terça-feira, 30 de setembro de 2008

Educação política e cidadania

(Contribuição de um leitor deste blog)
Jornal Estado de Minas
Em Cultura - 25 de setembro de 2008


FREI BETTO
A despolitização da política

"Numa verdadeira democracia, a universalização do voto deveria coincidir com a socialização das riquezas"
Frei Betto

Campanha eleitoral se ganha com TV. Em toda eleição, os partidos contratam equipes para cuidar da imagem de seus candidatos. Em geral, equipe comandada por um publicitário que não é do partido, não gosta do partido e não vota no partido. Mas tem fama de competente...

Ora, competência rima com convicção. Qualquer manual de marketing, desses que ensinam a vender poluição atmosférica para ecologista, aconselha o vendedor a estar convencido da qualidade de sua mercadoria. Por isso, em muitas campanhas o programa de TV emperra. Troca-se de publicitário, de equipe e de estilo. E confunde-se o eleitor, pois, de uma semana a outra, o candidato light vira xiita ou vice-versa.

O mais dramático é constatar que se troca a ética pela estética. Não importa se o candidato é bandido, corrupto ou incompetente. Uma boa imagem fala mais que mil palavras. Assim, opera-se a progressiva despolitização da política, que é um dos objetivos do neoliberalismo. Tira-se a política do âmbito público como ferramenta de promoção do bem comum, para reduzi-la ao âmbito privado, à escolha de candidatos baseada não em propostas e programas, e sim em simpatias e empatias.

A razão é simples: no sistema capitalista, a política é teoricamente pública e a economia privada. Universaliza-se o voto e privatiza-se a riqueza. Se no Brasil há mais de 100 milhões de eleitores, apenas 19 milhões concentram em suas mãos 75,4% da riqueza nacional (Ipea, maio 2008).

Numa verdadeira democracia, a universalização do voto deveria coincidir com a socialização das riquezas, no sentido de assegurar a todos renda mínima e os três direitos básicos, pela ordem: alimentação, saúde e educação. Como isso não consta da pauta do sistema, procura-se inverter o processo: inocula-se na população o horror à política de modo a relegá-la ao domínio privado de uns poucos. Quem tem nojo da política é governado por quem não tem. E os maus políticos tudo fazem para usar o poder público em benefício de seus interesses privados.

Veja-se, por exemplo, o movimento em favor do voto facultativo. O que muitos encaram como positivo e condizente com a liberdade individual é uma maneira de excluir parcela considerável da população das decisões políticas. Aumenta-se, assim, o grau de alienação dos potenciais eleitores. Quando perguntam por minha opinião, digo com clareza: sou a favor, desde que seja também facultativa a atual obrigação de pagar impostos. Por que ser obrigado a sustentar economicamente o Estado e desobrigado de influir na sua configuração e nos seus rumos?

O desinteresse pela política é um dos sintomas nefastos da ideologia neoliberal, que procura dessocializar os cidadãos para individualizá-los como consumistas. Troca-se o princípio cartesiano do “penso, logo existo”, para o princípio mercadológico do “consumo, logo existo”. É nesse sentido que a propaganda eleitoral também se reveste de mercadoria. Oferecem-se não idéias, programas de governo, estratégias a longo prazo, e sim promessas, performances, imagens de impacto.

Se há aspectos positivos nas restrições oficiais às campanhas eleitorais, porque deixam a cidade limpa e evitam que os comícios atraiam público, não em função do candidato, e sim dos artistas no palanque, é óbvio que favorecem a quem tem mais dinheiro. Enquanto não chega a prometida reforma política, o financiamento e o controle público das campanhas, o caixa dois prossegue fazendo a farra de quem posa de ético e, ao mesmo tempo, angaria recursos escusos e criminosos.

É hora de abrir o debate sobre as eleições 2008 em todos os espaços institucionais e populares: escolas, empresas, denominações religiosas, clubes, associações, sindicatos e movimentos sociais. Não se trata de favorecer este ou aquele candidato, e sim de fomentar o distanciamento crítico frente ao marketing eleitoral e acentuar os critérios de discernimento político.

Se a sociedade não se empenhar na educação política de seus cidadãos, em breve teremos parlamentos e Executivo ocupados apenas por corruptos, milicianos, lobistas e fundamentalistas. Então, o Brasil se verá reduzido a uma imensa Chicago dos anos 1930, com os Al Capone dando as cartas ao arrepio das leis, de um lado, e os Bin Laden versão tupiniquim de outro, convencidos de que, em nome de sua religião, foram escolhidos por Deus para governar erradicando o pecado, ou seja, combatendo a ferro e fogo todos que não rezam pela cartilha deles.


Frei Betto é escritor, autor de Cartas da prisão (Agir), entre outros livros.

domingo, 21 de setembro de 2008

Carta da apoio à chapa 1 - APP Sindicato

Caros Professores e Funcionários da Educação do Estado do Paraná,

Somos professores e ex-professores do Colégio Estadual do Paraná (CEP) e estamos apoiando a Chapa 1, que concorre à reeleição na APP Sindicato, pelas seguintes razões:

1) Trata-se de um grupo que faz política sindical séria, propõe-se a renovar a direção em dois terços, mas mantém pessoas bastante experientes na sua direção. Sabemos que o governo indica para a mesa de negociação seus representantes mais experientes e precisamos nos lembrar de que ainda temos mais dois longos anos de governo Requião pela frente. Esta gestão conseguiu grandes conquistas como o plano de cargos e salários dos funcionários, o plano de carreira dos professores, o PDE, etc. Ainda está muito longe do ideal, mas reconhecemos a importância destas conquistas, depois que passamos pelo processo de sucateamento da educação pública paranaense, durante o governo anterior. Temos acompanhado, pela imprensa, os acontecimentos envolvendo o governo Requião e, sinceramente, tememos o que ainda vem pela frente, por isso preferimos, na direção do nosso sindicato, negociadores que tenham bom senso e coerência.

2) Na chapa 2 (Curitiba – Norte), estão alguns professores do Colégio Estadual do Paraná que, apesar da experiência em militância, foram responsáveis, no ano passado, (através de seu posicionamento público e de documentos escritos que constam nos processos administrativos contra colegas de trabalho) por colaborar para que a diretora do CEP processasse e afastasse professores que defendiam as relações de democracia na instituição. Atualmente alguns destes componentes da chapa 2 (Curitiba – Norte) também fazem críticas à direção do CEP, se dizem vítimas do autoritarismo e alegam ter se enganado no julgamento anterior, em relação às propostas da Diretora Geral. Como confiar em pessoas que não avaliaram um histórico de realizações pedagógicas da escola? Se não conseguiram enxergar aquilo que estava tão claro para a maioria dos professores, funcionários e estudantes do Colégio Estadual do Paraná, serão eles capazes de avaliar adequadamente as políticas públicas do Estado do Paraná para a educação? Que posições tomarão se tiverem que enfrentar um confronto com o governo do ESTADO? Eles se submeterão e se colocarão contra os seus companheiros de trabalho assim como fizeram no caso específico do Colégio Estadual do Paraná? Se não conseguiram ver aquilo que era evidente para a maioria dos professores, funcionários e estudantes do CEP, serão agora capazes de enxergar e discernir os problemas relacionados às políticas públicas do nosso estado para a educação e nos representar com coerência e responsabilidade como diretores do nosso sindicato?

3) A chapa 3, embora tenha integrantes bastante idôneos, que conhecemos e nos quais confiamos, conseguiu montar chapas apenas em poucos núcleos do Estado.

4) Em relação ao caso do Colégio Estadual do Paraná, a atual Direção da APP que concorre pela chapa 1, soube, num primeiro momento, manter uma certa “neutralidade”, para que pudessem melhor avaliar a situação. Compreendendo o que se passava na escola, posicionaram-se na defesa da democracia e contra o autoritarismo que, infelizmente, ainda impera no Colégio Estadual do Paraná.

Precisamos avaliar o contexto com muito cuidado. Da direção do nosso sindicato dependerão muitas conquistas, realizações ou retrocessos nos próximos anos!
Curitiba, 20 de setembro de 2008

Assinam:
Camila M. Pasqual - Professora de Língua Portuguesa e Literatura há 18 anos na rede pública - trabalhou 11 anos no CEP, mas foi dispensada em janeiro 2007 - Doutoranda em Literatura Brasileira pela UFSC. (Responde a processo administrativo).

Cleusa Maria Fuckner – Professora de História há 25 anos na Rede Pública Estadual - há 7 anos no CEP– Doutoranda em Educação pela UFPR.
( Responde a processo administrativo)

Denilson Schena – Professor de História há 12 anos na Rede Pública Estadual - no CEP desde 1996 – Mestre em Educação pela UFPR.
(Responde a processo administrativo)

Edilene Aparecida Laureano – Professora de Química há 10 anos na rede pública de Ensino - no CEP desde 2003. Especialista em Biologia Vegetal- Bioquímica. (Responde a processo administrativo)

Dulce Lopes- Professora de Português e especialista em Inglês Britânico pelo British Council. No CEP desde 2004. (Responde a processo administrativo)

Elena Shizuno – Professora de História da rede há 14 anos - 9 anos no CEP. Doutoranda em História pela UFPR ( Respondia a processo administrativo, solicitou exoneração em maio de 2008).

Leisa Moreira Melhoretto – Professora de Geografia da rede pública e particular desde 1995 - no CEP desde 2001. Especialista na área de desenvolvimento ambiental e autora de material didático de Ensino Médio e Fundamental. (Responde a processo administrativo)

Maria Luíza Moreira da Rocha Diniz Lacerda (Profª Malu) - Professora de Língua Portuguesa e Literatura há 35 anos, ex-diretora-auxiliar do Colégio Estadual do Paraná, de dezembro/2003 a fevereiro/2007 – no CEP de 1998 a fevereiro 2008. (Responde a processo administrativo - afastada, antes da conclusão do processo, de forma arbitrária, sob a alegação de que a “sua presença no Colégio Estadual do Paraná continua a trazer transtornos para o bom andamento das atividades daquela unidade escolar”).

Wanderley José Deina – Professor de Filosofia da rede há 11 anos, ex-diretor auxiliar do Colégio Estadual do Paraná, professor substituto de Sociologia da Educação na UFPR – no CEP de 1999 a agosto 2007 - Mestre e Doutorando em Filosofia da Educação pela USP. (Responde a processo administrativo, afastado em agosto 2007).

Carta recebida

(Cópia de carta enviada ao blog do ex-reitor por uma professora do CEP)

Prezado Reitor,


A maioria dos professores, funcionários, alunos e pais que fazem parte da comunidade escolar do Colégio Estadual do Paraná devem sentir confiança na competência do candidato a prefeito da cidade de Curitiba, Dr. Moreira, o qual sabe que, para estar em evidência num conceituado cargo público, inevitavelmente deve possuir qualidades essenciais e, a principal delas, é saber lidar com pessoas com respeito, com carinho, com noções comumente admitidas pelos homens, promovendo a paz e o contentamento da maioria dos cidadãos.
Desta maneira, afirmo que tais qualidades essenciais não são verificadas com a atual direção do renomado Colégio Estadual do Paraná, e por isso, apelamos para que o Reitor da UFPR, candidato a prefeito da cidade de Curitiba, solicite com urgência o retorno da atual diretora, professora Maria Madselva Ferreira Feiges, para a UFPR, pois lá é o lugar adequado para as suas teorias pedagógicas, para trabalhar na instituição na qual foi aprovada em concurso.
A situação que se apresenta atualmente no Colégio Estadual do Paraná é uma vergonha, marcada pela falta de idoneidade, prejudicando muitas pessoas sérias e competentes que trabalham ou que tiveram que deixar de executar suas funções naquela instituição, pois foram afastadas pela própria diretora, por expressarem o descontentamento e discordarem de muitos assuntos, opiniões e atitudes defendidos pela mesma. Elas foram processadas, perseguidas, dispensadas, muitas adoeceram (inclusive chegando ao óbito). A diretora, infringe, com a maior “naturalidade” o disposto na Constituição Brasileira, Art. 5 IX:
"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientifica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.", e ainda, "A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição”.
Dr. Moreira, convido-lhe a fazer uma reflexão e uma visita ao Colégio Estadual do Paraná, para conversar com alunos, pais, professores, funcionários e verificar pessoalmente a tristeza, a indignação, a insatisfação das pessoas, além de observar o desrespeito, a desorganização, a indisciplina, a falta de comunicação, a troca constante de direções auxiliares e outros cargos, promovidos pela diretora. Infelizmente, a referida diretora, sem ética alguma, continua desvalorizando e humilhando professores, funcionários, pais e alunos, ameaçando todos sempre com processos, colocando alguns alunos contra o Grêmio do Colégio, contra professores, induzindo alguns pais a fazerem ocorrência sobre determinados professores (e utilizando-se disso em processos contra esses professores), incentivando colegas a processarem outros colegas. Também destacam-se as orientações sobre como devem ser feitas as avaliações e outros assuntos relevantes do Colégio que são constante e irresponsavelmente modificados, mostrando que até agora o CEP não possui uma uniformidade, um plano coerente de ação, portanto, o Projeto Político Pedagógico ainda não está sendo construído, ou melhor, não existe.
O Colégio Estadual do Paraná completou 161 anos, tendo inúmeras conquistas nas mais diversas áreas do conhecimento, mas será ressaltada uma das mais recentes (quando a professora Maria Madselva felizmente ainda não estava no Colégio). Em 2007 foi elaborado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) o Provão do Fantástico da Rede Globo, para alunos de 3ª série do Ensino Médio nas maiores capitais e em outras cidades, e o CEP foi o primeiro colocado na disciplina de Matemática e terceiro colocado geral. Alguns colegas professores comentam que não se deve ater aos saudosos tempos do CEP, mas não pode ser permitido de uma vez por todas, que a maldade, a vaidade, a censura, o desrespeito, a contradição, a arbitrariedade, a incompetência, e tantos outros adjetivos negativos, sejam evidentes em uma pessoa que exerce um cargo tão importante na sociedade curitibana, bem como no Paraná, pois o Colégio Estadual do Paraná, assim como a Universidade Federal do Paraná, são motivos de orgulho para os paranaenses. Os nossos jovens estudantes estão vivenciando essa triste realidade, percebendo a obstinação da diretora, a qual não está percebendo e nem aceitando seus erros. Muitas vezes as pessoas tentaram, sem resultados positivos, procurar um diálogo mais franco com ela, acolhendo-a, mostrando-se compreensivos, tendo cautela e falando sobre experiências que tiveram êxito. Mas em sua concepção única, tudo estava sem rumo no Colégio, e ela precisava administrar tudo, desconsiderando a experiência de tantas pessoas nesta comunidade escolar, alegando sempre na imprensa, que as pessoas que estão indignadas com a presença e postura dela, assim estão por serem profissionais relapsos e “mentirosos” que não aceitam cobranças. Por isso, foi mencionado brevemente que o histórico do Colégio mostra realmente a dedicação e comprometimento com o ensino / aprendizagem nesta instituição.
As perguntas, Dr. Moreira, para as quais precisamos de resposta, referem-se às medidas urgentes que o senhor pode sugerir e/ou talvez intervir para reverter todo esse caos instalado no CEP, explicando qual a contribuição e sugestão que o Senhor poderá repassar para aproximadamente cinco mil alunos, mais de trezentos professores e funcionários e o restante da comunidade do CEP, não esquecendo que a sociedade curitibana que acompanha esses funestos acontecimentos aguardam uma solução, e se vier por parte do senhor, será bastante favorável neste período, já que os professores em massa apoiaram o atual governador do Estado, quando ele foi para o segundo turno na última eleição. Um dos seus lemas de campanha é FAZER O QUE PRECISA SER FEITO, portanto esse impasse no CEP é uma oportunidade importantíssima para que o senhor mostre o seu compromisso com a educação pública no nosso estado.

Atenciosamente,

Professora

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Inconcebível

Conversa Afiada- Paulo Henrique Amorim
http://www.paulohenriqueamorim.com.br


15/09/2008 08:24
VIÚVA DE FREIRE, NITA FREIRE, REPUDIA VEJA

O Conversa Afiada republica carta que a viúva de Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire (Nita Freire), escreveu em repúdio a uma reportagem da última flor do Fascio, a revista Veja, cuja redação se divide entre o lado de lá e o lado de cá de uma vala negra.




VIÚVA DE FREIRE ESCREVE CARTA DE REPÚDIO À VEJA
CONCEIÇÃO LEMES

Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:

"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".

Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir. Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.

Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:

"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.

Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.

A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.

Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do “filósofo” e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.

Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.

Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu “Norte” e “Bíblia”, esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.

Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!

São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire".


Em tempo: a viúva de Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire (Nita Freire), explicou ao Conversa Afiada que não enviou esse texto à Veja. Na verdade, seria inútil. Dificilmente a Veja publicaria. (PHA)

sábado, 13 de setembro de 2008

Jovens que fazem a diferença VII

Blog do Fábio Campana

Ricardo Oliveira será o mediador de debate no Colégio Estadual

O cientista político e professor da UFPR, Ricardo Costa de Oliveira, será o mediador do debate entre os candidatos a prefeito no Colégio Estadual do Paraná. O debate acontecerá no auditório do Colégio Estadual do Paraná, no dia 12 de setembro, das 19h às 21h. Apenas o atual prefeito e candidato à reeleição, Beto Richa, ainda não confirmou presença.

Em tempo

A direção do Grêmio do Colégio Estadual relata a surpresa dos alunos com a convocação feita aos pais para reunião extraordinária, amanhã, no mesmo local e horário do debate. Foram informados também que, em função da reunião, o evento organizado por eles deverá acontecer no Salão Nobre.
Os integrantes da diretoria do grêmio suspeitam de mais uma tentativa de boicote às atividades programadas por eles, o que tem ocorrido invariavelmente às vesperas dos eventos.

Segundo relato da Jéssica, hoje explodiram bombas em banheiros e corredores, mas isso já vem acontecendo há algum tempo. A polícia, o esquadrão anti-bombas e alguns cães circularam pelos corredores da escola nos dois últimos horários do turno da manhã.
No último dia 06/09, eles haviam planejado uma feira de profissões com várias faculdades aqui de Curitiba. Apresentaram o projeto na reunião do Conselho Escolar, com toda a programação e uso do espaço físico da escola. Na véspera, ela convocou os alunos responsáveis e disse que eles não poderiam usar o espaço aprovado anteriormente. Os alunos questionaram, insistiram, e ela disse que só concordaria se eles conseguissem 50 professores e funcionários para “acompanhar” os representantes das faculdades. Ela talvez tenha imaginado que eles não fossem conseguir, por ser véspera do feriadão. Ela estava enganada, eles cumpriram a exigência e a feira foi um sucesso.São jovens que têm bastante senso crítico e estão fazendo um trabalho bastante significativo. Apesar de não estar sendo fácil para eles, sei que a aprendizagem adquirida valerá cada sacrifício. Hoje para completar a frustração deles, receberam comunicado da Gleisi desistindo de participar do debate. Espero que outros candidatos não façam o mesmo, pois eles se empenharam demais .

Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008 – 22:32 hs.

Comentários

O Povo Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008 – 23:53 hs
A mediadora deveria ser a Mãe da Selva, pois em matéria de mediação ela é 10!

10 equilibrada
10 agradável
10 respeitosa
10 peitada
10 organizada
10 testada
10 primida
10 miolada
10 temperada
10 preparada

alvaro Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 0:08 hs
Muito boa a iniciativa do GECEP
ë uma pena ver o “respeito”que certos candidatos têm com relação a juventude. Adianta falar em políticas públicas para os jovens e ignorar os pedidos de debate???
Espero que a participação dos alunos não diminua por conta de todas as dificuldades para a realizaÇão desse evento.

CLEYTON Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 0:40 hs
MUITO 10
O DEBATE TEM Q ACONTECER CADE SEU BETO RICHA ??
NÃO VAI
??
TEM MEDO DO Q ??
C ELE NUM FOR E UMA TOTAL FALTA DE RESPEITO

Grego Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 0:47 hs
Estudei com muito orgulho, por 06 anos no Colégio Estadual do Paraná, nos anos 70. Era época do regime militar, a disciplina no colégio era firme mas os acordos eram sempre respeitados. Hoje, vivemos numa ditadura do Governo Federal que não respeita a Federação e numa loucura, que é o Governo Estadual, que acha que tudo pode e nada produz. Acho uma temeridade este debate, com o clima beligerante provocado pela atual Diretora, figura exemplar de um desgoverno que estamos aguentando. Se nem a Gleisi vai, desesperada que está nesta eleição, é porque sabe que os estudantes ficarão de fora e os capachos do Rei ocuparão as cadeiras. Imaginem se o Beto fosse o que o Doático e sua turma, apoiados pela Diretora, provocariam. Melhor cancelar, senão, os estudantes vão aparecer no Programado do Moreira, mostrando o seu “apoio” a ele ao PMDB da Diretora.

Edson Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 9:31 hs
O prefeito Beto Richa deve ir ao Colégio Estadual. Mas em momento próprio e oportuno. Não em situações conflitantes como essa que vive “lamentavelmente” o nosso Colégio Estadual.

O Pensador Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 10:06 hs
Grande GECEP!! O grêmio estudantil do Colégio Estadual está dando uma aula de democracia! Estão de parabéns! E quanto aos candidatos fujões?
Estes são uma vergonha!

caco Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 10:56 hs
O MEDIADOR É PETISTA DE CATEIRINHA E
ISSO TA COM CARA DE ARMAÇÃO DE ULTIMA HORA…. ABRE OLHO BETO RICHA….

John McCain Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 15:58 hs
Já bati boca com ele, durante a reeleição de Lula, na frente da reitoria. É petista de carteirinha, de bandeira na mão e tudo. Repete até as palavras-de-ordem sem errar a ordem.

Armação pura e simples. É pra piazadinha massa-de-manobra do PT vaiar o prefeito, causar constragimento, fazer torcida organizada, gritar motes, etc. Pura masturbação, que não dá em nada numa eleição onde 70% do eleitorado já sabe em quem votar.

Cris Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 16:14 hs
Além de petista de carterinha dos que ficam de bandeira na mão na esquina da reirtoria, o mediador é ou foi do Gov. Requião, trabalhava com aquele do departamento de Economia que namorava a reitora da UEL - acho ele (o do dep. de econ.) era Secretário da Ciencia e Tecnologia.

Maior cilada!!!!!!

Socalista Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 17:46 hs
Gente, o mediador é nada mais nada menos que o autor de uma obra importante para o Paraná. Trata-se do livro “O Silêncio dos Vencedores - Genealogia, Classe Dominante e Estado do Paraná”. Tenham a curiosidade de consultar a obra e verão quem realmente manda nessas plagas. A “besta” manda há muitos anos e com essa postura dos nossos eleitores continuárá a mandar por muito tempo ainda, pois a Rede Política instalada é muito forte para ser desmanchada. Portanto, deixemos de tolices e vamos ler o autor.

Marcos Strasson Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 18:16 hs
nossa, a turminha do beto fujão não perde tempo. Vão ter que guentar a galera malhando o baby dol do batel..
hahhaha
beto fujão

Professor Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 19:00 hs
O fato é que o gremio do Colégio Estadual pensou apenas em “chamar” os alunos para um debate com todos os candidatos à prefeitura da cidade em que vivem.

Inclusive estavam com dificuldades em conseguir alguém para ser o mediador.

Se a escolha parece com uma cilada, não conheço o mediador, mas eu posso garantir que os alunos do gremio, não tiveram a menor intenção de colocar nenhum dos candidatos em situação vexatória, pelo contrário, eles foram os primeiros a criticar a palestra no colégio, sobre o voto aos 16 anos, no inicio do ano, em que participaram somente dois dos candidatos(Gleisi e Moreira).

O colégio já perdeu muito desde a entrada da interventora Madselva, o gremio estudantil, tem sido a única resitência aos desmandos da ditadora, eles têm tentado oferecer aos estudantes um pouco de participação política, ou através de palestras, que a diretora acaba “boicotando”, e desta vez tentaram o debate, com a atuação da comunidade. Se acaso houver pessoas mal intensionadas nesta meio, tenho certeza, de que não se trata da maioria dos alunos e muito menos do alunos que participam do gremio estudantil do colégio, que até onde sei, se recusaram a participar da UPES, UJS e afilhados de politiqueiros.

Thaís Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 22:23 hs
Fábio!
Estou perplexo com o número alarmante de detonações de “bombas caseiras” no interior do Colégio Estadual do Paraná. Sòmente nos dias 10 e 11 deste mês foram mais de 15. Uma delas, inclusive, destruiu, por completo, um vaso sanitário. Fico a imaginar as conseqüências, se atitudes drásticas não forem tomadas. Sugiro, que a Polícia Militar tome providências antes que alguém se machuque e aí a direção da escola irá ausentar-se de quaisquer responsabilidade. Que este meu alerta sensibilize as autoridades competentes, visto tratar-se de artefatos com grande poder de destruição. Registre-se, que a direção da escola tem o dever de proteger a integridade física de alunos, professores, funcionários e demais pessoas que por lá transitam.

Profª Malu Rocha Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008 – 22:50 hs
Quem mediou o debate, com grande maestria, foi o professor do Colégio Estadual do Paraná, Antônio Whitney.
Estão de parabéns os alunos do Grêmio Estudantil, que deram uma aula de maturidade, bom senso e criticidade ao organizar o debate, ao redigir e selecionar as perguntas encaminhadas aos candidatos, ao contornar os empecilhos encontrados durante a preparação e realização do evento.

Colégio Estadual Sábado, 13 de Setembro de 2008 – 8:32 hs
A PIOR BOMBA QUE FOI JOGADA SOBRE O COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ TEM NOME: Madselva.

TODOS SABEMOS QUEM JOGOU!

O QUE VAI ACONTECER? NADA, MAS…

2010 VEM AÍ!!!

Rodrigo Sábado, 13 de Setembro de 2008 – 11:44 hs
A todos akeles q nos chamam de “piazadinha massa de manobra”, manipulados, etc…. oq eu tenhu a fazer eh simplismente lamentar q vcs naum ponham feh na nossa juventude…. tentamos fazer um debate q fosse o mais digno possível… e agora eu posso dizer… NÓS CONSEGUIMOS!!!!

Todos os candidatos q compareceram foram mtu bem recebidos, e o debate foi, dentro do possível, um sucesso…mesmo havendu algumas ausencias, como a do atual prefeito Beto Richa, a da candidata Gleisi e a do candidato Lauro Rodrigues.

Naum fizemos nada com a intenção de armar cilada pra candidato nenhum… mtu pelo contrário, quisemos trazer pra dentro do colégio um debate q pudesse fazer com q alunos, pais, professores e comunidade em geral pudessem votar com uma maior consciencia, conhecendu todos os candidatos…

E qm faiz as eleições somos nós, votando… e naum as pesquisas… a eleição soh vai estar ganha qndu 100% das urnas estiverem apuradas…. Akeles q criticaram aos montes aki, espero q tenham ido ao debate para poder comprovar o quão sério e honesto foi o evento promovido pelo GECEP.

Gestão muda Sábado, 13 de Setembro de 2008 – 12:03 hs
Cara Comentarista:

Apenas para rever suas palavras “e aí a direção da escola irá ausentar-se de quaisquer responsabilidade” Eu posso concluir com sua afirmação que você faz parte ou tem grande intimidade com a direção do colégio.
Ora, com certeza a integridade física dos alunos e funcionários do colégio deve ser mantida.

Eu só não compreendo a necessidade desta gestão (diretora atual, Maria Madselva) em atuar sempre com auxílio de processos administrativos ou através da força policial, em questões que anteriormente eram tratadas pelas direções através simples diálogo, que é o que alguém com a função de dirigir qualquer local de trabalho domina. Em outras gestões, raras vezes em que sequer ouvi falar do afastamento de professores do colégio por “estarem contra políticas públicas”, ou a constante, mas constante mesmo, mudança de pessoas que trabalham juntamente com a direção, ou de professores que têm a dificuldade de tirar a licença (por direito) por não conseguirem professores que queiram lecionar no colégio estadual do Paraná ou mesmo em relação aos rojões que alunos soltavam, em outras gestões eram ao final do ano pelo final das aulas, mas mesmo assim os alunos responsáveis pelo ato, eram investigados pela direção auxiliar, pois havia muito diálogo entre direção e alunos, e com isso os infratores eram responsabilizados e os pais informados, bem como as autoridades responsáveis, sem sequer colocar policiais armados e com cachorros em corredores do colégio, assustando novamente os alunos e professores.

Questões que a atuação da gestora seriam resolvidas com um mínimo de diálogo, ou seja, competência para o cargo:
 Reivindicação de alunos, como no ano passado, pela falta de clareza da diretora, na explanação das atitudes pedagógicas tomadas em relação aos alunos, gerando a união da maioria deles na reivindicação da saída da diretora;
 Manter diálogo com o quadro de funcionários (professores, funcionários administrativos e auxiliares de educação), gerando constrangimento aos funcionários, que muitas vezes são pessoas humildes e realizam seu trabalho neste local há muito tempo, aumentando os conflitos com a própria direção;
 Falta de diálogo com o grêmio estudantil (que são alunos com interesses em auxiliar a direção na responsabilidade política e educacional dos discentes do colégio), e quando ocorrem reuniões entre o grêmio e direção, as reuniões sempre ocorrem com a presença da advogada, que permanece no colégio em apoio à direção, desde que começaram os processos contra professores, intimidando os alunos do grêmio.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Jornal Gazeta do Povo

Colunistas Terça-feira, 09/09/2008
Celso Nascimento

Juiz que beneficiou Maurício colocado sob suspeita

O juiz Adalberto Xisto Pereira foi quem garantiu a posse de Maurício Requião como conselheiro do Tribunal de Contas em 17 de julho. Dias depois, a esposa do mesmo juiz, a bacharel Rosane Pires Pereira, foi agraciada com um cargo no mesmo Tribunal de Contas. Após a nomeação da mulher, o juiz Xisto voltou a atuar no mesmo feito ao não acatar recurso contra a sua decisão.

A repetição por três vezes do adjetivo “mesmo” num só parágrafo não se deve à pobreza vocabular do escriba; apenas serve para amparar a seguinte notícia:

Na última sexta-feira, o juiz Xisto foi instado a declarar-se sob suspeição e, em conseqüência disso, solicitado a revogar sua segunda decisão, já que ele a deu após a esposa ter sido nomeada no TC.

A petição foi feita pelo escritório Cordeiro Neto Advogados, que representa Riccardo Bertotti. Bertotti – um dos seis candidatos que concorreram com Maurício Requião à vaga no TC – foi quem questionou a legalidade da participação de Maurício na disputa, sob dois fundamentos:

• por ser irmão do governador e depender de sua nomeação, estaria ferido o princípio constitucional da impessoalidade, o mesmo invocado pelo STF para proibir o nepotismo;

• porque, se empossado, o novo conselheiro estaria impedido por lei de julgar as contas estaduais e dos municípios onde o irmão tivesse tido mais de 1% dos votos (isto é, de todos).

Na instância inicial, o juiz Marcelo Teixeira, da 3ª Vara da Fazenda Pública, acatou liminarmente os argumentos, considerou nula a nomeação e mandou cancelar a posse. Maurício Requião impetrou recurso e, em poucas horas, no mesmo dia da cerimônia, obteve do juiz substituto Xisto Pereira, da 4ª Câmara Cível do TJ, a revogação da liminar.

Dias depois, a esposa de Xisto Pereira foi nomeada pelo presidente do TC, Nestor Baptista, Assistente Técnico símbolo DAS-4, conforme a portaria 261/08.

Nesse meio tempo, os advogados de Bertotti impetraram novo recurso na 4ª Câmara contra a decisão de Xisto Pereira. O recurso deveria ser relatado pelo desembargador titular, Salvatore Astutti, que voltara de férias. Estranhamente, contudo, Xisto – que atuara antes na condição de seu substituto – ignorou a presença do titular e, no dia 19 de agosto, negou o recurso. Seu voto foi acompanhado pelos dois outros desembargadores da Câmara, Regina Portes e Abraham Lincoln Calixto.

É esta decisão, a segunda, que Bertotti alega configurar a suspeição, já que foi proferida por um magistrado cuja esposa acabara de ser nomeada para cargo comissionado por uma das partes interessadas no seu resultado.

Espera-se para breve a defesa do juiz Xisto Pereira ou um pronunciamento do Tribunal de Justiça para evitar que os contornos do caso assumam definitivamente a nitidez de um escândalo.

O que diz o Código de Processo Civil sobre suspeição
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

IV – receber dádivas, antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio.