comunidade escolar do CEP, que o legislativo tenha o minimo de coerência e coloque em votação o Projeto de Lei . Parabéns ao Campana pelo espaço democrático e apoio oferecido a comunidade do CEP. E espero que a Sra Madeselva entenda que esta expressividade é principalmente contra a sua gestão e a desorganização que a senhora criou na escola. Porque há muito tempo o diretor do CEP é indicado, mas nunca se viu tanto descontentamento como desde que a senhora foi para lá.

Professor do CEP Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008 – 12:12 hs

Por que não foi 100%?

O discurso da Madselva, de regime especil, de perda de verbas, etc… ainda tem alguma repercussão. O que assusta alguns é a possibilidade de não haver mais verba para manutenção da piscina, da pista de atletismo, etc… Não percebem que isso é o menos importante em uma escola, pois a sua essência está em seu projeto, naquilo que ela tem por princípio enquanto formação. Que modelo de formação esta senhora, a Madselva, implantou no CEP desde a sua chegada? O do barateamento da educação através de sua defesa da APROVAÇÃO AUTOMÁTICA, da implantação do DISCURSO IDEOLÓGICO REQUIANISTA (que está com os dias contados no Estado do Paraná), do SILENCIAMENTO DAS VOZES da comunidade escolar… O resultado do plebiscito é uma boa resposta daqueles que ainda não perderam a lucidez e a capacidade de ter esperança. Espero que ele signifique alguma coisa, também, para os nossos políticos que tem o poder de fazer valer a vontade da comunidade.

Professora Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008 – 12:19 hs
Queremos ver agora quais serão as falácias criadas pela Madselva e pelas “autoridades” que dão sustentação a ela. Dizer que é apenas um grupo insignificante de professores querendo aplicar o golpe para tomar a direção NÃO COLA MAIS, pois, só para lembrar, os professores acusados de serem os MANIPULADORES foram todos afastados.

ronaldo Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008 – 12:26 hs
Perguntar não ofende, os outros 11,7% que votaram contra a eleição direta, são os aspônes comissionados do govêrno.

Plebiscito no Colégio Estadual do Paraná

Gazeta do Povo on-line
Ensino Sexta-feira, 21/11/2008
Plebiscito
90% da comunidade do Colégio Estadual do Paraná quer eleições diretas para diretor
Plebiscito foi feito na quinta-feira, mesmo dia em que a maioria das escolas do estado escolheu o diretor em eleição direta

21/11/2008 | 12:02 | Célio Yano
Quase 90% da comunidade de professores, pedagogos, funcionários, estudantes e pais de alunos consultados em plebiscito na quinta-feira (20) votou a favor da realização de eleições diretas para o cargo de diretor do Colégio Estadual do Paraná (CEP). De acordo com os números divulgados pelo Grêmio Estudantil do CEP, do total de 2.972 votos computados, 2.610 (88,3%) são favoráveis à eleição direta e 345 (11,7%) contrários.

No CEP, desde 1964, uma lei estabelece que a escolha de um novo diretor deve ser indicada pelo governador. Contra essa determinação, o Grêmio Estudantil Estadual do Paraná, o Comitê Pró-Diretas e o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato) comandaram um plebiscito para saber a opinião da comunidade (professores, pais e alunos) a respeito da eleição direta.


Segundo Lizandra Rocha Souza, diretora social do Grêmio Estudantil do CEP, o resultado do processo reflete bem a vontade da comunidade do colégio. “Os quase três mil votos recebidos na consulta popular representam 75% das pessoas que poderiam votar”, diz. Ela afirma que o grêmio está otimista com relação à mudança no processo de escolha do diretor. “Na segunda-feira (24) temos uma reunião marcada com o presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, deputado Nelson Justus, para entregar o resultado”, conta. “Ele se comprometeu a colocar a implantação das eleições diretas em discussão na Casa e a maior parte dos deputados tem se mostrado favorável”.

A estudante relata que os alunos esperam dificuldades apenas na sanção do projeto por parte do Executivo. “Se chegar lá e o governador não aprovar, discutiremos a possibilidade de protestos por parte dos alunos”, afirma.

A reportagem da Gazeta do Povo Online entrou em contato com a direção do CEP e a Secretaria de Estado da Educação (Seed) para o resultado do plebiscito fosse comentado, mas não houve retorno. Na quinta-feira (20), em entrevista à Gazeta do Povo, Yvelise declarou que não iria se opor ao movimento, desde que ocorresse de maneira pacífica. “Essa mobilização dos estudantes faz parte da formação de cidadania. É legítimo. O que a secretaria não pode é ir contra uma determinação do governador e promover o processo eleitoral no colégio. É isso que os estudantes precisam entender”, afirmou na ocasião.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Resultado do plebiscito

URNA DOS PROFESSORES (AS), PEDAGOGOS (AS), E FUNCIONÁRIOS (AS).

TOTAL DE VOTANTES = 229
SIM = 173
NÃO = 52
BRANCOS = 03
NULOS = 01


URNA DAS MÃES E PAIS

TOTAL DE VOTANTES = 24
SIM = 15
NÃO = 09


URNA DOS ALUNOS (AS)

TOTAL DE VOTANTES = 2 719
SIM = 2 422
NÃO = 284
BRANCOS = 03
NULOS = 10


TOTAL DE VOTOS = 2 972
SIM = 2 610
NÃO = 345
BRANCOS = 06
NULOS = 11

A votação expressa o desejo de 88,3% de que se realizem ELEIÇÕES DIRETAS NO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ e 11,67% optaram pelo "NÃO"

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A luta continua


Blog do Fábio Campana (www.fabiocampana.com.br)

Mais uma vez o Colégio Estadual do Paraná não poderá eleger seu diretor


Quase 2,5 milhões de pessoas vão escolher na próxima quinta-feira os novos diretores das 2100 escolas públicas estaduais. Novamente, o Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, ficará fora do processo. O cargo permanece nas mãos do Governo que pode indicar quem quiser para comandar o maior colégio público do estado.

“Mais de 90% da comunidade do CEP querem as eleições diretas”, disse o deputado Mauro Moraes, do PMDB, autor de um projeto de lei que está pronto na Assembléia e pede a eleição direta.

Aproximadamente 5 mil alunos estão impedidos de decidir quem deve dirigir a instituição. A situação tem provocado manifestações (foto) constantes de professores, alunos, pais de alunos e funcionários que, além de eleições diretas, pedem a saída da atual diretora, Madselva Feiges.

Na próxima quinta-feira, mesmo dia das eleições em toda a rede estadual, será feito um plebiscito no CEP para saber a opinião da comunidade (professores, pais e alunos) a respeito da eleição direta. O resultado será apresentado ao governador Requião, que insiste em virar as costas para o pedido da comunidade escolar.

Terça-feira, 18 de Novembro de 2008 – 15:57 hs.


5 comentários
gilson Terça-feira, 18 de Novembro de 2008 – 16:00 hs
Não sei se os jumentos têm conhecimento, mas um decreto de 1964 mudou o regime jurídico do CEP, que não é um simples “colégio” e tem status de autarquia. Portanto, o diretor é nomeado diretamente pelo chefe do poder executivo. É só mudar o regime jurídico e instituir as eleições diretas, mas isso também alteraria o repasse de recursos para a instituição. Quando a verba diminuir, os jumentos plantarão novas notinhas.

Antenor Terça-feira, 18 de Novembro de 2008 – 16:13 hs
Esse Gilsom deve ser um jumento da ditadura, ou serviçal do Requião.

Jumento gilson Terça-feira, 18 de Novembro de 2008 – 16:52 hs
Não tive escolha para tratar-lhe de outra forma, visto que é tão amável, então só pode receber o mesmo tratamento, não é???!!!
As universidades estaduais também possuem um regime especial e lá se escolhe o reitor (pelo menos a lista tríplice deveria ter este sentido democrático).
As verbas destinadas as universidades também não são pequenas (já admitindo que nossos colégios públicos recebem uma miséria para “caminhar”), o colégio estadual do paraná possui um “porte” (piscinas, escolas de arte, laboratórios, etc) que exigem uma manutenção cara. Se este dinheiro virá sob um regime demoníaco ou democrático, ou mesmo não virá, isso é uma decisão dos políticos que estão cuidando de nosso patrimônio, (através de nossos votos) e também respondem pelo futuro dos jovens que lá estudarão!!!



Orquídea
Terça-feira, 18 de Novembro de 2008 – 17:00 hs
Fábio:

Só temos a agradecer pela atenção dispensada ao Colégio e aos que lá trabalham por carinho à instituição!
Pena que alguns estão indo embora, devido aos maus tratos daquela senhora. Afinal é muito difícil provar assédio moral, e as pessoas que lá ficaram estão inertes, apenas esperando aquela senhora terminar seu tempo naquele cargo (porque não ouso chamar aquilo de gestão)!

Obrigada mais uma vez!

Nego Veio Terça-feira, 18 de Novembro de 2008 – 18:19 hs
Parabéns dona Orquídea,falou pouco e disse tudo o que um certo jumento precisava ler.

Para refletir

www.jornale.com.br/zebeto/

O poder e a arrogância 18 Nov 2008 - 09:44
por JamurJr.

Vale a pena ler um comentário no Blog do Marcus Gutermann no site Folha de São Paulo. Ele fala do livro de David Owen lançado nos Estados Unidos, onde o tema é a arrogância (nossa conhecida) do poder. Aquela coisa que atinge a maioria das pessoas que assume algum cargo. Diz o autor que o “comportamento arrogante de alguns politicos não é traço de personalidade, mas sim uma patologia, a Sindrome da Arrogância. O líder que sofre dessa sindrome se convence que esta no poder para grandes feitos e que o mundo espera isso dele, mesmo que signifique atropelar considerações morais e as regras básicas da boa administração. David Owen cita vários casos de arrogantes conhecidos, entre eles o presidente norte-americano George Bush, que numa reunião com lideres árabes declarou: ” Estou numa missão divina, Deus me disse: George vai la e acabe com a tirania no Iraque” . Segundo o autor, quanto mais tempo o político permanece no poder mais acentuado e grave é o seu comportamento arrogante a ponto de com prometer o futuro de um país, por exemplo.

Plebiscito

Jornal Gazeta do Povo - Colunista Celso Nascimento - 18/11/2008

Olho vivo

Diretas já 1

No dia 20, todas as escolas públicas estaduais do Paraná vão votar para eleger seus novos diretores. Menos a maior, mais tradicional e mais importante de todas as escolas – o Colégio Estadual do Paraná (CEP). Lá não se fala em eleição: seu diretor é escolhido e nomeado pelo secretário da Educação, como é o caso da atual, a professora Madselva Freiges, pivô de dois anos de confusão no colégio.

Diretas já 2

Não haverá eleição no CEP, mas haverá um plebiscito, organizado pelo Comitê das Diretas Já e o grêmio estudantil, com o apoio da APP-Sindicato. O plebiscito vai perguntar à comunicade (professores, pais e alunos) se é a favor de eleição no colégio. O resultado será levado ao governador.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Plebiscito no Colégio Estadual do Paraná

Não existe cidadania cindida, assim como não deve existir Democracia pela metade

A consulta popular é um dos fundamentos do regime democrático, condição fundamental do exercício de participação do cidadão e direito básico de qualquer República.

Neste dia 20 de novembro, as Escolas Estaduais do Paraná escolherão seus diretores através do voto, do debate, do confronto de idéias, de propostas para um ensino de qualidade, que se orientem pelos valores democráticos e pelos direitos humanos.

No Colégio Estadual do Paraná, infelizmente, não estaremos participando desta grande festa cívica, porque não temos o direito de escolher nosso representante maior através do voto, contradição que ainda persiste, apesar de

passados 24 anos das “Diretas Já”, movimento que empolgou a nação. Podemos eleger nosso Presidente, nosso Governador, nosso Prefeito nossos representantes nas Casas Legislativas, mas não o Diretor do Colégio Estadual do Paraná.

Por isso, no dia 20 de novembro, o Comitê Diretas Já, junto com o Grêmio Estudantil do CEP e com apoio da APP Sindicato, estará encaminhando a votação do plebiscito para decidirmos se queremos ou não ter eleições diretas no CEP. Faremos a nossa grande festa cívica nesse referendo popular, convidando a comunidade escolar para participar diretamente dos debates, para que todos sejam ouvidos, não importando se os argumentos são a favor ou contra. O mais importante é a participação da comunidade e que ela possa construir diretamente uma alternativa para a indicação do diretor.

Por isso, no dia 20, participe do plebiscito e exerça o seu direito de cidadão.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Para refletir

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito uma coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

Bertold Brecht

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Esperança na democracia

05/11/2008 - 08h22
Obama diz que mudança chegou à América, terra onde tudo é possível
Folha Online

Barack Obama, 47, foi eleito o primeiro presidente negro e o 44º da história dos Estados Unidos, nesta quarta-feira.

"Se pessoas ainda têm dúvidas de que a América é o lugar onde as coisas são possíveis, que ainda acreditam que o sonhos dos nossos fundadores ainda estão vivos, se ainda questionam o poder da nossa democracia, esta noite é a sua resposta", afirmou Obama em seu discurso de vitória, a milhares de partidários, em Chicago, Illinois --Estado pelo qual Obama é senador.

Leia abaixo a íntegra do discurso:

"Oi, Chicago.

Se alguém ainda duvida que a América é um lugar onde tudo é possível, ainda pergunta se o sonho dos pioneiros ainda estão vivos em nossos tempos, ainda questiona o poder da nossa democracia, esta noite é sua resposta.

É a resposta das filas que cercaram escolas e igrejas em números que essa nação nunca havia visto. Das pessoas que esperaram três horas e quatro horas, muitas pela primeira vez em suas vidas, porque acreditavam que desta vez precisava ser diferente, que as suas vozes podiam fazer diferença.

Gary Hershorn/Reuters

Obama, as filhas e a mulher, Michelle, durante festa da vitória
É a resposta de jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, índios, gays, heterossexuais, deficientes e não-deficientes. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo de que nós nunca fomos somente uma coleção de indivíduos ou uma coleção de Estados vermelhos e azuis.

Nos somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.

É a resposta que recebeu aqueles que ouviram --por tanto tempo e de tantos-- para serem cínicos, medrosos e hesitantes sobre o que poderiam realizar para que coloquem a mão no arco da história e torçam-no uma vez mais, na esperança de dias melhores.

Faz muito tempo, porém, nesta noite, por causa do que fizemos nesse dia de eleição, nesse momento decisivo, a mudança chegou à América.

Um pouco mais cedo nesta noite, recebi um telefonema extraordinariamente gracioso do senador McCain. Ele lutou muito e por muito tempo nesta campanha. Ele lutou ainda mais e por ainda mais tempo por esse país que ele ama. Ele enfrentou sacrifícios pela América que a maioria de nós nem pode começar a imaginar. Nós estamos melhores graças ao serviços desse líder bravo e altruísta.

Eu o parabenizo e parabenizo a governadora Palin por tudo que eles conquistaram. Eu estou ansioso por trabalhar com eles e renovar a promessa dessa nação nos próximos meses.

Eu quero agradecer meu parceiro nessa jornada, um homem que fez campanha com o coração e que falou para os homens e mulheres com os quais cresceu, nas ruas de Scranton, e com os quais andou de trem a caminho de Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

E eu não estaria aqui nesta noite sem a compreensão e o incansável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a rocha da nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama dessa nação, Michelle Obama. Sasha e Malia [filhas de Obama] eu as amo mais do que vocês podem imaginar. E vocês mereceram o cachorrinho que irá morar conosco na nova Casa Branca.

E, embora ela não esteja mais entre nós, eu sei que minha avó está assistindo, ao lado da família que construiu quem eu sou. Eu sinto falta deles nesta noite. Eu sei que minha dívida com eles está além de qualquer medida.

Para minha irmã Maya, minha irmã Alma, todos os meus irmãos e irmãs, muito obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a eles.

E agradeço ao meu coordenador de campanha, David Plouffe, o herói anônimo da campanha, que construiu o que há de melhor --a melhor campanha política, penso, da história dos EUA.

Ao meu estrategista-chefe David Axelrod, que tem sido um companheiro em todos os passos do caminho. À melhor equipe de campanha reunida na história da política --você fizeram isso acontecer, e eu serei sempre grato pelo que vocês sacrificaram para conseguir.

Mas, acima de tudo, eu nunca esquecerei a quem essa vitória realmente pertence. Isso pertence a vocês. Isso pertence a vocês.

Eu nunca fui o candidato favorito na disputa por esse cargo. Nós não começamos com muito dinheiro ou muitos endossos. Nossa campanha não nasceu nos corredores de Washington. Nasceu nos jardins de Des Moines, nas salas de Concord e nos portões de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que cavaram as pequenas poupanças que tinham para dar US$ 5, US$ 10 e US$ 20 para essa causa.

Ela [a campanha] cresceu com a força dos jovens que rejeitaram o mito de apatia da sua geração e deixaram suas casas e suas famílias por empregos que ofereciam baixo salário e menos sono.

Ela tirou suas forças de pessoas não tão jovens assim que bravamente enfrentaram frio e calor para bater às portas de estranhos e dos milhões de americanos que se voluntariaram e se organizaram e provaram que, mais de dois séculos mais tarde, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra.

Essa é a nossa vitória.

E eu sei que vocês não fizeram isso só para ganhar uma eleição. E eu sei que vocês não fizeram tudo isso por mim.

Vocês fizeram isso porque entendem a grandiosidade da tarefa que temos pela frente. Podemos comemorar nesta noite, mas entendemos que os desafios que virão amanhã serão os maiores de nossos tempos --duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira do século.

Enquanto estamos aqui nesta noite, nós sabemos que há corajosos americanos acordando nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscar suas vidas por nós. Há mães e pais que ficam acordados depois de os filhos terem dormido se perguntando como irão pagar suas hipotecas ou o médico ou poupar o suficiente para pagar a universidade de seus filhos. Há novas energias para explorar, novos empregos para criar, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.

O caminho será longo. Nossa subida será íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato. Mas, América, nunca estive mais esperançoso do que chegaremos lá. Eu prometo a vocês que nós, como pessoas, chegaremos lá.

Haverá atrasos e falsos inícios. Muitos não irão concordar com todas as decisões ou políticas que eu vou adotar como presidente. E nós sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas. Mas eu sempre serei honesto com vocês sobre os desafios que enfrentar. Eu vou ouvir vocês, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, eu vou pedir que vocês participem do trabalho de refazer esta nação, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos --bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada por mão calejada.

O que começamos 21 meses atrás no inverno não pode terminar nesta noite de outono. Esta vitória, isolada, não é a mudança que buscamos. Ela é a única chance para fazermos essa diferença. E isso não vai acontecer se voltarmos ao modo como as coisas eram. Isso não pode ocorrer com vocês, sem um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício.

Então exijamos um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, com o qual cada um de nós irá levantar e trabalhar ainda mais e cuidar não apenas de nós mesmos mas também uns dos outros. Lembremos que, se essa crise financeira nos ensinou uma coisa, foi que não podemos ter uma próspera Wall Street enquanto a Main Street sofre.

Nesse país, nós ascendemos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de voltar ao bipartidarismo, à mesquinhez e à imaturidade que envenenou nossa política por tanto tempo.

Lembremos que foi um homem deste Estado que primeiro carregou a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre valores de autoconfiança, liberdade individual e unidade nacional.

Esses são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata obteve uma grande vitória nesta noite, isso ocorre com uma medida de humildade e de determinação para curar as fissuras que têm impedido nosso progresso.

Como [o ex-presidente Abraham] Lincoln [1861-1865] afirmou para uma nação muito mais dividida que a nossa, nós não somos inimigos, e sim amigos. A paixão pode ter se acirrado, mas não pode quebrar nossos laços de afeição. E àqueles americanos cujo apoio eu ainda terei que merecer, eu talvez não tenha ganho seu voto hoje, mas eu ouço suas vozes. E eu preciso de sua ajuda. Eu serei seu presidente também.

E a todos aqueles que nos assistem nesta noite, além das nossas fronteiras, de Parlamentos e palácios, àqueles que se reúnem ao redor de rádios, nas esquinas esquecidas do mundo, as nossas histórias são únicas, mas o nosso destino é partilhado, e uma nova aurora na liderança americana irá surgir.

Àqueles que destruiriam o nosso mundo: nós os derrotaremos. Àqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiamos. E a todos que questionaram se o farol da América ainda ilumina tanto quanto antes: nesta noite nós provamos uma vez mais que a verdadeira força da nossa nação vem não da bravura das nossas armas ou o tamanho da nossa riqueza mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança.

Esse é o verdadeiro talento da América: a América pode mudar. Nossa união pode ser melhorada. O que já alcançamos nos dá esperança em relação ao que podemos e ao que devemos alcançar amanhã.

Essa eleição teve muitos "primeiros" e muitas histórias que serão contadas por gerações. Mas há uma que está em minha mente nesta noite, sobre uma mulher que votou em Atlanta. Ela seria como muitos dos outros milhões que ficaram em fila para ter a voz ouvida nessa eleição não fosse por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Ela nasceu apenas uma geração após a escravidão; uma época na qual não havia carros nas vias nem aviões nos céus; quando uma pessoa como ela não podia votar por dois motivos --porque era mulher ou por causa da cor da sua pele. Nesta noite penso em tudo que ela viu neste seu século na América --as dores e as esperanças, o esforço e o progresso, a época em que diziam que não podíamos, e as pessoas que continuaram com o credo: Sim, nós podemos.

Em um tempo no qual vozes de mulheres eram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela viveu para vê-las se levantar e ir às urnas. Sim, nós podemos.

Quando havia desespero nas tigelas empoeiradas e a depressão em toda parte, ela viu uma nação conquistar seu New Deal, novos empregos, um novo senso de comunidade. Sim, nós podemos.

Quando bombas caíam em nossos portos e a tirania ameaçava o mundo, ela estava lá para testemunhar uma geração chegar à grandeza, e a democracia foi salva. Sim, nós podemos.

Ela estava lá para ver os ônibus em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, a ponte em Selma e um pregador de Atlanta que disse "Nós Devemos Superar". Sim, nós podemos.

Um homem chegou à Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo foi conectado por nossa ciência e imaginação. Neste ano, nesta eleição, ela tocou o dedo em uma tela e registrou o seu voto porque, após 106 anos na América, através dos melhores e dos mais escuros dos tempos, ela sabe que a América pode mudar. Sim, nós podemos.

América, nós chegamos tão longe. Nós vimos tanto. Mas há tantas coisas mais para serem feitas. Então, nesta noite, devemos nos perguntar: se nossas crianças viverem até o próximo século, se minhas filhas tiverem sorte suficiente para viver tanto quanto Ann Nixon Cooper, quais mudanças elas irão ver? Quanto progresso teremos feito?

É nossa chance de responder a esse chamado. É o nosso momento.

Esse é nosso momento de devolver as pessoas ao trabalho e abrir portas de oportunidade para nossas crianças; de restaurar a prosperidade e promover a paz; de retomar o sonho americano e reafirmar a verdade fundamental de que, entre tantos, nós somos um; que, enquanto respirarmos, nós temos esperança. E onde estamos vai de encontro ao cinismo, às dúvidas e àqueles que dizem que não podemos. Nós responderemos com o brado atemporal que resume o espírito de um povo: Sim, nós podemos.

Obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América.

Tradução de GABRIELA MANZINI

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vale a pena participar

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Blog do Zé Beto

Natal! Vá aos Correios!
30 Out 2008 - 07:50
Pela causa, mensagem enviada pela jornalista Andrea Percegona:

Amigos,

Natal 2008 - Espalhe essa idéia !!! Para o Natal de 2008 (espalhe essa idéia) Que tal fazer algo diferente? Sim… Natal … daqui a pouco ele chega. Que tal irmos a uma agência dos Correios e pegar uma das 17 milhões de cartinhas de crianças carentes e ser o Papai Noel ou Mamãe Noel delas? Há pedidos inacreditáveis. Tem criança pedindo um panetone, uma blusa de frio para a avó… É uma idéia. É só pegar a carta e entregar o presente numa agência dos Correios até o dia
20 de dezembro. O próprio correio se encarrega de fazer a entrega. Divulgue para seus amigos:

Na vida a gente passa por três fases:
- a primeira, quando acreditamos em Papai Noel.
- a segunda, quando deixamos de acreditar e
- a terceira, quando nos tornamos Papai Noel !!!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A lucidez do presidente

Lula classifica aprovação automática como barbaridade


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira (21) o sistema de aprovação automática - pelo qual os estudantes não repetem o ano e são retidos somente ao final de ciclos - como uma "barbaridade".

"Quando nesse país se tomou a decisão de universalizar o ensino fundamental sem levar em conta a qualidade, demos um passo para frente e dois para trás. Quando se decidiu que uma criança na escola não precisaria fazer prova, que seria aprovado, estudasse ou não, cometemos a segunda barbaridade, com o aluno e com o professor", disse Lula, durante cerimônia de comemoração aos 60 anos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

O presidente Lula defendeu também a qualificação dos professores: "Se o professor der uma aula e o aluno não entender, o aluno precisa estudar mais. Se der duas aulas, o aluno não entender... Na terceira, o professor tem de voltar para escola."

Lula estava acompanhado do ministro da Educação, Fernando Haddad. Em discurso, o ministro informou que o Sistema Nacional Público de Formação de Professores, que pretende garantir um padrão de qualidade para os cursos de formação de docentes, está em fase de consulta pública para se tornar um decreto presidencial.

"Esse decreto e o planejamento dele decorrente (...) vai dar conta da melhoria da educação básica", disse Haddad.
...


Fonte: Gazeta do Povo Online
22/10/08

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Violência silenciadora

Desqualificação social do trabalho e formas autoritárias de gestão pública foram apontadas como razões para a ausência pública dos professores



Quem opina sobre educação são os “especialistas

Os professores não são tomados como fontes de informação ou opinião na cobertura da mídia sobre políticas educacionais. Nestes casos, o máximo que se faz é ouvir um órgão de representação da categoria, ainda assim quando as medidas afetam cargos e salários.

Dois exemplos recentes: lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e debate sobre financiamento.

Em maio de 2007, um mês após o lançamento do PDE, os jornais destacavam suas medidas por meio de artigos opinativos. Uma parte significativa deles foi escrita por representantes ou ex-representantes governamentais. Apenas o Zero Hora abriu espaço para o sindicato de professores.

O Popular (GO) e o Jornal do Brasil publicaram textos de integrantes de Conselhos de Educação. A Folha de S.Paulo, o artigo da educadora Maria Alice Setúbal, da ONG Cenpec.

Já entre setembro e outubro de 2007, teve destaque a possibilidade de pôr fim à DRU (Desvinculação das Receitas da União), mecanismo que retira anualmente 20% dos recursos do orçamento federal vinculados à educação e outras áreas sociais. Em nenhuma das matérias dos principais veículos impressos apareceu o professor.

Na escolha de quem escreve sobre o tema, a mesma situação. O catarinense A Notícia abriu espaço para uma procuradora do Estado, o cearense O Povo publicou artigo de Nadja Bortolotti, do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente. Já representantes do movimento Todos pela Educação defenderam o fim da DRU na Folha de S.Paulo, em O Estado de S. Paulo e no Correio Braziliense.

Todos estes atores podem e devem manifestar sua opinião.

É importante, porém, não naturalizar a ausência dos professores como fontes de informação nos debates sobre educação.

Além desse silêncio, a leitura mais atenta dos jornais revela que o professor, individualmente, é ouvido em casos em que é vítima de violência, ou para ilustrar reportagens sobre a qualidade insatisfatória do ensino, relacionando-a à má formação do corpo docente ou ao absenteísmo. Nestes casos, predominam as imagens negativas do professor:

coitado ou preguiçoso.


Pesquisadores, educadores e profissionais do Direito analisam o silêncio do professorado

O debate “Fala Mestra! Fala Mestre! O silêncio do professorado na educação” tinha por objetivo elucidar as razões da ausência dos profissionais da educação no debate público sobre educação. Esta constatação, inicialmente feita pelo Observatório da Educação com base no acompanhamento da cobertura da educação na mídia (Na Mídia, pág. 3), demonstrou possuir múltiplas faces.

Perda da autoria do saber e fazer pedagógicos; mecanismos de intimidação partilhados pela equipe da escola e órgãos burocráticos; a persistência da prática da formulação de políticas educacionais sem a participação dos professores e a desqualificação social da figura docente foram alguns dos elementos citados para explicar o silêncio.

Também, uma intrincada artimanha jurídica, que envolve a existência de leis inconstitucionais e normas administrativas inexeqüíveis, foi identificada e suscitou a mobilização da sociedade civil.

Silêncio disseminado

Uma das principais conclusões deste debate foi que os professores não estão ausentes apenas nas reportagens e artigos de opinião sobre educação, mas também em todo o processo de formulação, implementação e avaliação de políticas educacionais. Não são ouvidos sequer sobre suas práticas na escola e, mesmo quando seu trabalho é tema de pesquisa acadêmica, em geral sua atitude é esquivar-se das análises.



A pesquisadora Maria Isabel de Almeida (FE-USP), em seu artigo nesta edição, aponta que o silêncio reflete “o quanto eles não se sentem donos de suas ações” em virtude “dos múltiplos aspectos que estão sendo, ano pós ano, subtraídos dos professores: formação de qualidade, condições adequadas de trabalho e valorização profissional”.

Célia Giglio, pesquisadora da Unifesp, analisa os mecanismos institucionais que, ao longo dos anos, vêm impedindo a atuação pública não apenas dos professores, mas de toda a comunidade escolar. “A opressão à liberdade de expressão se reproduz cotidianamente nas nossas escolas e em todos os níveis: nas relações entre escolas e órgãos intermediários e centrais, gestores e funcionários, docentes e seus alunos e, finalmente, entre a instituição escolar e as famílias dos alunos”, afirma.



Trama jurídica

O debate jogou luz sobre uma estranha situação que envolve, de um lado, aspectos jurídicos e, de outro, formas dissimuladas de coerção. Quando procurados pela imprensa, muitos docentes de escolas públicas se recusam a conceder entrevista alegando estarem impedidos legalmente.

Num primeiro momento esta afirmação soava como um argumento infundado, pois parecia impossível a existência de uma lei que contrariasse a própria Constituição.



Em 18 estados, o Estatuto dos Funcionários Públicos impede que professores e outros servidores dêem entrevistas.

Amapá; Amazonas; Bahia; Ceará; Espírito Santo; Goiás; Maranhão; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul; Minas Gerais; Pará; Paraíba; Paraná; Pernambuco; Rio de Janeiro; Rio Grande do Sul; São Paulo e Sergipe.
Esta determinação também está presente em leis municipais, como em São Paulo, Rio de Janeiro e Maringá.



Rio Grande do Sul

Lei Complementar nº 10.098, de 03/02/1994

Art.178 – Ao servidor é proibido:

I – referir-se, de modo depreciativo, em informação, parecer ou despacho, às autoridades e a atos da administração pública estadual, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço;



PARANÁ:


Art. 285 Ao funcionário é proibido:

II - referir-se de modo depreciativo em informação, parecer ou despacho, às autoridades e atos da administração pública, federal ou estadual, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço;

V - promover manifestação de apreço ou desapreço e fazer circular ou subscrever lista de donativos, no recinto de serviço;







recortes do site http:///www.livreacesso.net/campanha/

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Assembléia Legislativa - Paraná

Blog do Fábio Campana (www.fabiocampana.com.br)

Um dia na Assembléia
Terça-feira, 7 de Outubro de 2008 – 18:30 hs

Um dia farto. Confira os projetos da maior importância para a população:

O projeto do deputado estadual Stephanes Júnior regulamenta os canudinhos e guardanapos dos restaurantes. A partir do dia de hoje, com sanção do governador, cada guardanapo e canudo de plástico a ser distribuído em lanchonetes, bares, quiosques e ambulantes deve ser embalado, um a um, em embalagens de plástico oxibiodegradáveis.

Outro: as escolas públicas serão agora obrigadas a hastear a bandeira e cantar o hino paranaense todas as sextas-feiras. O projeto é do deputado Fernando Ribas Carli Filho. Como se não bastasse o governador achar que é o próprio Duce, a partir de agora voltamos aos dias de outrora, da lavagem cerebral de orgulho patriótico.

Por fim, para a alegria dos funcionários do Tribunal de Contas, foi sancionado hoje o aumento de 4,46% para todos. Inclusive os cargos em comissão.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Educação política e cidadania

(Contribuição de um leitor deste blog)
Jornal Estado de Minas
Em Cultura - 25 de setembro de 2008


FREI BETTO
A despolitização da política

"Numa verdadeira democracia, a universalização do voto deveria coincidir com a socialização das riquezas"
Frei Betto

Campanha eleitoral se ganha com TV. Em toda eleição, os partidos contratam equipes para cuidar da imagem de seus candidatos. Em geral, equipe comandada por um publicitário que não é do partido, não gosta do partido e não vota no partido. Mas tem fama de competente...

Ora, competência rima com convicção. Qualquer manual de marketing, desses que ensinam a vender poluição atmosférica para ecologista, aconselha o vendedor a estar convencido da qualidade de sua mercadoria. Por isso, em muitas campanhas o programa de TV emperra. Troca-se de publicitário, de equipe e de estilo. E confunde-se o eleitor, pois, de uma semana a outra, o candidato light vira xiita ou vice-versa.

O mais dramático é constatar que se troca a ética pela estética. Não importa se o candidato é bandido, corrupto ou incompetente. Uma boa imagem fala mais que mil palavras. Assim, opera-se a progressiva despolitização da política, que é um dos objetivos do neoliberalismo. Tira-se a política do âmbito público como ferramenta de promoção do bem comum, para reduzi-la ao âmbito privado, à escolha de candidatos baseada não em propostas e programas, e sim em simpatias e empatias.

A razão é simples: no sistema capitalista, a política é teoricamente pública e a economia privada. Universaliza-se o voto e privatiza-se a riqueza. Se no Brasil há mais de 100 milhões de eleitores, apenas 19 milhões concentram em suas mãos 75,4% da riqueza nacional (Ipea, maio 2008).

Numa verdadeira democracia, a universalização do voto deveria coincidir com a socialização das riquezas, no sentido de assegurar a todos renda mínima e os três direitos básicos, pela ordem: alimentação, saúde e educação. Como isso não consta da pauta do sistema, procura-se inverter o processo: inocula-se na população o horror à política de modo a relegá-la ao domínio privado de uns poucos. Quem tem nojo da política é governado por quem não tem. E os maus políticos tudo fazem para usar o poder público em benefício de seus interesses privados.

Veja-se, por exemplo, o movimento em favor do voto facultativo. O que muitos encaram como positivo e condizente com a liberdade individual é uma maneira de excluir parcela considerável da população das decisões políticas. Aumenta-se, assim, o grau de alienação dos potenciais eleitores. Quando perguntam por minha opinião, digo com clareza: sou a favor, desde que seja também facultativa a atual obrigação de pagar impostos. Por que ser obrigado a sustentar economicamente o Estado e desobrigado de influir na sua configuração e nos seus rumos?

O desinteresse pela política é um dos sintomas nefastos da ideologia neoliberal, que procura dessocializar os cidadãos para individualizá-los como consumistas. Troca-se o princípio cartesiano do “penso, logo existo”, para o princípio mercadológico do “consumo, logo existo”. É nesse sentido que a propaganda eleitoral também se reveste de mercadoria. Oferecem-se não idéias, programas de governo, estratégias a longo prazo, e sim promessas, performances, imagens de impacto.

Se há aspectos positivos nas restrições oficiais às campanhas eleitorais, porque deixam a cidade limpa e evitam que os comícios atraiam público, não em função do candidato, e sim dos artistas no palanque, é óbvio que favorecem a quem tem mais dinheiro. Enquanto não chega a prometida reforma política, o financiamento e o controle público das campanhas, o caixa dois prossegue fazendo a farra de quem posa de ético e, ao mesmo tempo, angaria recursos escusos e criminosos.

É hora de abrir o debate sobre as eleições 2008 em todos os espaços institucionais e populares: escolas, empresas, denominações religiosas, clubes, associações, sindicatos e movimentos sociais. Não se trata de favorecer este ou aquele candidato, e sim de fomentar o distanciamento crítico frente ao marketing eleitoral e acentuar os critérios de discernimento político.

Se a sociedade não se empenhar na educação política de seus cidadãos, em breve teremos parlamentos e Executivo ocupados apenas por corruptos, milicianos, lobistas e fundamentalistas. Então, o Brasil se verá reduzido a uma imensa Chicago dos anos 1930, com os Al Capone dando as cartas ao arrepio das leis, de um lado, e os Bin Laden versão tupiniquim de outro, convencidos de que, em nome de sua religião, foram escolhidos por Deus para governar erradicando o pecado, ou seja, combatendo a ferro e fogo todos que não rezam pela cartilha deles.


Frei Betto é escritor, autor de Cartas da prisão (Agir), entre outros livros.

domingo, 21 de setembro de 2008

Carta da apoio à chapa 1 - APP Sindicato

Caros Professores e Funcionários da Educação do Estado do Paraná,

Somos professores e ex-professores do Colégio Estadual do Paraná (CEP) e estamos apoiando a Chapa 1, que concorre à reeleição na APP Sindicato, pelas seguintes razões:

1) Trata-se de um grupo que faz política sindical séria, propõe-se a renovar a direção em dois terços, mas mantém pessoas bastante experientes na sua direção. Sabemos que o governo indica para a mesa de negociação seus representantes mais experientes e precisamos nos lembrar de que ainda temos mais dois longos anos de governo Requião pela frente. Esta gestão conseguiu grandes conquistas como o plano de cargos e salários dos funcionários, o plano de carreira dos professores, o PDE, etc. Ainda está muito longe do ideal, mas reconhecemos a importância destas conquistas, depois que passamos pelo processo de sucateamento da educação pública paranaense, durante o governo anterior. Temos acompanhado, pela imprensa, os acontecimentos envolvendo o governo Requião e, sinceramente, tememos o que ainda vem pela frente, por isso preferimos, na direção do nosso sindicato, negociadores que tenham bom senso e coerência.

2) Na chapa 2 (Curitiba – Norte), estão alguns professores do Colégio Estadual do Paraná que, apesar da experiência em militância, foram responsáveis, no ano passado, (através de seu posicionamento público e de documentos escritos que constam nos processos administrativos contra colegas de trabalho) por colaborar para que a diretora do CEP processasse e afastasse professores que defendiam as relações de democracia na instituição. Atualmente alguns destes componentes da chapa 2 (Curitiba – Norte) também fazem críticas à direção do CEP, se dizem vítimas do autoritarismo e alegam ter se enganado no julgamento anterior, em relação às propostas da Diretora Geral. Como confiar em pessoas que não avaliaram um histórico de realizações pedagógicas da escola? Se não conseguiram enxergar aquilo que estava tão claro para a maioria dos professores, funcionários e estudantes do Colégio Estadual do Paraná, serão eles capazes de avaliar adequadamente as políticas públicas do Estado do Paraná para a educação? Que posições tomarão se tiverem que enfrentar um confronto com o governo do ESTADO? Eles se submeterão e se colocarão contra os seus companheiros de trabalho assim como fizeram no caso específico do Colégio Estadual do Paraná? Se não conseguiram ver aquilo que era evidente para a maioria dos professores, funcionários e estudantes do CEP, serão agora capazes de enxergar e discernir os problemas relacionados às políticas públicas do nosso estado para a educação e nos representar com coerência e responsabilidade como diretores do nosso sindicato?

3) A chapa 3, embora tenha integrantes bastante idôneos, que conhecemos e nos quais confiamos, conseguiu montar chapas apenas em poucos núcleos do Estado.

4) Em relação ao caso do Colégio Estadual do Paraná, a atual Direção da APP que concorre pela chapa 1, soube, num primeiro momento, manter uma certa “neutralidade”, para que pudessem melhor avaliar a situação. Compreendendo o que se passava na escola, posicionaram-se na defesa da democracia e contra o autoritarismo que, infelizmente, ainda impera no Colégio Estadual do Paraná.

Precisamos avaliar o contexto com muito cuidado. Da direção do nosso sindicato dependerão muitas conquistas, realizações ou retrocessos nos próximos anos!
Curitiba, 20 de setembro de 2008

Assinam:
Camila M. Pasqual - Professora de Língua Portuguesa e Literatura há 18 anos na rede pública - trabalhou 11 anos no CEP, mas foi dispensada em janeiro 2007 - Doutoranda em Literatura Brasileira pela UFSC. (Responde a processo administrativo).

Cleusa Maria Fuckner – Professora de História há 25 anos na Rede Pública Estadual - há 7 anos no CEP– Doutoranda em Educação pela UFPR.
( Responde a processo administrativo)

Denilson Schena – Professor de História há 12 anos na Rede Pública Estadual - no CEP desde 1996 – Mestre em Educação pela UFPR.
(Responde a processo administrativo)

Edilene Aparecida Laureano – Professora de Química há 10 anos na rede pública de Ensino - no CEP desde 2003. Especialista em Biologia Vegetal- Bioquímica. (Responde a processo administrativo)

Dulce Lopes- Professora de Português e especialista em Inglês Britânico pelo British Council. No CEP desde 2004. (Responde a processo administrativo)

Elena Shizuno – Professora de História da rede há 14 anos - 9 anos no CEP. Doutoranda em História pela UFPR ( Respondia a processo administrativo, solicitou exoneração em maio de 2008).

Leisa Moreira Melhoretto – Professora de Geografia da rede pública e particular desde 1995 - no CEP desde 2001. Especialista na área de desenvolvimento ambiental e autora de material didático de Ensino Médio e Fundamental. (Responde a processo administrativo)

Maria Luíza Moreira da Rocha Diniz Lacerda (Profª Malu) - Professora de Língua Portuguesa e Literatura há 35 anos, ex-diretora-auxiliar do Colégio Estadual do Paraná, de dezembro/2003 a fevereiro/2007 – no CEP de 1998 a fevereiro 2008. (Responde a processo administrativo - afastada, antes da conclusão do processo, de forma arbitrária, sob a alegação de que a “sua presença no Colégio Estadual do Paraná continua a trazer transtornos para o bom andamento das atividades daquela unidade escolar”).

Wanderley José Deina – Professor de Filosofia da rede há 11 anos, ex-diretor auxiliar do Colégio Estadual do Paraná, professor substituto de Sociologia da Educação na UFPR – no CEP de 1999 a agosto 2007 - Mestre e Doutorando em Filosofia da Educação pela USP. (Responde a processo administrativo, afastado em agosto 2007).

Carta recebida

(Cópia de carta enviada ao blog do ex-reitor por uma professora do CEP)

Prezado Reitor,


A maioria dos professores, funcionários, alunos e pais que fazem parte da comunidade escolar do Colégio Estadual do Paraná devem sentir confiança na competência do candidato a prefeito da cidade de Curitiba, Dr. Moreira, o qual sabe que, para estar em evidência num conceituado cargo público, inevitavelmente deve possuir qualidades essenciais e, a principal delas, é saber lidar com pessoas com respeito, com carinho, com noções comumente admitidas pelos homens, promovendo a paz e o contentamento da maioria dos cidadãos.
Desta maneira, afirmo que tais qualidades essenciais não são verificadas com a atual direção do renomado Colégio Estadual do Paraná, e por isso, apelamos para que o Reitor da UFPR, candidato a prefeito da cidade de Curitiba, solicite com urgência o retorno da atual diretora, professora Maria Madselva Ferreira Feiges, para a UFPR, pois lá é o lugar adequado para as suas teorias pedagógicas, para trabalhar na instituição na qual foi aprovada em concurso.
A situação que se apresenta atualmente no Colégio Estadual do Paraná é uma vergonha, marcada pela falta de idoneidade, prejudicando muitas pessoas sérias e competentes que trabalham ou que tiveram que deixar de executar suas funções naquela instituição, pois foram afastadas pela própria diretora, por expressarem o descontentamento e discordarem de muitos assuntos, opiniões e atitudes defendidos pela mesma. Elas foram processadas, perseguidas, dispensadas, muitas adoeceram (inclusive chegando ao óbito). A diretora, infringe, com a maior “naturalidade” o disposto na Constituição Brasileira, Art. 5 IX:
"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientifica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.", e ainda, "A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição”.
Dr. Moreira, convido-lhe a fazer uma reflexão e uma visita ao Colégio Estadual do Paraná, para conversar com alunos, pais, professores, funcionários e verificar pessoalmente a tristeza, a indignação, a insatisfação das pessoas, além de observar o desrespeito, a desorganização, a indisciplina, a falta de comunicação, a troca constante de direções auxiliares e outros cargos, promovidos pela diretora. Infelizmente, a referida diretora, sem ética alguma, continua desvalorizando e humilhando professores, funcionários, pais e alunos, ameaçando todos sempre com processos, colocando alguns alunos contra o Grêmio do Colégio, contra professores, induzindo alguns pais a fazerem ocorrência sobre determinados professores (e utilizando-se disso em processos contra esses professores), incentivando colegas a processarem outros colegas. Também destacam-se as orientações sobre como devem ser feitas as avaliações e outros assuntos relevantes do Colégio que são constante e irresponsavelmente modificados, mostrando que até agora o CEP não possui uma uniformidade, um plano coerente de ação, portanto, o Projeto Político Pedagógico ainda não está sendo construído, ou melhor, não existe.
O Colégio Estadual do Paraná completou 161 anos, tendo inúmeras conquistas nas mais diversas áreas do conhecimento, mas será ressaltada uma das mais recentes (quando a professora Maria Madselva felizmente ainda não estava no Colégio). Em 2007 foi elaborado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) o Provão do Fantástico da Rede Globo, para alunos de 3ª série do Ensino Médio nas maiores capitais e em outras cidades, e o CEP foi o primeiro colocado na disciplina de Matemática e terceiro colocado geral. Alguns colegas professores comentam que não se deve ater aos saudosos tempos do CEP, mas não pode ser permitido de uma vez por todas, que a maldade, a vaidade, a censura, o desrespeito, a contradição, a arbitrariedade, a incompetência, e tantos outros adjetivos negativos, sejam evidentes em uma pessoa que exerce um cargo tão importante na sociedade curitibana, bem como no Paraná, pois o Colégio Estadual do Paraná, assim como a Universidade Federal do Paraná, são motivos de orgulho para os paranaenses. Os nossos jovens estudantes estão vivenciando essa triste realidade, percebendo a obstinação da diretora, a qual não está percebendo e nem aceitando seus erros. Muitas vezes as pessoas tentaram, sem resultados positivos, procurar um diálogo mais franco com ela, acolhendo-a, mostrando-se compreensivos, tendo cautela e falando sobre experiências que tiveram êxito. Mas em sua concepção única, tudo estava sem rumo no Colégio, e ela precisava administrar tudo, desconsiderando a experiência de tantas pessoas nesta comunidade escolar, alegando sempre na imprensa, que as pessoas que estão indignadas com a presença e postura dela, assim estão por serem profissionais relapsos e “mentirosos” que não aceitam cobranças. Por isso, foi mencionado brevemente que o histórico do Colégio mostra realmente a dedicação e comprometimento com o ensino / aprendizagem nesta instituição.
As perguntas, Dr. Moreira, para as quais precisamos de resposta, referem-se às medidas urgentes que o senhor pode sugerir e/ou talvez intervir para reverter todo esse caos instalado no CEP, explicando qual a contribuição e sugestão que o Senhor poderá repassar para aproximadamente cinco mil alunos, mais de trezentos professores e funcionários e o restante da comunidade do CEP, não esquecendo que a sociedade curitibana que acompanha esses funestos acontecimentos aguardam uma solução, e se vier por parte do senhor, será bastante favorável neste período, já que os professores em massa apoiaram o atual governador do Estado, quando ele foi para o segundo turno na última eleição. Um dos seus lemas de campanha é FAZER O QUE PRECISA SER FEITO, portanto esse impasse no CEP é uma oportunidade importantíssima para que o senhor mostre o seu compromisso com a educação pública no nosso estado.

Atenciosamente,

Professora

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Inconcebível

Conversa Afiada- Paulo Henrique Amorim
http://www.paulohenriqueamorim.com.br


15/09/2008 08:24
VIÚVA DE FREIRE, NITA FREIRE, REPUDIA VEJA

O Conversa Afiada republica carta que a viúva de Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire (Nita Freire), escreveu em repúdio a uma reportagem da última flor do Fascio, a revista Veja, cuja redação se divide entre o lado de lá e o lado de cá de uma vala negra.




VIÚVA DE FREIRE ESCREVE CARTA DE REPÚDIO À VEJA
CONCEIÇÃO LEMES

Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:

"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".

Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir. Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.

Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:

"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.

Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.

A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.

Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do “filósofo” e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.

Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.

Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu “Norte” e “Bíblia”, esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.

Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!

São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire".


Em tempo: a viúva de Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire (Nita Freire), explicou ao Conversa Afiada que não enviou esse texto à Veja. Na verdade, seria inútil. Dificilmente a Veja publicaria. (PHA)

sábado, 13 de setembro de 2008

Jovens que fazem a diferença VII

Blog do Fábio Campana

Ricardo Oliveira será o mediador de debate no Colégio Estadual

O cientista político e professor da UFPR, Ricardo Costa de Oliveira, será o mediador do debate entre os candidatos a prefeito no Colégio Estadual do Paraná. O debate acontecerá no auditório do Colégio Estadual do Paraná, no dia 12 de setembro, das 19h às 21h. Apenas o atual prefeito e candidato à reeleição, Beto Richa, ainda não confirmou presença.

Em tempo

A direção do Grêmio do Colégio Estadual relata a surpresa dos alunos com a convocação feita aos pais para reunião extraordinária, amanhã, no mesmo local e horário do debate. Foram informados também que, em função da reunião, o evento organizado por eles deverá acontecer no Salão Nobre.
Os integrantes da diretoria do grêmio suspeitam de mais uma tentativa de boicote às atividades programadas por eles, o que tem ocorrido invariavelmente às vesperas dos eventos.

Segundo relato da Jéssica, hoje explodiram bombas em banheiros e corredores, mas isso já vem acontecendo há algum tempo. A polícia, o esquadrão anti-bombas e alguns cães circularam pelos corredores da escola nos dois últimos horários do turno da manhã.
No último dia 06/09, eles haviam planejado uma feira de profissões com várias faculdades aqui de Curitiba. Apresentaram o projeto na reunião do Conselho Escolar, com toda a programação e uso do espaço físico da escola. Na véspera, ela convocou os alunos responsáveis e disse que eles não poderiam usar o espaço aprovado anteriormente. Os alunos questionaram, insistiram, e ela disse que só concordaria se eles conseguissem 50 professores e funcionários para “acompanhar” os representantes das faculdades. Ela talvez tenha imaginado que eles não fossem conseguir, por ser véspera do feriadão. Ela estava enganada, eles cumpriram a exigência e a feira foi um sucesso.São jovens que têm bastante senso crítico e estão fazendo um trabalho bastante significativo. Apesar de não estar sendo fácil para eles, sei que a aprendizagem adquirida valerá cada sacrifício. Hoje para completar a frustração deles, receberam comunicado da Gleisi desistindo de participar do debate. Espero que outros candidatos não façam o mesmo, pois eles se empenharam demais .

Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008 – 22:32 hs.

Comentários

O Povo Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008 – 23:53 hs
A mediadora deveria ser a Mãe da Selva, pois em matéria de mediação ela é 10!

10 equilibrada
10 agradável
10 respeitosa
10 peitada
10 organizada
10 testada
10 primida
10 miolada
10 temperada
10 preparada

alvaro Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 0:08 hs
Muito boa a iniciativa do GECEP
ë uma pena ver o “respeito”que certos candidatos têm com relação a juventude. Adianta falar em políticas públicas para os jovens e ignorar os pedidos de debate???
Espero que a participação dos alunos não diminua por conta de todas as dificuldades para a realizaÇão desse evento.

CLEYTON Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 0:40 hs
MUITO 10
O DEBATE TEM Q ACONTECER CADE SEU BETO RICHA ??
NÃO VAI
??
TEM MEDO DO Q ??
C ELE NUM FOR E UMA TOTAL FALTA DE RESPEITO

Grego Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 0:47 hs
Estudei com muito orgulho, por 06 anos no Colégio Estadual do Paraná, nos anos 70. Era época do regime militar, a disciplina no colégio era firme mas os acordos eram sempre respeitados. Hoje, vivemos numa ditadura do Governo Federal que não respeita a Federação e numa loucura, que é o Governo Estadual, que acha que tudo pode e nada produz. Acho uma temeridade este debate, com o clima beligerante provocado pela atual Diretora, figura exemplar de um desgoverno que estamos aguentando. Se nem a Gleisi vai, desesperada que está nesta eleição, é porque sabe que os estudantes ficarão de fora e os capachos do Rei ocuparão as cadeiras. Imaginem se o Beto fosse o que o Doático e sua turma, apoiados pela Diretora, provocariam. Melhor cancelar, senão, os estudantes vão aparecer no Programado do Moreira, mostrando o seu “apoio” a ele ao PMDB da Diretora.

Edson Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 9:31 hs
O prefeito Beto Richa deve ir ao Colégio Estadual. Mas em momento próprio e oportuno. Não em situações conflitantes como essa que vive “lamentavelmente” o nosso Colégio Estadual.

O Pensador Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 10:06 hs
Grande GECEP!! O grêmio estudantil do Colégio Estadual está dando uma aula de democracia! Estão de parabéns! E quanto aos candidatos fujões?
Estes são uma vergonha!

caco Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 10:56 hs
O MEDIADOR É PETISTA DE CATEIRINHA E
ISSO TA COM CARA DE ARMAÇÃO DE ULTIMA HORA…. ABRE OLHO BETO RICHA….

John McCain Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 15:58 hs
Já bati boca com ele, durante a reeleição de Lula, na frente da reitoria. É petista de carteirinha, de bandeira na mão e tudo. Repete até as palavras-de-ordem sem errar a ordem.

Armação pura e simples. É pra piazadinha massa-de-manobra do PT vaiar o prefeito, causar constragimento, fazer torcida organizada, gritar motes, etc. Pura masturbação, que não dá em nada numa eleição onde 70% do eleitorado já sabe em quem votar.

Cris Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 16:14 hs
Além de petista de carterinha dos que ficam de bandeira na mão na esquina da reirtoria, o mediador é ou foi do Gov. Requião, trabalhava com aquele do departamento de Economia que namorava a reitora da UEL - acho ele (o do dep. de econ.) era Secretário da Ciencia e Tecnologia.

Maior cilada!!!!!!

Socalista Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 17:46 hs
Gente, o mediador é nada mais nada menos que o autor de uma obra importante para o Paraná. Trata-se do livro “O Silêncio dos Vencedores - Genealogia, Classe Dominante e Estado do Paraná”. Tenham a curiosidade de consultar a obra e verão quem realmente manda nessas plagas. A “besta” manda há muitos anos e com essa postura dos nossos eleitores continuárá a mandar por muito tempo ainda, pois a Rede Política instalada é muito forte para ser desmanchada. Portanto, deixemos de tolices e vamos ler o autor.

Marcos Strasson Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 18:16 hs
nossa, a turminha do beto fujão não perde tempo. Vão ter que guentar a galera malhando o baby dol do batel..
hahhaha
beto fujão

Professor Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 19:00 hs
O fato é que o gremio do Colégio Estadual pensou apenas em “chamar” os alunos para um debate com todos os candidatos à prefeitura da cidade em que vivem.

Inclusive estavam com dificuldades em conseguir alguém para ser o mediador.

Se a escolha parece com uma cilada, não conheço o mediador, mas eu posso garantir que os alunos do gremio, não tiveram a menor intenção de colocar nenhum dos candidatos em situação vexatória, pelo contrário, eles foram os primeiros a criticar a palestra no colégio, sobre o voto aos 16 anos, no inicio do ano, em que participaram somente dois dos candidatos(Gleisi e Moreira).

O colégio já perdeu muito desde a entrada da interventora Madselva, o gremio estudantil, tem sido a única resitência aos desmandos da ditadora, eles têm tentado oferecer aos estudantes um pouco de participação política, ou através de palestras, que a diretora acaba “boicotando”, e desta vez tentaram o debate, com a atuação da comunidade. Se acaso houver pessoas mal intensionadas nesta meio, tenho certeza, de que não se trata da maioria dos alunos e muito menos do alunos que participam do gremio estudantil do colégio, que até onde sei, se recusaram a participar da UPES, UJS e afilhados de politiqueiros.

Thaís Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 22:23 hs
Fábio!
Estou perplexo com o número alarmante de detonações de “bombas caseiras” no interior do Colégio Estadual do Paraná. Sòmente nos dias 10 e 11 deste mês foram mais de 15. Uma delas, inclusive, destruiu, por completo, um vaso sanitário. Fico a imaginar as conseqüências, se atitudes drásticas não forem tomadas. Sugiro, que a Polícia Militar tome providências antes que alguém se machuque e aí a direção da escola irá ausentar-se de quaisquer responsabilidade. Que este meu alerta sensibilize as autoridades competentes, visto tratar-se de artefatos com grande poder de destruição. Registre-se, que a direção da escola tem o dever de proteger a integridade física de alunos, professores, funcionários e demais pessoas que por lá transitam.

Profª Malu Rocha Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 22:50 hs
Quem mediou o debate, com grande maestria, foi o professor do Colégio Estadual do Paraná, Antônio Whitney.
Estão de parabéns os alunos do Grêmio Estudantil, que deram uma aula de maturidade, bom senso e criticidade ao organizar o debate, ao redigir e selecionar as perguntas encaminhadas aos candidatos, ao contornar os empecilhos encontrados durante a preparação e realização do evento.

Colégio Estadual Sábado, 13 de Setembro de 2008 – 8:32 hs
A PIOR BOMBA QUE FOI JOGADA SOBRE O COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ TEM NOME: Madselva.

TODOS SABEMOS QUEM JOGOU!

O QUE VAI ACONTECER? NADA, MAS…

2010 VEM AÍ!!!

Rodrigo Sábado, 13 de Setembro de 2008 – 11:44 hs
A todos akeles q nos chamam de “piazadinha massa de manobra”, manipulados, etc…. oq eu tenhu a fazer eh simplismente lamentar q vcs naum ponham feh na nossa juventude…. tentamos fazer um debate q fosse o mais digno possível… e agora eu posso dizer… NÓS CONSEGUIMOS!!!!

Todos os candidatos q compareceram foram mtu bem recebidos, e o debate foi, dentro do possível, um sucesso…mesmo havendu algumas ausencias, como a do atual prefeito Beto Richa, a da candidata Gleisi e a do candidato Lauro Rodrigues.

Naum fizemos nada com a intenção de armar cilada pra candidato nenhum… mtu pelo contrário, quisemos trazer pra dentro do colégio um debate q pudesse fazer com q alunos, pais, professores e comunidade em geral pudessem votar com uma maior consciencia, conhecendu todos os candidatos…

E qm faiz as eleições somos nós, votando… e naum as pesquisas… a eleição soh vai estar ganha qndu 100% das urnas estiverem apuradas…. Akeles q criticaram aos montes aki, espero q tenham ido ao debate para poder comprovar o quão sério e honesto foi o evento promovido pelo GECEP.

Gestão muda Sábado, 13 de Setembro de 2008 – 12:03 hs
Cara Comentarista:

Apenas para rever suas palavras “e aí a direção da escola irá ausentar-se de quaisquer responsabilidade” Eu posso concluir com sua afirmação que você faz parte ou tem grande intimidade com a direção do colégio.
Ora, com certeza a integridade física dos alunos e funcionários do colégio deve ser mantida.

Eu só não compreendo a necessidade desta gestão (diretora atual, Maria Madselva) em atuar sempre com auxílio de processos administrativos ou através da força policial, em questões que anteriormente eram tratadas pelas direções através simples diálogo, que é o que alguém com a função de dirigir qualquer local de trabalho domina. Em outras gestões, raras vezes em que sequer ouvi falar do afastamento de professores do colégio por “estarem contra políticas públicas”, ou a constante, mas constante mesmo, mudança de pessoas que trabalham juntamente com a direção, ou de professores que têm a dificuldade de tirar a licença (por direito) por não conseguirem professores que queiram lecionar no colégio estadual do Paraná ou mesmo em relação aos rojões que alunos soltavam, em outras gestões eram ao final do ano pelo final das aulas, mas mesmo assim os alunos responsáveis pelo ato, eram investigados pela direção auxiliar, pois havia muito diálogo entre direção e alunos, e com isso os infratores eram responsabilizados e os pais informados, bem como as autoridades responsáveis, sem sequer colocar policiais armados e com cachorros em corredores do colégio, assustando novamente os alunos e professores.

Questões que a atuação da gestora seriam resolvidas com um mínimo de diálogo, ou seja, competência para o cargo:
 Reivindicação de alunos, como no ano passado, pela falta de clareza da diretora, na explanação das atitudes pedagógicas tomadas em relação aos alunos, gerando a união da maioria deles na reivindicação da saída da diretora;
 Manter diálogo com o quadro de funcionários (professores, funcionários administrativos e auxiliares de educação), gerando constrangimento aos funcionários, que muitas vezes são pessoas humildes e realizam seu trabalho neste local há muito tempo, aumentando os conflitos com a própria direção;
 Falta de diálogo com o grêmio estudantil (que são alunos com interesses em auxiliar a direção na responsabilidade política e educacional dos discentes do colégio), e quando ocorrem reuniões entre o grêmio e direção, as reuniões sempre ocorrem com a presença da advogada, que permanece no colégio em apoio à direção, desde que começaram os processos contra professores, intimidando os alunos do grêmio.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Jornal Gazeta do Povo

Colunistas Terça-feira, 09/09/2008
Celso Nascimento

Juiz que beneficiou Maurício colocado sob suspeita

O juiz Adalberto Xisto Pereira foi quem garantiu a posse de Maurício Requião como conselheiro do Tribunal de Contas em 17 de julho. Dias depois, a esposa do mesmo juiz, a bacharel Rosane Pires Pereira, foi agraciada com um cargo no mesmo Tribunal de Contas. Após a nomeação da mulher, o juiz Xisto voltou a atuar no mesmo feito ao não acatar recurso contra a sua decisão.

A repetição por três vezes do adjetivo “mesmo” num só parágrafo não se deve à pobreza vocabular do escriba; apenas serve para amparar a seguinte notícia:

Na última sexta-feira, o juiz Xisto foi instado a declarar-se sob suspeição e, em conseqüência disso, solicitado a revogar sua segunda decisão, já que ele a deu após a esposa ter sido nomeada no TC.

A petição foi feita pelo escritório Cordeiro Neto Advogados, que representa Riccardo Bertotti. Bertotti – um dos seis candidatos que concorreram com Maurício Requião à vaga no TC – foi quem questionou a legalidade da participação de Maurício na disputa, sob dois fundamentos:

• por ser irmão do governador e depender de sua nomeação, estaria ferido o princípio constitucional da impessoalidade, o mesmo invocado pelo STF para proibir o nepotismo;

• porque, se empossado, o novo conselheiro estaria impedido por lei de julgar as contas estaduais e dos municípios onde o irmão tivesse tido mais de 1% dos votos (isto é, de todos).

Na instância inicial, o juiz Marcelo Teixeira, da 3ª Vara da Fazenda Pública, acatou liminarmente os argumentos, considerou nula a nomeação e mandou cancelar a posse. Maurício Requião impetrou recurso e, em poucas horas, no mesmo dia da cerimônia, obteve do juiz substituto Xisto Pereira, da 4ª Câmara Cível do TJ, a revogação da liminar.

Dias depois, a esposa de Xisto Pereira foi nomeada pelo presidente do TC, Nestor Baptista, Assistente Técnico símbolo DAS-4, conforme a portaria 261/08.

Nesse meio tempo, os advogados de Bertotti impetraram novo recurso na 4ª Câmara contra a decisão de Xisto Pereira. O recurso deveria ser relatado pelo desembargador titular, Salvatore Astutti, que voltara de férias. Estranhamente, contudo, Xisto – que atuara antes na condição de seu substituto – ignorou a presença do titular e, no dia 19 de agosto, negou o recurso. Seu voto foi acompanhado pelos dois outros desembargadores da Câmara, Regina Portes e Abraham Lincoln Calixto.

É esta decisão, a segunda, que Bertotti alega configurar a suspeição, já que foi proferida por um magistrado cuja esposa acabara de ser nomeada para cargo comissionado por uma das partes interessadas no seu resultado.

Espera-se para breve a defesa do juiz Xisto Pereira ou um pronunciamento do Tribunal de Justiça para evitar que os contornos do caso assumam definitivamente a nitidez de um escândalo.

O que diz o Código de Processo Civil sobre suspeição
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

IV – receber dádivas, antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio.